Este artigo contém o documentário The Sacred City, A Cidade Sagrada, com legendas em português. O artigo contém o vídeo e o texto do vídeo em português. O documentário apresenta evidências de que os eventos relacionados à vida de Maomé ocorreram em Petra, atualmente na Jordânia, e não em Meca, localizada na região do Hijaz, na atual Arábia Saudita.
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Introdução
A Cidade Sagrada apresenta evidências convincentes que sugerem que a cidade sagrada de Meca está no local errado e que 1,6 bilhão de muçulmanos no mundo estão orando na direção da cidade errada. A compilação de evidências de fontes históricas e novas tecnologias apontam para a localização correta neste novo filme revelador e sísmico.
Neste documentário surpreendente e original, o escritor e historiador Dan Gibson mostra que as descrições da cidade sagrada original de Maomé – conforme detalhado no Alcorão e nas histórias islâmicas, não correspondem às da Meca que conhecemos hoje. Se for verdade, isso pode abalar o Islã até as raízes, porque todo muçulmano deve orar em direção ao ‘local de reunião proibido’. Se Dan Gibson estiver certo, os muçulmanos estão orando na direção errada.
No filme ‘A Cidade Sagrada’, mostramos evidências de histórias islâmicas e antigas – ao mesmo tempo que usamos tecnologias modernas – para rastrear o maior segredo dos últimos 1.500 anos. Gibson não apenas encontra a localização da Meca original, mas também fornece um argumento convincente de como tal grande mal-entendido na história islâmica aconteceu.
Embora claramente controversa, A Cidade Sagrada respeita o profeta do Islã e não contesta os eventos do Alcorão; mas mostra como uma tentativa deliberada foi feita para esconder do Islã, segredos que afetam todos os muçulmanos hoje. A evidência é convincente e fascinante.
Em uma época em que a agenda mundial está sendo definida pelo Islã, é mais importante do que nunca que as origens e a história dessa religião mundial sejam examinadas novamente. Este é um documentário importante com apelo mundial para o público religioso e secular.
Lindamente filmado nas ruínas e desertos do Oriente Médio, o filme é uma história de detetive que investiga o alvorecer do Islã e se tornará o filme mais comentado nos próximos anos.
Texto em português
A Cidade Sagrada: Descobrindo o verdadeiro local de nascimento do islamismo
– [Narrador] Cinco vezes por dia, todos os dias, mais de um bilhão de muçulmanos curvam-se e recitam uma oração a Alá dada a eles por Maomé, seu profeta. Todos os dias, cinco vezes por dia, eles se viram para uma pedra negra na Cidade Sagrada de Meca, e se submetem, de novo, para a religião do Islã. Todos os dias eles se curvam como um grupo corporativo, em todo o mundo, para expressar sua solidariedade como seguidores do Islã, para quem Maomé é seu profeta, o Alcorão é a sua escritura, e Meca é sua cidade sagrada.
– [Narrador] No entanto, como descobertas arqueológicas estão começando a apontar para uma história diferente, estudiosos estão seriamente examinando e desafiando os fatos sobre a fundação do Islã. E se eles estiverem certos, como isso afetaria os muçulmanos hoje? Temos ferramentas à nossa disposição que nunca estiveram disponíveis antes.
– [Narrador] A tecnologia moderna permite-nos reconstruir os primeiros anos do Islã e compreender as coisas que intrigam os historiadores há anos. Em todo o mundo, universidades, museus e bibliotecas estão colocando livros e escritos antigos na Internet para os acadêmicos acessarem. Agora podemos verificar esses manuscritos antigos com apenas alguns cliques do mouse. Hoje, acadêmicos e amadores podem com precisão verificar, via satélite, localizações e detalhes que, anteriormente, demandariam uma despesa enorme e grande esforço, podendo compartilhá-los instantaneamente ao redor do mundo via mídia social e fóruns acadêmicos.
– [Narrador] Então, agora, pela primeira vez, uma nova era de pesquisa em torno da fundação do Islã está vindo à luz, e nós podemos juntar as peças do que realmente aconteceu na Arábia, há 1.500 anos.
– [Narrador] Escritor e historiador Dan Gibson viveu a maior parte da sua vida no Oriente Médio. Ele pesquisou extensivamente os povos e lugares do mundo antigo antes do Islã.
– [Dan Gibson] Eu vim para a Arábia pela primeira vez quando eu tinha 20 anos, e eu gastei mais de 30 anos explorando cada canto dessa parte incrível do mundo, juntando evidências para uma nova teoria radical que eu acredito vai mudar nossa compreensão do passado.
– [Dan Gibson] Anos de estudo me levaram à conclusão que o Islã começou em outro lugar, e não onde as histórias convencionais supõem, e que nos primeiros escritos islâmicos, há pistas e referências que revelam a verdade escondida sobre o mistério de Meca.
– [Dan Gibson] Em 2002, tive a oportunidade de participar de uma conferência em Estudos Nabateus organizados pela Universidade Al-Hussein Bin-Talal. Durante a conferência, tive oportunidade de conversar com os principais arqueólogos da Arábia Saudita e da Jordânia. Eu perguntei a eles especificamente sobre o registro arqueológico em Meca. Embora sem desejar serem mencionados ou citados, eles admitiram que não existem registros arqueológicos em Meca antes do ano 800 DC. Eu esperava que eles defendessem a opinião de que Meca era uma cidade murada com casas e jardins e edifícios públicos e templos. Eles disseram: “Não, não havia nada disso lá.”
– [Dan Gibson] Você sabia que o nome Meca é mencionado apenas uma vez em todo o Alcorão? Estudiosos muçulmanos associam outros nomes com Meca; nomes como o Lugar de Reunião Proibido, ou a Santa Casa ou o lugar de Beca ou choro. Todos esses termos são, hoje, universalmente associados com Meca. No entanto, o Alcorão em si, não nos diz que esses termos se referem a Meca.
– [Dan Gibson] Estudiosos muçulmanos não veem razão para debater isso, mas nos últimos anos alguns historiadores levantaram questões. Eles notaram que Meca era um lugar estéril, e não era localizado na antiga rota de caravanas. As pessoas imaginam que as caravanas carregavam incenso, especiarias e outros produtos exóticos, mas, de acordo com pesquisa recente, na época de Maomé, a era do olíbano já tinha terminado, e os árabes estavam envolvidos em um comércio de couro e roupas; itens que dificilmente poderiam ter sustentado uma grande cidade, que foi descrita como a mãe de todas as cidades e o centro da rota comercial.
– [Dan Gibson] Olhe para este mapa. Onde todas as rotas comerciais se cruzam? Existem três lugares no norte da Arabia que podem ser descritos como centro da rota comercial. O que é interessante é que Meca não era nem mesmo um lugar de parada porque não era nem mesmo localizada na rota das caravanas.
– [Narrador] Neste filme, vamos descobrir porque existe uma falta total da arqueologia na Meca da época do Profeta Maomé, por que as descrições de Meca não correspondem com a paisagem, e como uma guerra civil islâmica precoce alterou a verdade sobre o Islã. Enquanto os muçulmanos em todo o mundo acreditam que sua cidade sagrada e seus líderes fundadores todos viviam em Meca, na Arábia Saudita, Dan Gibson acredita que a evidência, na verdade, aponta para outro lugar.
– [Dan Gibson] Durante meus estudos da história árabe, eu encontrei evidências que não apontam para Meca, mas para o norte da Arábia, como local de fundação do Islã. Até agora ninguém questionou que Meca seja a Cidade Sagrada do Islã. Todo muçulmano acredita que deve orar em direção à Pedra Negra em Meca. Mas anos de estudo e incontáveis viagens para todas as partes da Península Arábica me levaram a uma radicalmente nova compreensão da história islâmica. Eu acredito que no processo de se entender a história islâmica, um erro fundamental foi cometido. Não foi uma falsidade deliberada, foi apenas um mal-entendido do que aconteceu durante os anos de fundação do Islã. Escritores islâmicos posteriores corrigiram o que eles achavam ter sido um erro nas histórias anteriores, quando elas eram, de fato, verdade.
[Narrador] É possível que mais de um bilhão de pessoas que seguem a religião do Islã entendam errado como e onde sua religião começou? Caso afirmativo, que implicações essas evidências teriam sobre o muçulmano médio que quer seguir as instruções de Maomé, seu profeta?
[Narrador] Nós vamos ter que examinar uma época na história e um ambiente que poucos de nós entendemos. Por séculos, as histórias do mundo clássico e impérios do Oriente Médio foram discutidas. Mas pouco esforço foi dado à história da Arábia. Essa ignorância é verdadeira, não apenas no ocidente, mas também junto aos próprios árabes.
