A chacina de cristãos e alauitas, em andamento na Síria, possui um espectro muito sinistro. A guerra civil que conflagrou a Síria a partir de 2011, começou dentro da chamada Primavera Árabe, resultado direto das políticas que o então presidente Barack Obama, seu vice-presidente Joe Biden, e a Secretária de Estado Hillary Clinton, implementaram. Eles apoiaram a Irmandade Muçulmana e o caos se instalou em diversos países do Oriente Médio e norte da África. Na época, Obama disse claramente que “Assad deveria sair.”
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A política pró islamista, que foi revertida durante o primeiro governo Trump, voltou com força durante o governo Biden, que muitos chamam de “terceiro governo Obama”. A mesma equipe que serviu sob Obama voltou ao governo com a mesma intenção, a de coordenar com os grupos jihadista associados a Al-Qaeda e ao Estado Islâmico, em um esforço para finalmente derrubar o regime sírio, enquanto alegavam que apoiavam apenas a ‘oposição moderada’.
O que passa desapercebido de muitos é que durante a administração do presidente Obama, ao travar uma guerra secreta multibilionária em apoio à insurgência contra o presidente sírio Bashar al-Assad, altos funcionários do governo Obama, que voltaram a servir sob Biden, puseram em prática uma política de armar e fortalecer grupos terroristas, o que atraiu combatentes jihadistas de todo o mundo. Esta campanha de mudança de regime ajudou a Al-Qaeda, um inimigo jurado dos EUA, a estabelecer o refúgio seguro na província síria de Idlib, que ele ainda controla hoje. Na época, o então diretor de planejamento de políticas, Jake Sullivan, escreveu à sua chefe, a então Secretária de Estado Hillary Clinton, que a Al Qaeda “está do nosso lado na Síria.” Jake Sullivan foi o Conselheiro de Segurança Nacional do presidente Biden.
Hoje, existe um governo islamista na Síria, liderado por militantes da Al-Qaeda e do Estado Islâmico. Claro que a matança de cristãos e alauitas iria acontecer … e continuar.
Vilarejos inteiros foram invadidos. Igrejas foram queimadas. Cristãos caçados e massacrados a sangue frio. Homens, mulheres, crianças, massacrados simplesmente por serem quem são e no que acreditam.
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Um outro parâmetro importante nesta equação é a Turquia, que promete fornecer pessoal para academias militares e centros de treinamento sírios. A Turquia teve um papel importante na conquista jihadista e, claro, não deseja perder a oportunidade de reforçar sua influência sobre uma antiga província otomana. A Turquia trabalha com mesquitas e centros culturais turcos na Europa com imãs sunitas nacionalistas turcos radicais. Esta é uma maneira pela qual Erdogan mantém a população turca na Europa radicalizada e agindo como sua quinta coluna. Erdogan pretende fazer o mesmo na Síria.
Todos os membros do governo provisório da Síria têm cidadania turca.
A Síria corre o risco de se dividir. O interessante é que o ex-líder líbio Gaddafi previu a divisão da Síria e do Líbano em 2004. Ele disse que a Síria seria dividida em cinco partes e, eventualmente, a Síria e o Líbano desapareceriam. Segundo ele, e Israel e a Turquia compartilhariam uma fronteira. Gaddafi disse que sabia disso porque as pessoas em Israel estavam escrevendo sobre isso.
Sua previsão pode se concretizar.
Israel acaba de declarar que as Colinas de Golã estão abertas para assentamentos judaicos. Eles também estão deixando claro que pretendem ocupar novas seções do Líbano e da Síria permanentemente como uma “zona tampão” e para proteger o povo druso. Um número estimado de 600 mil drusos vive a leste e ao sul de Damasco. Enquanto isso, a Turquia está operando seu próprio mini estado no noroeste da Síria enquanto lidera a conquista do nordeste da Síria. Some-se a isso os 3 milhões de alauitas que estão determinados a manter sua fortaleza de Latáquia e a resistir aos jihadistas sunitas. No nordeste da Síria, e fronteiriço ao Iraque, encontram-se quase quatro milhões de curdos, controlando quase 30% do território sírio. Eles têm uma milícia bem treinada e bem equipada, a peshmerga, graças em grande parte à sua aliança com as forças americanas no combate ao ISIS no leste da Síria. Além disso, os Estados Unidos dizem que não estão deixando o leste da Síria e parecem ter enviado tropas para uma variedade de novas áreas. E, finalmente, os 300 mil cristãos que ainda não foram mortos ou expulsos, ortodoxos gregos, melquitas e ortodoxos, e católicos assírios, que temem os jihadistas agora no poder e apoiariam qualquer grupo ou facção que se opusesse aos novos governantes em Damasco.
Enquanto isso, o ex-comandante da Al-Qaeda e autoproclamado presidente, Abu Mohammad al-Joulani (nome verdadeiro: Ahmed Hussein al-Sharaa), tenta ser reconhecido pela União Europeia, sem contudo, deixar de mostrar a que ideologia ele adere. Recentemente, ele se recusou a apertar a mão da ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, sendo que a imagem de Annalena foi borrada nos documentos oficiais sírios.

E Mohammed al-Bashir, o primeiro-ministro interino da Síria, possui graduação em Engenharia Elétrica e em … lei islâmica Sharia.
Referência externa importante: ‘Al Qaeda Is on Our Side’: How Obama/Biden Team Empowered Terrorist Networks in Syria.
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