É claro que a retomada do Afeganistão pelo Talibã é uma enorme vergonha geopolítica para os Estados Unidos, mas eu não pretendo analisar isso aqui, pois existem diversos analistas de geopolítica tratando do assunto. Além disso, a situação é fluida e, com certeza, iremos presenciar as suas consequências por vários anos (ou décadas). Quero, porém, tratar quatro assuntos que estão mais diretamente relacionados ao tema deste blog. Estes assuntos estão relacionados a ampliação da crise migratória (que é majoritariamente direcionada aos países do eixo Europa Ocidental-EUA-Canadá-Austrália), o simbolismo que o ressurgimento do Talibã tem para o islamismo, o esforço da grande imprensa globalista em tentar vender uma imagem recauchutada do Talibã, e, finalmente, o que a aventura militar dos EUA nos ensina com respeito a como enfrentar o islamismo. Iremos tratar estes assuntos em quatro artigos, em série. Então, vamos ao primeiro deles.
A Crise Migratória ganha fôlego
Como alguém pode explicar este saída desastrosa dos militares americanos do Afeganistão? Os EUA são a maior potência militar do mundo. O orçamento dos serviços de inteligência dos EUA é superior ao orçamento militar do Reino Unido! Os EUA estavam instalados no Afeganistão há 20 anos. Teriam eles sido pegos de surpresa como as maiores autoridades civis e militares afirmam? Por que os militares americanos saíram do Afeganistão na calada da noite, sem avisar os militares afegãos, abandonando material bélico no valor de 80 bilhões de dólares? Foi pura incompetência ou algo planejado? Teoria conspiratória ou fato?
Sabe-se hoje que o presidente Biden conversou por telefone com o presidente do Afeganistão dois meses antes dos militares americanos fugirem do Afeganistão na calada da noite. Nesta conversa, Biden pediu ao presidente afegão que mentisse por ele. Por quê?
O fato é que assim como aconteceu durante a presidência do Obama de 2008 a 2015 (da qual Biden era vice-presidente), os EUA incentivaram o caos em países relativamente estáveis. Na época do Obama, foram Egito, Síria, Líbia e Iêmen. Agora, o Afeganistão. E qual a consequência? A criação de uma crise migratória.
A Europa já estava sob sítio fazia tempo. A imigração, seja legal ou não, já era um problema antes do Obama. Com Obama, ocorreu um verdadeiro estouro da boiada, afetando principalmente não apenas a Europa, como o próprio EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Desde então, a imigração em massa não parou. Pelo contrário, nos primeiros sete meses de 2021, as travessias ilegais para a Europa atingiram mais de 82.000, 59% mais do que o total do ano anterior. A maioria dos imigrantes ilegais que inundam a Europa são muçulmanos não vacinados da Tunísia, Bangladesh e Egito. Argélia, Síria, Afeganistão, Turquia e países ao sul do Saara. Essa verdadeira de invasão muçulmana está de acordo com a chamada imigração de substituição, defendida pela ONU, na qual elites da União Europeia, junto com as Nações Unidas, estão usando a imigração em massa para substituir a população europeia. Os imigrantes ilegais estão ajudando a esquerda em sua luta para diluir as culturas hospedeiras, garantir mais votos e consolidar seu poder.
(Existe até quem diga que a política migratória do eixo Europa Ocidental, EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia satisfaz o Plano Kalergi)
Tal como antes, são os países ocidentais que abrem as suas portas para refugiados afegãos. Países como a França, Espanha, Alemanha e Itália já estão recebendo refugiados. Qualquer pessoa que alegue ser do Afeganistão terá permissão para entrar no Reino Unido, mesmo sem passaporte. O Canadá promete acolher 20 mil. Contudo, outros se recusam, como a Áustria, a Rússia (Putin disse não querer ativistas disfarçados de refugiados), e a Grécia, que terminou um muro separando-a da Turquia.