– [David Taylor] O profeta Maomé nasceu em 570 DC em uma época e local que poucas pessoas nos dias hoje realmente sabem algo. Seu avô e seu pai eram mercadores nabateus, e de fato o próprio Maomé se casou com uma comerciante. Um dia, Maomé estava meditando em uma caverna e um anjo o visitou. O anjo o ensinou palavras de louvor a Alá. Mais tarde, sua esposa convenceu Maomé que realmente tinha sido um anjo e ele foi de fato chamado para ser um profeta de Alá. Durante sua vida, ele teve muitas visitas deste mesmo anjo, e cada vez, havia uma nova revelação. Essas revelações ocorridas ao longo da vida de Maomé foram reunidas no que conhecemos hoje como Alcorão.
– [Narrador] Adel i-Shemari estudou o Islã no Colégio Islâmico do Kuwait. Ao longo dos anos, ele e Dan formaram uma boa amizade, e muitas vezes se viram atraídos em uma discussão profunda sobre fé e sua história.
– [Adel i-Shemari] A mensagem de Maomé era Existe um Deus, e Maomé é o último profeta de Deus. Isso enfureceu muitos em Meca porque eles adoravam outros deuses. Eles adoravam muitos ídolos. Por isso, muitos ficaram zangados. Perseguição começou contra Maomé e sua minoria. Maomé e seus seguidores decidiram imigrar para Medina.
– [David Taylor] Maomé e seus seguidores sofreram perseguição, então ele e alguns de seus seguidores fugiram para Medina. Agora, aquela cidade realmente se converteu ao Islã e Maomé estabeleceu um governo nela. E na verdade podemos datar o calendário muçulmano deste período. Pouco depois disso, seus seguidores começaram a atacar caravanas, crescendo em poder, crescendo em número, até eventualmente mais e mais pessoas se juntaram a eles ao ponto deles se tornarem uma presença militar expandida, de fato, em toda a Arábia.
– [David Taylor] Maomé deu sua visão de levar o Islã para o mundo inteiro. No entanto, ele morreu inesperadamente e nesse ponto as disputas estouraram, levando a guerras civis. Mas apesar dessas diferenças e divisões havia o sonho contínuo de expandira fé para todo o mundo. Eventualmente, grande parte do Norte da África e Ásia Central ficaram sob o controle do Islã. E hoje o Islã é a segunda maior dentre as religiões do mundo.
– [Narrador] Hoje, em todo o Oriente Médio, quando as construtoras querem cavar para uma fundação, deve haver a presença de funcionário do Ministério das Antiguidades. Não importa se você está em Jerusalém, Damasco, ou Amã, Jordânia, onde quer que você escave, as chances são você vai expor um local antigo de algum tipo. Na cidade de Meca, na Arábia Saudita, os desenvolvedores estão cavando tudo, construindo grandes edifícios, hotéis e arranha-céus. Mas, para surpresa dos arqueólogos, não existem ruínas de uma cidade grande e antiga sob Meca. A cidade onde Maomé nasceu era uma grande cidade. Não havia problemas em levantar grandes números de homens para trabalhar em caravanas e marchar em seus exércitos. Não só tinha uma população significativa, mas também era uma cidade agrícola.
– [Adel i-Shemari] A cidade de Meca era conhecida como a “Mãe de todas as cidades” no Alcorão. Um-el Korra, em árabe. Isso implica em uma cidade maravilhosa com ruínas e muralhas. Uma cidade bem conhecida.
“O profeta Maomé iria ir em frente para os negócios dele e viajar para longe até chegar aos vales de Meca e os leitos de seus vales.”
Ibn Hisham, 51
Aisha, a esposa-criança de Maomé, mencionou como um dos homens ansiava por Meca:
“Seria bom se eu passasse a noite no vale cheio de vários tipos de grama. Quando chegamos a Meca, vimos uma cidade abençoada com água e árvores e, encantados com ela, nós nos estabelecemos lá.”
Bukhari 9:337
Al Bukhari fala de um prisioneiro quem estava comendo uvas enquanto ele estava acorrentado a ferros, e ele diz,
“Esta não era a época de frutas em Meca.”
Bukhari 56:251
– [Dan Gibson] É difícil acreditar que essas coisas foram escritas sobre Meca. A área ao redor de Meca é coberta por rochas e deserto. Meca tem, em média, menos de 10centímetros de chuva por ano. Com suas temperaturas extremamente altas e condições estéreis, isso é insuficiente para cultivar qualquer vegetação, muito menos cultivar comida suficiente para sustentar uma grande população. No entanto, a Cidade Santa do Islã é descrita como tendo campos com árvores, grama e solo, mas não existe terra cultivável perto de Meca. Não corresponde às descrições antigas.
– [Dan Gibson] Ibn Ishaq menciona que o povo de Meca estava relutante em cortar árvores na área sagrada. A presença de árvores e plantas nos tempos antigos pode ser facilmente testada pela presença de esporos e pólen em solo antigo não perturbado. Até o momento, não há registro que árvores tenham existido na antiga Meca.
– [Narrador] Outro quebra-cabeça é que a cidade de Meca está faltando em todos os primeiros mapas da Arábia. Seria de se esperar que uma grande cidade mercante fosse mencionada nos primeiros mapas. Mas nenhum mapa mostra Meca antes da época do Islã.
– [Dan Gibson] Ao longo dos anos, reuni cópias de muitos mapas antigos da Arábia. Eu os traduzi diligentemente, mas nunca encontrei Meca mencionada em um mapa, antes do Islã. Você sabia que o nome Meca não aparece em nenhuma literatura anterior a 740 DC? Isso é 120 anos depois da fundação do Islã. Você não acha intrigante que pelos primeiros 120 anos da história islâmica, nenhuma das nações vizinhas sabiam da existência de Meca?
– [Narrador] Como poderia uma grande cidade, uma cidade que poderia levantar milhares de homens em seu exército, uma cidade que tinha agricultura, árvores, grama, frutas e uvas, ser desconhecida por outras nações? Como poderia uma grande cidade, com paredes, templos e edifícios públicos, não ser encontrada nos anais de outras nações, especialmente se fosse uma cidade comercial que empreendeu comércio com todas as nações ao seu redor? E, o mais intrigante de tudo, é quando vamos para a localização física desta cidade antiga, descobrimos que não há registro arqueológico antigo. Era um local insignificante, nem mesmo em uma rota comercial.
– [Narrador] Muitos historiadores hoje têm chegado à conclusão que as narrativas sobrea fundação do Islã são mitos. Obviamente, há uma grande discrepância entre o que os registros islâmicos nos dizem e o que os arqueólogos têm encontrado. Então, a conclusão que eles tiraram é que os registros islâmicos são apenas mitos, fabricados.
– [Dan Gibson] Em meus anos de estudo, eu me convenci que os primeiros registros não são mitos, mas que eles se referem a outro local que se encaixa em todas essas descrições. Eu acredito que Maomé nasceu e cresceu em outro lugar e que os muçulmanos estão usando a direção errada quando oram.
– [Dan Gibson] De acordo com a história islâmica comumente aceita, a Caaba era o principal santuário da cidade de Meca e o foco de peregrinação na Arábia. Um bom ponto de partida seria estudar as peregrinações antes da fundação do Islã.
– [Adel i-Shemari] Como registrado pelo historiador Tabari, existem dois tipos de peregrinação: Hajj e Umra, a grande peregrinação e a pequena peregrinação. O avô de Maomé costumava fazer a Umra antes do islamismo.
– [Narrador] Esta Umra antes de Maomé ocorria em um momento no qual o ponto focal de peregrinação árabe era para um lugar conhecido como o Lugar de Reunião Proibido. Este local manteve muitos ídolos pagãos.
– [Adel i-Shemari] Esses nomes aparecem antes do islamismo. Hoje, muçulmanos usam estes mesmos nomes. Esses nomes são externos. Eles não são islâmicos.
– [Dan Gibson] Para que possamos entender o que estava acontecendo na Arábia pré-islâmica, precisamos entender a importância de lugares sagrados na antiga Arábia. Desde os tempos antigos, religiões do Oriente Médio igualaram deuses a regiões, em vez de ser universal. Leitores modernos de história foram influenciados por muito tempo pelos conceitos do panteão de deuses gregos e romanos e falharam em perceber o significado que os antigos árabes aplicaram aos deuses de regiões específicas.
– [Dan Gibson] Aos olhos dos árabes antigos, havia deuses que viveram na Mesopotâmia, deuses que viveram no Egito, e deuses que viveram na Grécia, e assim por diante. Mercadores árabes passando por uma área respeitariam os deuses locais. Eles não se opunham adeuses de diferentes lugares. O que eles se opunham era contra a representação de um deus em forma humana ou animal. Eles preferiam usar formas geométricas. Por exemplo, aqui está um deus na forma de um bloco, aquele ali é deus em forma de triângulo. Cada um desses deuses era considerado deuses locais e deveriam ser respeitados ao se passar pelo seu território.
– [Narrador] Essa visão da religião conduz naturalmente a aceitar territórios e locais como sendo sagrados para deuses específicos. Assim, a área ao redor de um templo, como um vale particular, ou localização remota do deserto, poderia ser considerado sagrado. Existiria um precinto onde as pessoas poderiam se reunir, mesmo com seus inimigos, em segurança, porque a violência era proibida nos recintos sagrados.
