Como de costume, o silêncio do “islamismo moderado” é ensurdecedor.
A invasão do Afeganistão pelos EUA, com apoio da OTAN, em 2001, ocorreu por um motivo que pode ser considerado justo. A Al-Qaeda, com base no Afeganistão, havia assumido os atentados contra as torres gêmeas de Nova York. De modo que o objetivo era o de destruir as bases de operação da Al Qaeda, impedindo-a de operar. Para tal, era preciso substituir o governo do Talibã por um “governo amigo”, que impedisse que terroristas islâmicos continuassem usando o Afeganistão como base de ação e campo de treinamento. Isso deu certo por 20 anos.
Eis que surge o presidente Biden, que resolveu abandonar o Afeganistão de um modo inimaginavelmente atrapalhado, entregando o país de volta para o Talibã, e, no processo, deixando equipamento militar sofisticadíssimo, com um valor estimado de 80 bilhões de dólares!
Veja bem, o Talibã estava controlado e a presença da Al-Qaeda e do Estado Islâmico no Afeganistão era praticamente inexistente. De repente, o Talibã está de volta ao poder, controlando todas as províncias afegãs. Aos olhos muçulmanos, isso foi um milagre de Alá.
Com o Talibã, volta a aplicação correta da lei islâmica Sharia, seguindo os ensinamentos de Maomé nos mínimos detalhes.
Em vídeo para a CNN, um líder talibã disse:
“Acreditamos que um dia venceremos e que a Sharia (lei islâmica) será imposta não apenas no Afeganistão, mas sim em todo o mundo! Não temos pressa. Acreditamos que esse dia chegará. A Jihad só terminará no Último Dia!”
(vídeo no Rumble, Bitchute, YouTube e Odysee)
A Al-Qaeda, que rapidamente se reinstala no Emirado Islâmico do Afeganistão, não apenas congratula a “nação islâmica” (ummah), como conclama os jihadistas e mujahidin (guerreiros sagrados) a usarem o Afeganistão como ponta de lança para atacarem a Índia e libertarem a Caxemira de uma suposta ocupação por parte dos politeístas hindus.
A liderança da Al-Qaeda lembrou que Mulá Omar desafiou os Estados Unidos ao se recusar a entregar Osama bin Laden em 2001. “Com firme confiança na promessa de vitória de Alá, [Omar] fez sua famosa declaração, cujo eco pode ser ouvido hoje, em voz alta e claro, em todo o Afeganistão, na verdade em todo o mundo islâmico.”
No Paquistão, muitos celebram a tomada de controle do Talibã como uma vitória do Islã. Lembre-se que o Talibã é uma cria do Serviço de Informações do Paquistão. De fato, o retorno do Talibã serve como energia para as dezenas de grupos jihadistas, na região e ao redor do mundo, que vêm nisso uma vitória contra os infiéis, notadamente sobre os mais poderosos (EUA).
A declaração da Al-Qaeda e as notícias oriundas do Paquistão, representam bem o sentimento dos diversos grupos jihadistas e mesmo de uma agência de governo do Paquistão. Mas existem várias outras manifestações celebratórias vindas de grupos e indivíduos.
O Hamas, grupo jihadista que controla a Faixa de Gaza, parabenizou o Talibã pela tomada de Cabul. Nos EUA, um imame do Colorado acha que é ótimo o Talibã obrigar as mulheres a usarem hijab. Karim AbuZaid, publicou vídeo em seu canal no YouTube saudando a vitória do Talibã e elogiando sua imposição da lei islâmica. No vídeo, AbuZaid zomba da ideia de que exista algo de errado em forçar as mulheres a cobrir suas cabeças (e o resto do corpo). Na França, um professor de Nancy foi suspenso por seu apoio público ao Talibã. Ele, porém, não foi o único professor na França a expressar sua satisfação com o retorno do Talibã. No Reino Unido, um advogado que representou uma muçulmana inglesa que se juntou ao Estado Islâmico para ser esposa de jihadista celebrou na mídia social dizendo que “os meninos estão de volta à cidade.” Na Turquia, o presidente turco Recep Erdogan revoltou os secularistas ao afirmar que “a Turquia não tem nada contra as crenças do Talibã.” No Catar, os membros da União Internacional de Estudiosos Muçulmanos declarou que “os talibã são paradigmas da jihad firme; nós não os tememos, mas tememos por eles.”
Diversos artigos na imprensa árabe, especialmente na imprensa saudita e dos Emirados, afirmaram que o Talibã compartilha muitas semelhanças com outras organizações extremistas no mundo árabe e muçulmano, incluindo Al-Qaeda, o Estado Islâmico, a Irmandade Muçulmana (IM), Hamas e Hezbullah. Os artigos afirmam que a ideologia da IM, moldada por seu ideólogo Sayyid Qutb e seu fundador Hassan Al-Banna, que envolve acusações de heresia dirigidas contra todos os muçulmanos que não são membros da IM, deu origem às ideologias de outras organizações islâmicas extremistas que surgiram em períodos posteriores. Isso inclui a Al-Qaeda, cujos líderes Osama Bin Laden e Ayman Al-Zawahiri foram influenciados pelos escritos de Sayyid Qutb.
Os artigos afirmam que, portanto, não é surpreendente que ramos da IM em vários países se apressaram em parabenizar o Talibã quando recentemente subiu ao poder no Afeganistão, apesar da hostilidade histórica que prevalece entre o Talibã e a IM afegã. Os artigos acrescentam que todas essas organizações são semelhantes não apenas em sua ideologia, mas em seu modo de operação: pretendem ser devotas e exploram a religião para aumentar sua popularidade, brandem slogans falsos para criar uma imagem positiva aos olhos dos mundo, mas depois de chegar ao poder, elas adotam políticas diametralmente opostas a esses slogans e promovem apenas seus próprios objetivos. E, na TV egípcia, o apresentador Ibrahim Eissa disse que o Talibã é a essência e o ponto culminante de todas as ideias islâmicas. Ele complementou que a Irmandade Muçulmana implementaria, no Egito, a mesma versão do Islã que o Talibã faz no Afeganistão.
O islamismo promovido pelo Talibã, e por outras organizações islâmicas, como a Irmandade Muçulmana, é o islamismo como praticado por Maomé.
\Afeganistao-Muslos-veem-retorno-Taliba-como-vitoria-islao-sobre-infieis-2021