E tem gente no Brasil que quer entrar na festa. O Senador Aécio Neves quer o Brasil abrigue afegãos. Agora, me diga, o que nós no Brasil temos com isso? Nós não invadimos o Afeganistão. Além do mais, estamos acolhendo dezenas de milhares de venezuelanos que fogem do “paraíso da Venezuela.” Por que um político influente (apesar de tudo) está fazendo lobby para isso?
Mas, e os países muçulmanos?
Ah, sim, os países muçulmanos não querem refugiados afegãos. A Turquia está construindo um muro de 295 km na fronteira com o Irã com o intuito de impedir a entrada de afegãos. Os ricos países do Golfo se mantém fechados. E os países fronteiriços, Irã, Paquistão, Uzbequistão, Turcomenistão e Tadjiquistão, já afirmaram que estão fechando ou controlando fortemente suas fronteiras.
Agora, voltemos aos Estados Unidos?
A aparentemente atabalhoada evacuação americana do Afeganistão levantou muitas dúvidas sobre a verdadeira prioridade do governo americano: cidadãos americanos ou afegãos? Essa dúvida advém do fato de que um total de 124 mil afegãos foram levados para os EUA contra apenas pouco mais de 5 mil americanos. Mas quem são estes afegãos? De início, o governo dos EUA disse que eles eram tradutores que trabalharam para os americanos e aliados da OTAN. Mas, 124 mil tradutores? É tradutor demais, não é mesmo? Agora, o governo americano admite que poucos deles estavam na lista de prioridades daqueles que ajudaram os EUA e aliados. Ou seja, o governo não sabe quem são a maioria dessas pessoas. Existem relatos de que homens afegãos mais velhos foram admitidos junto com meninas que eles alegaram serem suas “noivas.” Outros relatam que centenas de afegãos evacuados do Afeganistão fazem parte das listas de vigilância do terrorismo. Um especialista do ABC National News afirmou que não se sabe quantos membros de grupos terroristas afegãos foram igualmente levados para os EUA.
O que acontecerá com as dezenas de milhares de afegãos que se valeram da balbúrdia no aeroporto de Cabul? É claro que eles não serão mandados de volta para o Afeganistão, mas sim distribuídos pelo território americano.
O governo Biden não pede desculpas de seus erros. Ao contrário, está afirmando que milhares de afegãos ficaram para trás para preparar o terreno para trazer número ilimitado de afegãos para EUA, na certeza de que os atuais “refugiados” afegãos irão votar esmagadoramente no Partido Democrata como sinal de gratidão.
Vale lembrar que milhares de terroristas internacionais foram libertados da antiga prisão militar dos EUA, notório centro de detenção de Parwan, na Base da Força Aérea de Bagram, agora administrado pelo Talibã. Existiam cerca de 6.000 presos, jihadistas internacionais, quando os Estados Unidos abandonaram a base no mês passado. Quantos deles já estão nos EUA ou na Europa, após “pegar carona” na operação de resgate aéreo?
E, veja bem. Prevê-se que o fluxo de afegãos irá aumentar como consequência de guerra civil e aumento do terrorismo. E quem irá acolher as centenas de milhares ou mesmo milhões, de afegãos? Os países muçulmanos fronteiriços? Não. Os países ocidentais.
Um autor americano escreveu um artigo intitulado Por que os países muçulmanos não estão aceitando os refugiados afegãos?. Neste artigo, ele fez uma indagação interessante: “Como americanos ou ocidentais, não é hora de reconhecer que os muçulmanos oprimidos realmente precisam que outros muçulmanos venham resgatá-los, em vez de colocar o fardo sobre os infiéis?”
No mesmo artigo, ele indaga: “Por que esses muçulmanos são enviados a milhares de quilômetros para o coração da antiga cristandade?”
Como acontece com todas as perguntas, esta tem uma resposta – pelo menos algumas delas, na verdade.