– [Dan Gibson] Quando os turistas entram na beleza majestosa de Wadi Ruma qui no sul da Jordânia, eles se assombram tanto com a beleza requintada deste vale e das montanhas escarpadas que eles não notam o tempo dedicado à deusa Lat ou Allat, como alguns a chamam. Este templo nabateu tinha uma área sagrada. Estava localizada em frente ao templo com as montanhas delimitando a área sagrada.
– [Narrador] Antes do Islã, os árabes estavam divididos em muitos grupos. Eles adoravam deuses diferentes, e muitas vezes lutavam entre si sobre questões tribais. A única coisa que os mantinha juntos era a peregrinação a um ponto de encontro antigo comum. O Alcorão chama isso de Mashjid Al Haram, ou o Lugar de Reunião Proibido. Mashjid significa reunir e é traduzido hoje como mesquita. Antes do Islã não existiam mesquitas, então, o mashjid era simplesmente um local de reunião. O Lugar de Reunião Proibido era um lugar sagrado de refúgio e segurança, onde atividades regulares cessavam e a violência era proibida, ou haram. O conceito de haram, ou proibido, é muito forte no Islã.
– [Adel i-Shemari] A Mesquita Proibida é mencionada no Alcorão e estava na Cidade Islâmica Sagrada. Toda a área ao redor da “Masjid al-Haram” era uma área proibida.
“Alá fez de Meca um santuário sagrado e era um santuário antes e seria depois. Ninguém tem permissão para arrancar seus arbustos ou cortar suas árvores ou caçar sua caça.”
Bukhari 23:432
– [Dan Gibson] Portanto, temos duas descrições da cidade sagrada original do Islã. Era um lugar haram, onde matar era proibido, e havia sido o foco de peregrinação por muitos séculos antes da fundação do Islã. Agora olhe aqui. Muitas inscrições encontradas em todo o Negeve no sul da Jordânia foram escritas por pessoas em peregrinação para a antiga cidade de Petra, no sul da Jordânia. Milhares de pessoas arranharam seus nomes e mensagens nas rochas enquanto faziam sua peregrinação para Petra. Isso cria um problema para nós. Meca é desconhecida nos mapas e literatura antese durante a ascensão do Islã. As descrições, tais como, o centro da rota comercial, a mãe de todas as cidades, e o ponto focal da antiga peregrinação, não se encaixam. Como podemos resolver isso? A resposta para isso vem do próprio Islã.
– [Adel i-Shemari] Hoje, a Qibla, em todas as mesquitas, se dirigem à Caaba. Existe um lugar na mesquita chamado de Mihrab de onde o imame lidera os adoradores. Mas no começo, não existia Mihrab. Ao invés disso, existia uma parede que indicava a direção da Quibla. O prédio todo apontava para a Caaba.
– [Dan Gibson] No Islã, é universalmente entendido que a Qibla está voltada para Meca na Arábia Saudita. Ninguém questiona a direção da Qibla hoje. No entanto, o Alcorão diz que os muçulmanos têm uma Qibla. O texto do Alcorão não dá o nome da cidade para a qual a oração era feita originalmente. Ele apenas menciona Mashjid Al Haram Lugar de Reunião Proibido. Os muçulmanos acreditam que originalmente oravam em direção a Jerusalém. De acordo com fontes islâmicas, em 624 DC, Maomé mudou a Qibla para Meca. Maomé revelou isso na Sura 2 do Alcorão.
Assim nomeamos a Qibla para você. Na verdade, foi uma mudança importante, exceto para aqueles guiados por Alá. Alá nunca faria sua fé sem efeito. Agora vamos transformá-lo em uma Qibla. Isso deve agradar você. Vire então seu rosto na direção do Mashjid Al Haram; onde quer que você esteja, vire seu rosto nessa direção.
Alcorão 2:143-144
– [Dan Gibson] Como um historiador da Península Arábica, eu sempre estive interessado em encontrar a localização da Qibla original. Em que direção Maomé orou antes da Qibla ser alterada? Era Jerusalém, como alguns afirmam? Era para a Síria, como alguns afirmam? Ou foi em alguma outra direção?
– [Narrador] Se fossemos fazer este estudo há 100 anos, isso exigiria uma incrível quantidade de trabalho e pesquisa. Teríamos que viajar o mundo pesquisando sites antigos para encontrar as primeiras mesquitas do Islã. Atualmente, em poucos instantes, podemos fazer o que costumava levar uma vida inteira. O Google Earth nos permite olhar do espaço sobre os sítios e websites como a Archnet podem combinar a pesquisa de centenas de alunos e professores. Podemos examinar estruturas com base em vários critérios. Nós escolhemos edifícios islâmicos, e os organizamos em ordem cronológica. Em seguida, determinamos quando eles foram construídos, verificamos a direção da Qibla deles usando o Google Earth e comparamos isso para determinar quando a direção Qibla mudou para Meca. Isso nos dará dados sólidos para trabalhar.
– [Dan Gibson] Agora determinar a direção da Qibla não é uma ciência exata. Algumas das primeiras mesquitas, como essa, não são exatamente quadradas então, os pesquisadores precisam encontrar a parede da Qibla, e projetar 90 graus a partir desta parede. Porque os primeiros edifícios não eram quadrados não podemos usar as paredes laterais nem as traseiras.
– [Dan Gibson] Este é o mihrab de uma antiga mesquita. Os primeiros árabes definiram a direção da Qibla usando as estrelas e eles eram muito precisos. A melhor maneira de determinara direção da Qibla é visitar as mesquitas, e usar receptor GPS preciso. Nem toda mesquita pode ser usada para este estudo. Muitas delas foram totalmente reconstruídas ao longo do tempo, tanto que não é mais possível determinar a direção original da Qibla. No entanto, várias mesquitas sobreviveram. Por exemplo, existe uma mesquita, chamada Mesquita das Duas Qiblas, em Medina.
– [Dan Gibson] A história islâmica nos diz que foi nesta mesquita que o companheiro liderando orações foi informado da mudança da Qibla, então ele se virou e começou a orar em direção a Meca. A questão é para onde ele se virava originalmente? Os muçulmanos têm uma resposta pronta; ele orou em direção a Jerusalém. Hoje, a Mesquita das Duas Qiblas aponta para Meca, mas, em 1987, a mesquita foi completamente demolida para ser reconstruída. Durante o processo de construção, a velha fundação foi revelada e eles descobriram que a parede da Qibla realmente estava voltada para o norte, geralmente para Jerusalém. Então, os muçulmanos acreditam que a Qibla, originalmente, voltava-se para Jerusalém.
– [Narrador] Há uma maneira simples de colocar isso em teste. Se formos às primeiras mesquitas que foram construídas onde nós podemos identificar sua direção de oração, podemos traçá-las em um mapa e ver se suas linhas convergem. Encontraremos uma de três coisas. Todas eles apontam em direções diferentes. Todas eles apontam para Jerusalém, ou todas elas apontam para outro local. Depois da mesquita das Duas Qiblas na Arábia Saudita existem mais onze mesquitas primitivas sobreviventes que podemos pesquisar. Elas estão localizadas na China, Egito, sul da Jordânia, Líbano, Jordânia Central, Iêmen, Israel, Iraque, Jerusalém, Cisjordânia e, por último, no Líbano. Então, se seguirmos a ordem que elas foram construídas, a segunda mesquita sobrevivente foi construída em Guangzhou, China. Guangzhou é o moderno nome para o que era conhecido como a cidade de Cantão.
– [Dan Gibson] Quando Marco Polo chegou a esta cidade em 1300 DC, ele descobriu mais de 100,000 mercadores árabes e persas que viviam lá. Você vê que os árabes estavam negociando com os chineses por centenas e centenas de anos. Tudo isso está bem documentado. E então Abu Waqqas, um tio de Maomé, viajou para a China em uma missão comercial e, de acordo com manuscritos chineses, ele construiu uma mesquita para os árabes em Cantão, em 627 DC, ou seja, seis anos após a fundação do Islã. Eu pessoalmente examinei esta mesquita e usei uma unidade GPS para determinar a direção da Qibla da mesquita. O que descobri foi surpreendente. Esta mesquita não fica voltada para Meca. Ele está voltado para 12 graus ao norte de Meca, o que significa que também não se volta para Jerusalém. Sua Qibla passa ao sul de Jerusalém.
– [Narrador] A próxima mesquita foi construída em 641 DC, cerca de 20 anos após a fundação do Islã na cidade de Fustat, perto do Cairo.
– [Dan Gibson] Esta mesquita foi reconstruída e ampliada várias vezes de modo que hoje a fundação original não é mais evidente. No entanto, uma descrição da planta baixa original da mesquita sobrevive, e os registros islâmicos nos dizem que a primeira Qibla apontava para o leste, e depois teve que ser corrigida em direção ao sul, em direção a Meca.
– [Narrador] O próximo edifício islâmico sobrevivente é o Palácio omíada construído aqui em Humeima, no sul da Jordânia.
