Em artigos anteriores, tratamos de diversas vezes nas quais os textos fundacionais do islamismo, Alcorão e hadices, plagiaram de histórias populares entre judeus e cristãos, bem como da própria Bíblia, na maior cara de pau! Os artigos são:
– Vale das Formigas: de lenda judaica a milagre do Alcorão,
– Adormecidos de Éfeso: Alcorão plagiou história que existia antes dele ser escrito,
– Maomé plagiou o Pai Nosso na maior cara de pau,
– Maomé plagiou Mateus 25 na maior cara de pau (tive fome e destes-me de comer),
– e a incompleta história do rei David.
Agora, iremos tratar de mais um plágio do Alcorão, desta vez da história da palmeira que se curva à Maria atendendo ao comando do bebê Jesus, como narrado no evangelho apócrifa de pseudo-Mateus, capítulo 20, datado do século IV ou V por diversas fontes (Apocrypha, Catholic Encyclopedia; A Handbook of Patrology; The Twelve Patriarchs; Muhammadanism.org; Muhammad the Borrower), ou seja, antecede o Alcorão por pelo menos 300 anos.
A narrativa corânica está no Alcorão 19: 22-26.
Vejamos o que diz o evangelho apócrifa de pseudo-Mateus:
E aconteceu no terceiro dia de sua jornada, enquanto caminhavam, que a bem-aventurada Maria estava cansada pelo calor excessivo do sol no deserto; e vendo uma palmeira, disse a José: Deixe-me descansar um pouco à sombra desta árvore. José, portanto, apressou-se e levou-a até a palmeira, e a fez descer de sua besta. E quando a bem-aventurada Maria estava sentada lá, ela olhou para a folhagem da palmeira e a viu cheia de frutos, e disse a José: Eu gostaria que fosse possível obter alguns frutos desta palmeira. E José disse-lhe: Admiro-me que digas isto, quando vês quão alta é a palmeira; e que pensas em comer do seu fruto. Estou pensando mais na falta de água, porque os odres agora estão vazios e não temos com que refrescar a nós mesmos e ao nosso gado. Então o menino Jesus, com um semblante alegre, repousando no seio de sua mãe, disse à palmeira: Ó árvore, dobra os teus ramos e alimenta minha mãe com o teu fruto. E imediatamente com essas palavras a palmeira dobrou sua ponta até os pés da bem-aventurada Maria; e colheram dela frutos, com os quais todos se refrescaram. E depois de terem colhido todos os seus frutos, ela permaneceu curvada, esperando a ordem de se levantar daquele que havia ordenado que ela se abaixasse. Então Jesus lhe disse: Levanta-te, ó palmeira, e sê forte, e sê companheira das minhas árvores, que estão no paraíso de meu Pai; e abre de tuas raízes um veio de água que foi escondido na terra, e deixa as águas correrem, para que possamos nos satisfazer de ti. E levantou-se imediatamente, e de sua raiz começou a brotar uma fonte de água extremamente clara, fresca e cintilante. E quando eles viram a nascente de água, regozijaram-se com grande alegria e ficaram satisfeitos, eles e todo o seu gado e seus animais. Portanto, eles deram graças a Deus.
Evangelho apócrifa de pseudo-Mateus, capítulo 20
Agora, vejamos o que diz o Alcorão:
Então ela o concebeu; e retirou-se com ele para um lugar remoto. E as dores do parto a levaram ao tronco de uma palmeira. Ela disse: Oh, se eu tivesse morrido antes disso, e tivesse sido uma coisa completamente esquecida! Então uma voz veio a ela de baixo dela: Não se aflija, certamente teu Senhor providenciou um riacho abaixo de ti. E agite em sua direção o tronco da palmeira, cairá sobre você tâmaras frescas e maduras. Então coma e beba e esfrie os olhos. Então, se vires algum mortal, diz: Certamente fiz um voto de jejum ao Beneficente, por isso não falarei com ninguém hoje.
Alcorão 19: 22-26
O paralelo entre o Alcorão e o Evangelho de Pseudo-Mateus sugere uma fonte não divina para o Alcorão. Além do mais, a narrativa corânica na qual Jesus ainda estava no útero durante a fuga para o Egito, está claramente em desacordo com os evangelhos canônicos, que dizem claramente que Jesus nasceu em Belém, e a fuga para o Egito ocorreu somente após seu nascimento.
E, para finalizar, Suleiman Mourad, discutindo Maria no Alcorão (*), especula sobre a possibilidade da narrativa corânica ter sido inspirada na mitologia grega, quando uma mulher (Leto) procura refúgio sob uma palmeira e dá à luz uma criança sagrada (Apolo).
(*)“Mary in the Qur’an″, in The Qur’ān in Its Historical Context, Ed. Gabriel Said Reynolds, p.169, New York: Routledge, 2007
Em qualquer caso, isso demonstra mais uma vez que quem escreveu o Alcorão se fez valer de histórias populares que já existiam no Oriente Médio.

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