Artigo de Hasan Suroor, publicado no Telegraph India, em 11.09.2019, discorre sobre o fato inegável, e que muçulmanos e apologistas tentam esconder a todo o custo: mais e mais muçulmanos deixam o Islã. Trechos do artigo são apresentados abaixo.
O Islã está enfrentando uma onda de deserção por jovens muçulmanos que sofrem de uma crise de fé. A história que ouvimos normalmente é de um Islã crescendo em força, e como, apesar de toda a fobia que existe ao seu redor, continua sendo a religião que mais cresce com 1,6 bilhão de seguidores em todo o mundo e adquirindo novos convertidos quase diariamente. O que não ouvimos é que o Islã também está sendo abandonado por muçulmanos moderados, principalmente homens e mulheres jovens, pouco à vontade com o crescente extremismo em suas comunidades.
As fileiras de ex-muçulmanos crescem. “Como o número de muçulmanos americanos aumentou quase 50% na década passada, também aumentou o número de ex-muçulmanos”, disse a revista The Economist. Segundo a reportagem, citando uma pesquisa do Pew Research Center, 23% dos americanos criados como muçulmanos não se identificam mais com a fé. A maioria é de jovens imigrantes de segunda geração, mas também existem muçulmanos mais velhos ‘casados com cônjuges muçulmanos devotos e levando crianças à mesquita para estudarem o Alcorão, nos fins de semana, como um subterfúgio para encobrir sua apostasia’.
Até países profundamente conservadores, com rígidos regimes anti-apostasia como Paquistão, Irã e Sudão, foram atingidos por deserções. Os sauditas ficaram surpresos quando o jornal americano The New Republic revelou a escala da conversão muçulmana ao ateísmo em seu país e mais amplamente no mundo muçulmano. Os números são impressionantes, alcançando centenas a milhares em alguns países. O jornal citou uma pesquisa da WIN / Gallup International de 2012 que constatou que 5% dos cidadãos sauditas – mais de um milhão de pessoas – se identificam como ‘ateus convencidos.’
Alega-se que o livro God Delusion, do ateu-cientista Richard Dawkin, é o livro mais baixado no Oriente Médio, particularmente na Arábia Saudita. Agora está sendo traduzido para o árabe e há planos de oferecê-lo gratuitamente aos leitores árabes. Acesso mais fácil aos escritos de Ayaan Hirsi Ali, Richard Dawkins ou Christopher Hitchens disponíveis on line, também são mencionados.
A tendência está aumentando, apesar do fato de que em muitos países islâmicos a apostasia é punível com a morte.
A maioria dos países islâmicos se opõe à declaração universal dos direitos humanos e se recusam a assiná-la porque ela prevê a ‘liberdade de mudar de religião ou crença’.
A figura exata dos ex-muçulmanos pode até ser maior, pois a maioria permanece nas sombras para evitar a detecção. Aqueles que ‘saíram’ dizem que vivem com medo permanente por suas próprias vidas e pela segurança de suas famílias.
Os motivos são os mais diversos.
Uma campanha do Twitter na Grã-Bretanha em 2015, fez com que milhares de ex-muçulmanos de todo o mundo compartilhassem as razões que os levaram a abandonar sua fé. Elas variavam entre intolerância e status inferior das mulheres à ausência de liberdade de pensamento e à idéia da imutabilidade de uma doutrina do século VII. Um deles escreveu “Por que misoginia, homofobia, apedrejar pessoas até a morte e matar apóstatas tornam-se coisas “respeitáveis” quando colocadas em um livro sagrado?”
O artigo do The Economist menciona ser uma reação a certos versos do Alcorão ou ao Hadice – as palavras do profeta islâmico Maomé. Muitas vezes, os versículos que desencadeiam isso são controversos, sobre escravidão ou gênero, e que membros da família e imãs não conseguem explicar satisfatoriamente.
Brian Whitaker, um conhecido correspondente do Oriente Médio e autor de Arabs Without God, desmascara a explicação de que o fenômeno é uma reação aos atos violentos praticados em nome do Islã. Segundo ele, enquanto pesquisava para o seu livro … “gastei muito tempo tentando descobrir por que alguns árabes se voltam para o ateísmo e nenhum dos quais falei mencionou o terrorismo ou o jihadismo como um fator importante.”
Benchemsi em seu artigo Invisible Ateists, do New Republic, mencionado anteriormente, disse: “Para a grande maioria dos ateus árabes, o caminho para a descrença começa … com dúvidas pessoais. Eles começam a questionar as ilogicalidades encontradas nos textos sagrados. Por que os não-muçulmanos estão destinados ao inferno, mesmo sendo muitos deles pessoas legais e decentes? Como Deus conhece o futuro e controla tudo, por que ele colocaria algumas pessoas no caminho errado e as puniria como se não tivesse nada a ver com as escolhas deles? Por que o vinho é proibido, mas aos muçulmanos virtuosos são prometidos rios dele no céu?”
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