– [Dan Gibson] Por volta de 700 DC, cerca de 80 anos após a fundação do Islã, a família Abbas construiu uma grande casa senhorial aqui. Esta casa não tinha área especial para Mesquita, em vez disso, os fiéis se alinhariam aqui no pátio para orar. Esta casa tem uma direção da Qibla, mas não é para Jerusalém.
– [Narrador] No ano seguinte, uma nova mesquita foi construída em Ba’albeck, no Líbano. Observe que a Qibla não aponta para Meca.
– [Dan Gibson] Um ano depois, os omíadas construíram uma grande e impressionante mesquita aqui, na cidadela de Amã, na Jordânia. Esta mesquita aponta para o sul. Meca está ali.
– [Narrador] Alguns anos depois disso, em 705 DC, ou 84 anos após a fundação do Islã, os muçulmanos construíram a Grande Mesquita de Sana’a, na capital do Iêmen. Enquanto essa mesquita aponta na direção geral de Meca, na verdade, ela aponta para oeste de Jerusalém.
– [Dan Gibson] No ano seguinte, em 706 DC, os governantes muçulmanos omíadas construíram Khirbat al-Minya, um grande complexo palaciano em Israel, na costa da Galileia. Este complexo palaciano tinha uma sala específica usada como mesquita. De acordo com uma inscrição colocada em uma entrada, foi construída 87 anos após a fundação do Islã, pelo governante muçulmano Al Walid. Este edifício e sua mesquita não se voltam para Jerusalém. Nesse mesmo ano, os muçulmanos também construíram a Mesquita Wasit no Iraque. Originalmente, os arqueólogos afirmavam que esta mesquita apontava para Jerusalém. No entanto, outras pesquisas mostraram que esta mesquita aponta para o sul de Jerusalém.
– [Narrador] A próxima mesquita é a mesquita de Al Aqsa na própria Jerusalém. Esta mesquita não é o Domo do Templo, mas sim a velha mesquita ao sul da cúpula. Esta mesquita está em Jerusalém, mas também tem uma Qibla e não aponta para Meca. A próxima mesquita que vimos foi construída em 724 DC, 103 anos após a fundação do Islã. Ela é a Mesquita Khirbat al Mafjar perto de Jericó no Vale do Rio Jordão. Este palácio foi construído perto do fim da dinastia omíada. Olhando para a planta baixa, podemos ver que o palácio e sua mesquita, voltada para o sul em vez de em direção a Meca. Nesse mesmo ano, uma mesquita foi construída em Anjar, cerca de 58 quilômetros de Beirute. Foi construída perto do fim do período omíada, e, não mais que 30 anos depois, caiu em ruínas e eventualmente foi abandonada. Como nunca foi reconstruída, podemos facilmente determinara direção da Qibla, que não aponta em direção a Meca ou Jerusalém.
– [Narrador] Agora vamos colocar tudo isso juntos em um mapa. O resultado é incrível. Durante os primeiros 100 anos do Islã, 100% de todas as mesquitas sobreviventes localizadas até agora se voltam para um ponto no sul da Jordânia, em vez de Meca. Do norte, sul, leste e oeste, todas as mesquitas estão voltadas para um ponto. Este não é um pequeno erro na determinação da direção da Qibla. Todos eles especificamente apontam para apenas um lugar.
– [Dan Gibson] Diretamente sob este ponto é a antiga cidade de Petra. Esta é uma cidade que é bem conhecida por nós hoje. É um local turístico popular. Turistas vêm de todo o mundo maravilhar-se com os grandes templos e monumentos nesta cidade. Será que Petra é a “mãe de todas as cidades“, descrita no Alcorão? Petra foi o foco de antigas peregrinações árabes, assim poderia Petra também ser o local de nascimento de Maomé, e a cidade fundadora do Islã?
– [Adel i-Shemari] Dan, isso é estranho! Você diz que é Petra, mas Bukhari diz que é Jerusalém. O que devemos pensar? Como podemos aceitar isso quando Bukhari diz que era Jerusalém.
– [Dan Gibson] Todo bom muçulmano me diz que os muçulmanos oravam em direção a Jerusalém. Eles sabem disso porque Bukhari disse isso a eles. E eu concordo, Bukhari disse que foi Jerusalém. Mas Bukhari escreveu 200 anos depois de Maomé, e ele está escrevendo mais de 100 anos após a mudança da Qibla. Então ele não é uma testemunha ocular, ele está apenas coletando o que as pessoas estão se lembrando. E ele realmente nota várias ideias conflitantes que estavam circulando na época.
Enquanto algumas pessoas estavam oferecendo oração matinal em Quba, um homem veio até eles e disse: “Uma ordem do Alcorão foi revelada para o Apóstolo de Alá esta noite, que ele deveria se voltar para a Caaba em Meca, então você também deveria virar seu rosto para lá. “Naquele momento seus rostos estavam voltados para a Síria e ao ouvirem isso eles se viraram em direção à Caaba em Meca.
Bukhari 6:17
– [Dan Gibson] Eu acredito que originalmente Maomé, enquanto morava em Medina, orou para o norte em direção a Petra, que estava na província romana da Síria. Na época em que Bukhari estava coletando suas histórias, as pessoas já tinham esquecido Petra, e todos se lembravam que seus bisavós oravam na direção da Síria.
– [Adel i-Shemari] Dan, o Alcorão nos diz que Mashjid al Haram era em Beca. Então, onde é a verdadeira localização?
– [Dan Gibson] Aqueles que trazem o argumento sobre Beca, levantam um ponto interessante. Eu concordo que na literatura islâmica, o nome Beca é sinônimo com a primeira Cidade Santa do Islã. Quando Maomé era jovem, o povo decidiu reconstruir a Caaba. Nos escombros eles encontraram vários blocos de construção com inscrições escritas em siríaco, a linguagem dos nabateus. Eles encontraram um judeu que poderia traduzir para eles.
“Eu sou Alá, o Senhor de Beca, eu a criei no dia em que criei o céu e a terra e formei o sol e a lua, e eu a cerquei com sete anjos piedosos. Vai ficar de pé enquanto suas duas montanhas estivem de pé, como uma bênção para seu povo, com leite e água.”
Ibn Hisham 44
– [Adel i-Shemari] A palavra Beca é uma palavra semítica antiga que significa chorar ou lamentar. Se um local for designado com o título Beca, significaria um lugar de lamento.
– [Dan Gibson] O nome Beca nunca foi usado para Jerusalém. Aparece apenas uma vez na Bíblia, no Salmo 84. Lá, é usado em referência a um vale de lamentação, mas o Alcorão também fala de um vale de lamentação, onde Hagar estava chorando por Ismael. O Alcorão coloca esta história em Beca, que é o primeiro nome para o lugar onde a Caaba foi construída. Certamente este local não era Jerusalém, que foi construída em cima de uma montanha e não em um vale.
– [Dan Gibson] Acho que a resposta é bem simples. Havia muitos grandes terremotos em Petra, como aquele em 551 DC, apenas 19 anos antes de Maomé nascer. Somos informados de que durante aquele terremoto, muito de Petra foi destruído. Petra poderia ter sido chamado vale de Beca porque tantas pessoas foram mortas ao longo de tantos anos com inúmeros terremotos.
– [Narrador] Se Petra é a Cidade Santa do Islã, então deveria haver evidências da tribo de Maomé, os Coraixitas, em torno de Petra. Se Dan Gibson puder encontrar a tribo de Maomé, vai apoiar muito sua teoria de que Maomé era da região de Petra e não de Meca.
– [Dan Gibson] Há muito tempo, isso era conhecida como a cidade de Hawar ou Humeima, como é conhecida hoje. Arqueólogos descobriram uma fazenda pertencente à família abássida, e uma mesquita construída algum tempo depois. Quando os muçulmanos do Iraque derrotaram os omíadas de Damasco, eles queriam um membro da família de Maomé para apoiar e legitimar sua revolta. Então, eles vieram aqui para Humeima, a 27 milhas de Petra. Foi aqui que eles encontraram a família de Maomé e a tribo Coraixita. Eles não foram para Meca na Arábia Saudita, ou para Medina. Eles vieram aqui para Humaima, a 27 milhas de Petra. Foi aqui que encontraram a tribo Coraixita e a família de Maomé. Não na Arábia Saudita.
– [Narrador] Até agora descobrimos que as primeiras mesquitas do Islã todas se voltavam para a antiga cidade de Petra. Mas a cidade de Petra se encaixa nas descrições islâmicas da cidade sagrada original do Islã?
– [Dan Gibson] Existe uma história contada por todos os primeiros biógrafos de Maomé. Diz respeito a Abdula, pai de Maomé. Ele estava trabalhando no campo um dia e ele voltou para casa com sujeira nas mãos. Ele foi para sua primeira esposa e disse: “Deite-se comigo”, mas ela se recusou porque ele estava sujo. Então ele saiu, lavou-se do solo, foi para sua próxima esposa, Aminah. Ela concebeu, e deste modo Maomé nasceu. O que é importante para nós nesta história é que todos estes primeiros escritores usaram a mesma palavra para indicar a sujeira nas mãos de Abdula. Todos eles usam uma palavra árabe para solo, especialmente o solo de um terreno ou campo cultivado. O problema é que não existem terras cultiváveis perto de Meca. No entanto, quando chegamos a Petra, descobrimos que Petra tinha água, campos e árvores.