Em primeiro lugar, por que as nações muçulmanas deveriam incorrer nos custos, monetários e sociais, de absorver refugiados, quando existem países ocidentais otários prontos para fazer isso por eles?
A segunda razão está relacionada ao motivo pelo qual a pergunta dificilmente é feita, quanto mais respondida: os migrantes estabelecidos em países muçulmanos não podem se naturalizar nos Estados Unidos e votar nos candidatos do Partido Democrata. E os esquerdistas não vão pressionar as terras islâmicas para conquistar seus futuros eleitores.
A terceira razão diz respeito a algo revelado pelo autoproclamado devoto muçulmano Dr. Mudar Zahran, um líder da coalizão de oposição jordaniana que vive como asilado na Grã-Bretanha. “Tenho que ser honesto”, disse ele, discutindo a onda de migração muçulmana na Europa em uma entrevista de 2015, “você lê revistas e jornais árabes [e] eles estão falando: ‘Bom trabalho! Agora vamos conquistar a Europa. ‘ Então nem é segredo.”
Esse fenômeno, “jihad demográfica”, também foi mencionado por outros. O cardeal Bechara Boutros al-Rahi, o patriarca maronita de Antioquia, disse em 2015: “Tenho ouvido muitas vezes dos muçulmanos que seu objetivo é conquistar a Europa com duas armas: sua fé e sua taxa de natalidade.” Ainda mais contundente foi o bispo húngaro Laszlo Kiss-Rigo, que disse em 2015 que os migrantes “não são refugiados”. Ele continuou: “Esta é uma invasão. Eles vêm aqui com gritos de ‘Allahu Akbar.’ Eles querem assumir.”
Além disso, devemos lembrar que os afegãos podem ser os menos assimiláveis de todos os imigrantes. O Afeganistão é uma sociedade tribal repleta de violência, onde as disputas costumam ser resolvidas por meio de rixas de sangue. A chamada Bacha Bazi (“brincadeira de menino”), nada mais do que pedofilia e pederastia ritualizada, é comum, e as vítimas podem crescer para se tornarem vitimizadores com cicatrizes psicológicas. As filhas podem não ter educação ou assistência médica e podem ser vendidas para saldar dívidas – ou mesmo executadas por seus próprios parentes por pequenas infrações contra a tribo – enquanto os filhos podem ser incentivados a cometer ataques suicidas.
A imigração também é um jogo de números.
Imagine o (raro) muçulmano que planejou imigrar para o Ocidente muitas décadas atrás. Ele tinha que ser um tipo diferente de muçulmano, alguém que entendia que estava entrando em uma cultura cristã que não atendia aos seus desejos. Ele e seus correligionários seriam tão poucos e distantes entre si que não haveria perspectiva de alimentos halal, de financiamento islâmico sem juros ou de escolas muçulmanas para seus filhos. Então ele seria forçado a assimilar por ter que trabalhar dentro das instituições estabelecidas da nação anfitriã.
Mas, na atualidade, o número de imigrantes muçulmanos é tão grande, que eles formam seus próprios enclaves e suas possuem suas próprias instituições; essa realidade não apenas torna a jornada para o oeste mais convidativa para os muçulmanos zelosos, mas também permite que eles reforcem as crenças uns dos outros.
E quais são essas crenças? Lembre-se da pesquisa do Pew Research Center de 2013 descobriu que 99% dos afegãos querem a (lei islâmica) Sharia como a lei oficial do país, que 61% afirmam que ela deve ser aplicada também aos não-muçulmanos, que 79% acreditam que deixar o Islã justifica a pena de morte, e que 40% dizem que os atentados suicidas são justificados “para defender o Islã contra seus inimigos”.
E por que eles não diriam isso? Setenta e três por cento dos afegãos acreditam que a Sharia é a palavra revelada do deus Alá, e, por conseguinte, a palavra final a ser acatada sem discussão ou questionamentos.
Assimile isso, você.
\Afeganistao-Crise-Migratoria-2.0-2021