– [Narrador] De acordo com arqueólogos, havia jardins públicos, bem como água corrente trazida para a cidade através de aquedutos e tubos de argila. Arqueólogos descreveram árvores frutíferas, uvas e jardins existentes na antiga Petra. Ainda hoje existem lotes de terra cultivados entre Petra e el-Baydha, que fica a cinco quilômetros de distância. Ao analisar o solo antigo, pesquisadores descobriram que apenas 100 anos atrás, as colinas ao redor de Petra eram cobertas com árvores, incluindo carvalho, zimbro, pistache e alfarroba.
– [Dan Gibson] Além de árvores e campos, a Cidade Sagrada era também uma cidade murada. Ibn Ishaq diz: “E eles o cercaram pelas muralhas de Meca.”
– [Dan Gibson] Agora, isso é muito intrigante porque Meca não tinha muralhas. Alguns pensam que talvez esta fosse uma casa em Meca, mas ibn Ishaq diz especificamente, “As muralhas de Meca.” Mas Meca não era uma cidade murada.
– [Dan Gibson] E quanto a Petra? Petra foi construída em um vale. Em ambos os lados do vale existiam grandes montanhas com penhascos. Esses penhascos eram tão bons quanto muralhas de uma cidade. Então o povo de Petra construiu muralhas de um penhasco da montanha para o outro penhasco da montanha, ambos deste lado do vale e também do outro lado do vale. Então Petra tinha muralhas.
– [Dan Gibson] Outra característica distinta de Petra é que ela contém um riacho único. Agora, normalmente, você tem um vale com montanhas de um lado, montanhas do outro e um riacho correndo pelo centro do vale. Mas, neste caso, há muito tempo, terremotos racharam essas montanhas, então, havendo uma rachadura naquela montanha, a água passa por aquela fenda, atravessa do vale, e sai pela rachadura do outro lado. Os nabateus construíram uma rua com colunatas de uma montanha para a outra montanha e ao lado havia um curso de água da chuva. Vamos lá embaixo.
– [Dan Gibson] Agora, no Islã, um dos deveres dos peregrinos é ir sete vezes entre duas montanhas, chamadas Marwa e Safa. O que é interessante é que al-Bukhari nos diz que Maomé escolheu fazer isso, correndo no curso de água da chuva entre as duas montanhas. Mas existem problemas. Safa e Marwa são apenas pequenas pedras. Hoje elas estão alojadas dentro do prédio da mesquita. Como você pode ver neste desenho, não havia curso de água da chuva entre essas duas rochas. Mas aqui em Petra, a descrição se encaixa exatamente, de uma montanha para a outra.
– [Dan Gibson] Existem quatro maneiras de entrar na bacia de Petra. Já que Petra está em um vale, pode-se entrar por qualquer extremidade do vale.
– [Narrador] Durante o ano da disputa de Meca, o Profeta entrou em Meca através de sua parte superior.
– [Dan Gibson] Mas também haviam outras formas de entrar em Petra. Os registros antigos nos dizem pode-se entrar e sair da cidade sagrada por uma rachadura nas rochas. Em árabe, isso é chamado de thaniya. Al Bukhari menciona isso várias vezes.
O Apóstolo de Alá costumava entrar em Meca pela Thaniya superior e costumava deixar Meca pela thaniya inferior.
Bukhari, 2:645
O Profeta continuou avançando até que ele alcançou a thaniya através da qual pode-se ir até eles, ou seja, o povo coraixita.
Bukhari 3:891
– [Dan Gibson] Existem duas thaniyas, entradas, uma delas é o famoso siq que turistas passam para entrar na cidade. A outra está do outro lado da rua com colunatas e leva a um labirinto de cânions que eventualmente termina em Wadi Araba, abaixo do Mar Morto.
– [Dan Gibson] Petra também tem muitos templos. Aqui é o que é conhecido hoje como o templo dos Leões Alados, ou o templo de Al Uzza. Atrás de mim está o que é conhecido hoje como Qasr al Bint ou o templo ao deus Dushara. Esta pequena cadeia de montanhas aqui era a casa para esse deus, e aqui bem no coração das montanhas é o templo deste deus Al Dushara.
– [Narrador] Agora, ibn Hisham (78) relata para nós uma história muito interessante. É muito cedo na história islâmica. Apenas algumas pessoas haviam se convertido ao Islã neste momento. Um deles era um homem conhecido como Al-Tufayl bin ‘Amr de Meca. Ele aceitou o Islã em uma de suas viagens, e quando ele voltou para casa em Meca, sua esposa também decidiu aceitar o Islã. Al-Tufayl então disse a sua esposa para ir ao templo de Dushara e se purificar. Na área sagrada havia um fio de água onde ela poderia se lavar. Ela fez isso, e voltou para casa e aprendeu sobre o Islã.
– [Dan Gibson] Essa história aconteceu em Meca, mil quilômetros de distância, onde não havia templo para Dushara? Ou aconteceu aqui em Petra? Se sim, então o templo de Dushara está lá. Ela teria vindo a este templo, se lavado, e voltado para casa. Existe um templo para Dushara em Meca, na Arábia Saudita? Não. Não existem templos, não existem rachaduras na rocha, nem fluxo de água, nem muralhas, nem grama, nem árvores. Nada. Está tudo aqui em Petra. E nos primeiros 100 anos, cada mesquita em todo o mundo islâmico apontou para a Masjid al Haram daqui, o Lugar de Reunião Proibido, aqui, em Petra. Não há outra cidade no mundo que se encaixe tão perfeitamente nessa descrição.
Agora al-Khattab tinha assediado Zayd, o que o forçou a se retirar para a parte superior de Meca, e ele parou no Monte Hira, de frente para a cidade.
Ibn Hisham 49
– [Dan Gibson] É interessante notar que nesta história, o Monte Hira está localizado na parte superior de Meca. Se você for a Meca hoje, a caverna de Hira não está virada para a cidade, mas aqui em Petra o lado alto da cidade fica ao norte da rua com colunatas e a parte baixa da cidade fica ao sul da rua com colunatas. Com efeito, a cidade foi dividida ao meio pela rua com colunatas.
– [Narrador] Se Petra fora cidade sagrada de Meca, então a caverna onde Maomé recebeu sua primeira revelação deve estar localizada lá.
– [Dan Gibson] Os registros antigos dizem que a caverna estava virada para a cidade, e que era baixa já que Maomé tentou escalar a montanha para se atirar dela. Se for esse o caso, eu acho que sei exatamente o lugar, mas teremos que ir até lá.
– [Dan Gibson] Aqui nesta caverna podemos ver onde existem vários deuses de pedra. Lá em cima há um grande símbolo de uma crescente. Este é exatamente o tipo da caverna para onde jovens iriam contemplar o significado da vida. As descrições e localização desta caverna são como os antigos registros a descrevem. Fora da cidade, a entrada de frente para a cidade, e evidências de que as pessoas passavam um tempo aqui na adoração religiosa e meditação. Eu acho que isso é um dos lugares mais sagrados para todo o Islã, e está aqui, em Petra.
– [Narrador] O Alcorão ordena todo muçulmano para se virar para o Lugar de Reunião Proibido quando eles oram. Agora o Lugar de Reunião Proibido não era um prédio. Era muito mais que isso. Era uma grande área marcada com pedras especiais. Estas pedras marcavam o limite em torno da área sagrada. Nenhum assassinato era permitido dentro desta área, nem mesmo pássaros eram mortos. Agora, que tipo de pedras você precisaria para marcar tal área? Se você tivesse apenas pequenas pedras redondas, elas estariam perdidas entre as outras pedras do deserto. Devem ser pedras maiores. E deveria ter havido algo especial sobre elas, para que se soubesse com certeza que este era o limite da área sagrada. Hoje, em Meca, não existem pedras delimitadoras. Os historiadores há muito se perguntam o que essas pedras delimitadoras podiam ter parecido, mas elas parecem ter-se perdido nos anos que passaram desde então ou talvez elas nunca tenham estado lá. Se Petra é Cidade Santa original do Islã, então, é claro, estas pedras especiais não estariam em Meca, mas, sim, em Petra.
– [Dan Gibson] Agora uma feição sobre Petra que é absolutamente fascinante. Sempre que turistas vêm a esta cidade, eles passam por várias pedras quadradas conhecidas como ‘rochas Jinn’. Este é um nome fantástico dado a elas pelo beduíno local. O que é interessante é que há mais de 20 destas grandes pedras quadradas marcando todas as entradas da cidade. É possível que esses marcos fossem do Santuário Proibido? Talvez seja por isso que elas não estejam localizadas em Meca? Se isso for verdade, então Mashjid al Haram ou o Santuário Proibido teria sido localizado aqui. E se foi localizado aqui, então a Caaba teria sido localizada aqui também, mas não está hoje, porque um homem chamado ibn Zubayr a mudou.
– [Narrador] Até agora neste programa, estivemos examinando a direção de oração que os muçulmanos originalmente usavam. Como vimos, todas as mesquitas construídas durante os primeiros 100 anos do Islã apontavam para Petra. Usando as duas mesquitas na Cidadela de Amã, Dan Gibson determinou os anos aproximados quando a direção da Qibla mudou. A história islâmica nos dá algumas pistas quanto ao porquê da direção da oração ter mudado? Se olharmos para história do Islã neste exato momento ficamos cara a cara coma segunda guerra civil islâmica.
– [Adel i-Shemari] Muitas guerras ocorreram no Islã. Existiram guerras civis após a morte de Maomé. Por isso, hoje existem xiitas e sunitas. Os omíadas, que eram sunitas, triunfaram e governaram de Damasco.
– [Dan Gibson] Neste ponto da história, o governador da cidade santa era Abdullah ibn Zubayr. Ele estava particularmente infeliz. Aos seus olhos, a Cidade Santa era a cidade mais importante do Islã, a “mãe de todas as cidades”, mas os governantes omíadas escolheram Damasco como a nova capital, e muitas pessoas estavam descontentes com a corrupção e as lutas internas em Damasco. Então, em 683 DC, cerca de 64 anos após a fundação do Islã, ibn Zubayr declarou-se califa na Cidade Santa e isso deu início a 2ª guerra civil islâmica.
– [Narrador] Os Omíadas reagiram fortemente e enviaram um exército contra a Cidade Santa. Ibn Zubayr então fez uma coisa chocante. Ele destruiu a Caaba, o antigo santuário sagrado do Islã.
Ibn Zubayr então demoliu o santuário Caaba, nivelando-o ao solo, e escavando sua fundação. Então, ele colocou a Pedra Negra ao seu lado, em um suporte de madeira, sobre uma tira de seda.
Al Tabari 20:537
– [David Taylor] Os omíadas lutaram contra ibn Zubayr e seus companheiros, mas depois de 40 dias, chegaram notícias de que o califa havia morrido em Damasco. Agora, os generais omíadas insistiram que, embora a batalha não tivesse acabado, eles deveriam retornar para Damasco, para que um novo califa pudesse ser escolhido. Os membros da família real omíada que vieram para a batalha também insistiram que eles deveriam retornar a Damasco sob a proteção de todo o exército. Então, todo o exército partiu.
– [Dan Gibson] O problema que enfrentamos aqui é como encaixar a cronologia. Os registros islâmicos são bastante claros: quando o califa morreu seu filho de 13 anos governou em seu lugar. Al Tabari, volume 20, nos diz especificamente que seu filho sobreviveu apenas 40 dias depois que seu pai morreu antes que ele também fosse morto. Durante este tempo, os exércitos da cidade sagrada voltaram para Damasco. Agora, um exército lento teria levado muitos dias para cobrir os 1400 quilômetros de viagem pelo deserto, de Meca, na Arábia Saudita, até Damasco, na Síria. Se o exército pudesse se mover a 20 milhas por dia, eles teriam levado 43 dias. Quando você soma o tempo que o mensageiro levou para trazer a mensagem, o tempo que levou para o exército decidir se desmobilizar, e os 43 dias de marcha, aí simplesmente não há tempo suficiente. Meca está muito longe para ser possível. No entanto, se a Cidade Sagrada fosse Petra, então, as distâncias seriam todas reduzidas dramaticamente. Esse problema de distâncias atormenta a história islâmica repetidamente. Meca, na Arábia Saudita, é simplesmente muito distante para se encaixar em muitas das histórias do início da história islâmica.
– [Narrador] Agora, com a calmaria na guerra, Ibn Zubayr teve tempo para reconstruir suas defesas e se preparar para o retorno do exército omíada.
– [Dan Gibson] Agora, quero te mostrar uma coisa. Aqui estão alguns dos volumes da história do Islã de Al Tabari. Al Tabari conseguiu coletar uma grande quantidade de material, e ele escreveu sobre o que aconteceu durante cada ano da história islâmica. Ele dedica capítulos inteiros, às vezes dois capítulos para cada ano. Mas, então, algo estranho aconteceu. A batalha pela Cidade Sagrada aconteceu ao longo de vários anos, mas o ano 70 da história islâmica é de grande importância.
– [Dan Gibson] Agora, observe, Al Tabari gasta 15 páginas descrevendo o que aconteceu no ano 69, e ele gasta 27 páginas descrevendo o que aconteceu no ano 71. Mas onde está o ano 70? Olhe para isso, para o ano 70, Al Tabari apenas registra algumas linhas de texto. Ele não encontrou mais informações para este ano, ou os editores posteriores censuraram este ano do registro de Al Tabari? Apenas algumas linhas. Mas o que ele escreveu nos dá alguns detalhes tentadores. Diz-nos que Mus’ab ibn Zubayr, aparentemente, um irmão de Abdulla, traz suprimentos para a Cidade Sagrada. Esses suprimentos eram equipamentos militares? Não, ele diz que trouxe muitos cavalos e camelos.
– [Dan Gibson] Eu acredito que este é o ano que os seguidores de ibn Zubayr mudaram-se para o sul, de Petra para os desertos da Arábia, para encontrar um lugar onde eles poderiam resistir contra as forças omíadas. Todos os detalhes deste ano foram removidos da história de Al-Tabari, mas sabemos que eles obtiveram muitos cavalos e camelos, que não teriam outro propósito, senão o de mover muitas pessoas para fora da cidade. Esta calmaria na guerra continuou no próximo ano. Então, ibn Zubayr aproveitou o intervalo para empreender um projeto religioso. Ele decidiu reconstruir a Caaba. Mas Al Tabari não nos diz onde a nova Caaba foi construída. Foi em Petra ou foi em um novo local mais seguro, na distante Meca? Eu acredito que a nova Caaba foi construída na Arábia Saudita, e que a Pedra Negra foi levada para lá por segurança. Então, mesmo que ibn Zubayr perdesse o controle da Cidade Sagrada, ele ainda teria a pedra e uma nova Caaba.
– [Narrador] Depois de um novo califa ter sido estabelecido, o exército omíada voltou. Desta vez, o exército foi maior e os omíadas trouxeram grandes armas de guerra com eles, entre elas, uma máquina para lançar pedras chamada manganiq.
A guerra entre ibn Zubayre al-Hajjaj ocorreu por seis meses, e 17 noites no vale de Meca. Yusuf ibn-Mahak disse: “Eu vi o manganiq com o qual pedras estavam sendo lançadas. O céu tinha trovões e relâmpagos e o som do trovão subiu acima do som das pedras, encobrindo-o.
Al Tabari 21:844
– [Dan Gibson] Durante a luta, ibn Zubayr se refugiou em um prédio em ruínas ao lado da Caaba, e isso começou outra batalha que completou a destruição da área da Caaba da Cidade Sagrada. Eventualmente, ibn Zubayr perdeu a batalha, mas a sua causa foi encampada por habitantes na cidade de Medina na Arábia Saudita, e na cidade de Cufa, no Iraque. Eu acredito que durante este tempo, o mundo islâmico foi envolto em uma controvérsia. Eles deveriam orar para Petra ou deveriam orar em direção a Meca?
– [Dan Gibson] O grande império islâmico tinha se dividido em dois. Originalmente, os omíadas, governando de Damasco, oravam para Petra. Mas eles foram derrotados na batalha e agora a parte oriental do império era governada pelos Abássidas, que construíram suas mesquitas voltadas para Meca. Foi exatamente nessa hora que vemos uma mudança na construção das mesquitas. Antes disso, cada nova mesquita era construída na direção de Petra. Mas agora, pela primeira vez, algumas das novas mesquitas começaram a se direcionar para Meca, na Arábia Saudita. Mas o problema ainda existia. O que fazer com as antigas mesquitas? Elas foram construídas voltadas para Petra. Foi nessa época que as mesquitas começaram a pendurar uma placa na parede para indicar a direção da oração.
– [David Taylor] Foi dito no reinado de Otomão, que o califa ordenou que os sinais fossem colocados nas paredes das mesquitas em Medina. Isso era para que os peregrinos pudessem facilmente identificar a direção para a qual eles precisavam dirigir suas orações.
– [Dan Gibson] Agora este é um desenvolvimento muito interessante, porque até esse tempo, mesquitas eram construídas para que os fiéis só tivessem que se dirigir à parede da Qibla, deste modo, dirigidos a Cidade Santa. Por que você precisaria apresentar um sinal, a menos que a direção de oração tivesse mudado? Por volta dessa época, cerca de 89 anos após a fundação do Islã, um nicho foi introduzido de repente na estrutura da mesquita para denotar a direção da oração. Este nicho foi adicionado a edifícios mais antigos, e também incorporado em edifícios mais novos. Hoje o nicho é padrão em cada mesquita. Mas não foi originalmente. Não havia nicho até a direção da Qibla mudar. Na guerra civil, os omíadas ainda rezavam em direção a Petra, mas os rebeldes na Cidade Santa, em Medina, e em Cufa, escolheram orar para a nova Qibla na Arábia Saudita.
Quando os exércitos de Cufa encontraram ibn Zubayr, “Louvado seja Alá que nos testou com algemas e o testou ao nos perdoar. Ibn Zubayr, somos pessoas que se voltam para a mesma Qibla que você.”
Al Tabari 21:112
– [Dan Gibson] Que frase estranha. “Nós somos as pessoas que se voltam para a mesma Qibla que você.“ Historiadores muçulmanos argumentam que isso significa a mesma Qibla como qualquer outro muçulmano. Mas agora que descobrimos evidências da mudança de Qibla neste momento, esta frase assume um significado especial. O povo de Cufa se junta a ibn Zubayr em aceitar a sua Qibla. Esta é a chave para a compreender muito do que acontece depois. Mesmo que ibn Zubayr eventualmente seja morto, e parece perder a guerra civil, a cidade de Cufa desempenha um papel importante no desenvolvimento da nova dinastia abássida, e Cufa se torna um centro teológico e um lugar para se fazerem cópias do Alcorão.
– [Narrador] No mundo islâmico, as coisas estavam uma bagunça. Não apenas os muçulmanos estavam divididos politicamente, eles estavam divididos religiosamente. Obedecer aos desejos de Alá, revelados pelo profeta Maomé, estava bem no coração do Islã. Você deve obedecer a Maomé e o Alcorão e se virar na direção do Lugar de Reunião Proibido em Petra, ou você deveria orarem direção à Casa sagrada e a Pedra Negra, que ficam na Arábia Saudita? Até agora Dan Gibson traçou as mesquitas existentes do primeiro século do islã e todas elas apontam para Petra na Jordânia. E as mesquitas do segundo século do Islã? Todas elas também apontam para Petra?
– [Dan Gibson] Aqui é onde as coisas começam a ficar interessantes. Durante meus estudos descobri que as mesquitas construídas durante o segundo século do Islã apontam em direções diferentes. Isso é o que chamo de Era da Confusão.
– [Narrador] 102 anos após a fundação do Islã, a mesquita de Umar foi construída no sul da Síria, na antiga cidade de Busra. Como você pode ver, a orientação da mesquita não aponta para Meca, mas, claramente, também não aponta para Petra.
– [Dan Gibson] Cinco anos depois, os governantes muçulmanos construíram um palácio nos desertos sírios, conhecido como Qasr al-Hayr al-Gharbi. Este é um desenho da planta baixa do palácio e a mesquita no canto do complexo. Todo o complexo parece se dirigir para algum lugar entre Petra e Meca.
– [Narrador] Alguns anos depois, o Palácio Qasr al-Hayr al-Sharqi foi construído cerca de 100 quilômetros ao norte de Palmyra. Se examinarmos a planta baixa dos edifícios do palácio notamos que o palácio e sua mesquita não parecem se alinhar nem para Meca ou Petra. Mais uma vez, ele aponta para o meio. É possível que algo tenha acontecido que fizesse com que os construtores não quisessem escolher Petra ou Meca? Então, eles apontaram a Qibla entre os dois. Podemos ver no mapa que a Qibla aponta exatamente entre as duas cidades. Não é um pequeno erro de cálculo, mas uma evitação deliberada de Petra e Meca. Portanto, devemos encontrar uma resposta em outro lugar para explicar essa mudança.
– [Dan Gibson] 109 anos após a fundação do Islã, uma mesquita foi construída em Banbhore, Paquistão. Como todas as outras mesquitas do período tinham apenas uma parede da Qibla sem nicho. Esta mesquita, no entanto, apontava em direção a Meca, na Arábia Saudita.
– [Narrador] Aqui temos a primeira mesquita que podemos identificar como apontando para Meca. Pode ter havido outras construídas que não existem mais, mas esta mesquita é significativa, porque é a primeira mesquita sobrevivente que podemos verdadeiramente dizer se direciona para Meca na Arábia Saudita. E o que é surpreendente é que foi construída cerca de 100 anos depois da morte de Maomé. É muito tarde para historiadores muçulmanos e isso vai causar todos os tipos de problemas na história islâmica tradicional.
– [Dan Gibson] Um dos mais importantes edifícios em nosso estudo é encontrado aqui na Cidadela de Amã, Jordânia. Este palácio omíada foi construído cerca de 122 anos após a fundação do Islã. Agora, se você se lembra, nós olhamos para uma mesquita omíada construída aqui. Esta mesquita aponta diretamente para Petra. Mas quando eles construíram o palácio, a direção da Qibla era diretamente para Meca. Então, claramente, a direção da Qibla mudou algum dia entre a construção desses edifícios e a construção deste palácio. Isso nos ajudará a determinar como e quando a direção da Qibla mudou. Lembre-se que foi durante a construção deste palácio que o nome Meca aparece pela primeira vez na literatura em qualquer lugar.
– [Adel i-Shemari] O estranho é que Meca não havia sido mencionada em todos esses anos nem em livros literários nem nos livros islâmicos, mas só foi mencionada quando da mudança da Quibla. Isso é muito estranho. Pessoas se questionam quanto a isso. Isso deveria ser mencionada nos livros e histórias islâmicas, mas o assunto não é mencionado exceto quando da mudança da Quibla. Isso é muito estrando!
– [Dan Gibson] A próxima grande mesquita que foi construída foi construída a 32 km ao sul de Amã, na Jordânia. Isso era conhecido como Palácio e Mesquita de Mushatta, e foi construída em 743 DC. Como você pode ver, era um enorme e impressionante palácio omíada, com a mesquita localizada na parte sul da estrutura, voltada para Petra. Na verdade, todo o complexo está voltado para Petra. O que torna isso interessante é que parece que o Islã estava agora dividido em vários grupos. Havia os tradicionalistas quem construíram suas mesquitas como esta, voltadas para Petra. Mas havia os reformadores, cujas mesquitas se voltavam para Meca, e existiam outros que não estavam em nenhum destes grupos, e eles se recusaram a selecionar qualquer uma dessas Qiblas.
– [Narrador] Durante esse tempo, uma mudança significativa aconteceu na história islâmica. Os governantes omíadas do Islã, em Damasco, foram derrotados pelos abássidas de Cufa. Em 754 DC, al-Mansur, o novo califa comissionou a construção de uma nova capital oriental, escolhendo Bagdá, no Iraque, como seu local.
– [Dan Gibson] A nova cidade foi construída em um design espetacular. Em vez da forma aleatória comum da maioria das cidades do Oriente Médio, esta cidade foi construída em um grande círculo. Os designers saíram para uma nova área, e usaram cinzas para traçar o plano da cidade no solo antes da construção. A cidade, que foi concluída em 767 DC, tinha dois quilômetros de diâmetro. Como você pode ver neste desenho, a mesquita principal da cidade não tinha nicho indicando a direção da oração. Isso viria depois. Uma parede foi usada como parede da Qibla e aquela parede apontava diretamente para Meca, como fariam todas as outras mesquitas construídas a partir de agora pelos governantes abássidas.
– [Narrador] Se tudo isso for verdade, então o profeta Maomé, e os quatro primeiros califas corretamente guiados do Islã, e os governantes omíadas que os seguiram, governando o Islã de Damasco, todos oraram em direção à cidade de Petra. Mas, no final do reino omíada, algo aconteceu que causou os construtores a mudarem a direção de suas mesquitas. Alguns apontaram para Petra, alguns para Meca, e alguns escolheram neutralidade, apontando entre os dois. Isso criou um problema para a metade ocidental do Islã. As pessoas no Oeste ainda eram leais aos omíadas, então o mundo islâmico agora está dividido em dois. Os governantes abássidas no Iraque controlam a parte oriental do império, e os governantes omíadas controlam o Norte da África e Espanha.
– [Narrador] Esta é uma época importante na história islâmica, porque os omíadas na Espanha, agora florescem na cultura e começam a construir edifícios lindos e impressionantes. Os construtores na Espanha tiveram um problema. Tradicionalmente, os omíadas oravam em direção a Petra. Mas como veremos, algo devastador aconteceu, resultando nas futuras mesquitas não mais se voltarem para essa direção. Seus inimigos, os abássidas, agora oram em direção a Meca, na Arábia Saudita, então eles não querem escolher aquela direção de oração. Então o que os omíadas devem fazer?
– [Dan Gibson] Enquanto eu examinava as mesquitas construídas pelos omíadas espanhóis eu descobri outro desenvolvimento surpreendente. Esses construtores não escolheram nem Petra nem Meca. Agora, como vimos, alguns dos construtores no Oriente Médio escolheram apontar suas Qiblas entre as duas cidades, mas os construtores no norte da África e na Espanha decidiram fazer algo completamente diferente.
– [Dan Gibson] Ao longo dos anos, historiadores sempre ficaram confusos por essas mesquitas. Suas Qiblas parecem apontar para algum lugar na África do Sul, mas todos os africanos e mesquitas espanholas apontam para lugares ligeiramente diferentes. Parece tudo muito confuso. No entanto, quando plotados em um mapa, podemos ver que as mesquitas do Norte da África e da Espanha todas têm Qiblas paralelas a uma linha desenhada entre Petra e Meca. Então, ao invés de escolher Petra, ou Meca, eles escolheram fazer sua Qibla paralela a uma linha desenhada entre as duas cidades. Todos os muçulmanos sabem que Meca fica na Arábia Saudita, mas você diz Petra.
– [Adel i-Shemari] Com que base você chegou a esta teoria? Qual a sua prova? Nós sabemos que Meca é na Arábia Saudita, então qual a sua base para dizer essas coisas?
– [Dan Gibson] Se você ainda não está convencido, eu quero te mostrar outra coisa. Você se lembra quando discutimos a segunda guerra civil islâmica? Ibn Zubayr barricou-se ele mesmo na cidade santa e o exército omíada sírio o cercou e o mantiveram lá por quatro meses. Durante o mês de outubro, os sírios trouxeram uma catapulta até as paredes da cidade onde eles jogaram pedras contra os lugares sagrados do Islã. Como isso é possível? Normalmente, as pessoas viviam atrás das muralhas da cidade. Uma catapulta iria simplesmente destruir as casas das pessoas. Mas, neste caso, diz-se que a catapulta atingiu os lugares sagrados do Islã, bem no centro da cidade. Como isso é possível? Bem, aqui em Petra, existe uma feição única. A cidade de Petra tinha muralhas. Ao norte e ao sul as muralhas da cidade cruzavam o vale, mas no norte as muralhas da cidade não iam até o cânion porque havia um curso de água correndo ao longo do cânion. Eu acredito que os sírios trouxeram sua catapulta subindo o curso do rio seco direto para o lugar onde eles poderiam lançar pedras bem no coração da cidade, atingindo a Caaba e os lugares sagrados do Islã.
– [Narrador] Arqueólogos da Brown University vem escavando aqui em Petra por muitos anos. Seu projeto era escavar o que é conhecido como a área do Grande Templo. Quando eles descobriram o templo, Dan ficou maravilhado por encontrar evidências que apoiam sua teoria.
– [Dan Gibson] Uma das características interessantes deste edifício é que as pessoas construíram defesas, aqui, contra o ataque. Veja, eles se fecharam aqui nesta porta, para que eles pudessem se defender. Isso aconteceu algum tempo depois do terremoto de 551 DC. Podemos datar as defesas aqui pelas telhas que foram usados na construção dessas defesas. No entanto, não há batalhas registradas em Petra durante este tempo. Então, sabemos que isso aconteceu durante os anos da fundação do Islã. Mas esta não é a única evidência que temos. Durante as escavações, os arqueólogos descobriram mais de 400 pedras usadas por catapultas. Essas pedras estão enterradas no lugar certo, exatamente na hora certa. Esta é uma indicação extremamente forte que a batalha aconteceu aqui, e que a primeira Caaba original estava perto deste local.
– [Narrador] Então, o Islã foi dividido entre os tradicionalistas e os reformadores. Os tradicionalistas oravam para Petra, na Jordânia, e os reformadores oravam em direção a Meca, na Arábia Saudita. E outros deliberadamente escolheram uma direção entre as duas. Como eles iriam resolver esse dilema?
– [Narrador] Petra, a cidade do lamento, sofreu uma calamidade fatal. Grandes terremotos sacudiram a região de Petra destruindo edifícios, templos e casas. O dano foi tão grande que a cidade nunca mais foi reconstruída.
– [Dan Gibson] A evidência desta primeira Caaba se foi agora. As pedras da catapulta destruíram grande parte dela. Ibn Zubayr destruiu o resto. Em 713, um terremoto destruiu a barragem que desviava a água de Petra, e inundações anuais lavaram qualquer evidência que restasse.
– [Narrador] Então, com a memória de Petra desaparecendo de vista, os cronistas que escreveram a história islâmica cerca de 150 anos depois nunca a mencionariam pelo nome. Com o tempo, as memórias desses dois locais se fundiram em uma, Meca, na Arábia Saudita. Daquela época em diante, todas as Qiblas apontariam para Meca. Foi preciso surgir ferramentas arqueológicas modernas, fotos de satélite, e a internet, permitindo uma rede de historiadores, acadêmicos e estudiosos ao redor do mundo, para começar a juntar uma imagem diferente.
– [Adel i-Shemari] Isso é estranho. É a primeira vez que ouço isso. Você realmente acha que muçulmanos irão acreditar nisso? Por que não está registrado na literatura islâmica ou na história islâmica? Você está dizendo que o Islã esqueceu? Esqueceu de propósito? Como isso não foi mencionado? Isso é algo estranho.
– [Dan Gibson] A fim de entender os eventos que influenciaram a escrita da história islâmica, precisamos reconhecer várias coisas. Em primeiro lugar, é minha convicção que existiu um vácuo literário no início do império islâmico criado por zelosos muçulmanos quem destruíram livros e manuscritos, apagaram inscrições, queimaram bibliotecas e destruíram toda a literatura, exceto o Alcorão, que era nada mais do que fragmentos do que as pessoas lembravam das revelações de Maomé. Esta destruição de material escrito pelas forças islâmicas foi bem documentada. Uma evidência é uma carta de 640 DC, do califa ao general Amrou, o líder dos exércitos muçulmanos no Egito, que perguntou ao califa o que ele deveria fazer com os milhares de manuscritos que ele encontrou nos armazéns de Alexandria. A resposta do califa foi registrada e conhecida há séculos.
Quanto aos livros que você menciona, aqui está a minha resposta. Se o conteúdo deles estiver de acordo com as revelações de Alá, podemos viver sem eles, pois nesse caso as revelações de Alá são mais do que suficientes. Por outro lado, se eles contêm matéria que contraria as revelações de Alá, não existe necessidade em preservá-los. Prossiga, então, e destrua-os.
Chronicum Syriacum, por Bar Hebraeus
– [Dan Gibson] O escritor muçulmano ibn al-Qifti nos diz que os livros foram distribuídos entre os banhos públicos de Alexandria, onde foram usados para alimentar os fogões o que mantinham os banhos confortavelmente aquecidos.
Dizem que demorou seis meses para queimar toda aquela massa de material.
Tarikh al-Hukama, por Ali ibn Yousuf al-Qifti
– [Dan Gibson] Eutychius, o Patriarca de Constantinopla, registrou que haviam 4000 banhos que receberam livros da biblioteca de Alexandrina.
– [Narrador] Esta queima de livros, no entanto, não começou no Egito, mas quatro anos antes na Pérsia. Os exércitos do califa Umar se encontraram com os exércitos persas na batalha de Cadésia, no ano 636 DC. No início de janeiro 637, a guarda avançada muçulmana alcançou os arredores de Ctesifonte e sitiou a cidade por dois meses. No final, a cidade caiu, e os muçulmanos a ocuparam. Durante a luta, os palácios e a biblioteca de Ctesifonte foram queimados deliberadamente. No final, o único livro que conseguiu sobreviver na Arábia foi o glorioso Alcorão.
– [Dan Gibson] Quando se trata da história do Alcorão, os historiadores têm discordado. Parece que a maioria doo Alcorão foi mantido de forma oral em vez de forma escrita. Enquanto os árabes eram ótimos memorizadores e tinham a habilidade para reter a totalidade do Alcorão, a retenção de materiais em uma tradição oral sofre de várias dificuldades. Primeiro, a precisão da memória dos indivíduos envolvidos deve ser perfeita. No caso do Alcorão, surgiram desentendimentos sobre vários versos, como eles devem ser redigidos, e se eles deveriam ou não ser incluídos no todo. Em segundo lugar, o problema de transferência de conhecimento do mais velho para o mais novo, geralmente, é uma tarefa difícil. No caso do Alcorão, a maioria dos homens que memorizaram as palavras de Maomé também eram guerreiros. Como costuma acontecer, guerreiros morrem em batalha, e seu conhecimento do Alcorão morreu com eles. Isso é amplamente ilustrado na Batalha de Iamama quando cerca de 450 homens que memorizaram o Alcorão foram mortos.
Hudhaifa bin Al-Yamanveio para Otomão na época quando o povo de Damasco e o povo do Iraque estavam travando uma guerra para conquistara Armênia e o Azerbaijão. Hudhaifa estava com medo porque o povo de Damasco e do Iraque tinham diferenças sobre recitações do Alcorão. Então, ele disse a Otomão, “Ó chefe dos crentes, salve esta nação antes que eles discordem sobre as revelações.” Então Otomão enviou uma mensagem para Hafsa dizendo: “Envie-nos o seu manuscrito do Alcorão para que possamos compilar os materiais do Alcorão em cópias perfeitas e devolver o manuscrito para você.” Hafsa os enviou. Então, um grupo de homens criou uma nova cópia do Alcorão. Otomão disse aos três homens coiraxitas, “Caso vocês discordem, escrevam no dialeto dos coraixitas, pois o Alcorão foi revelado neste dialeto.”
Bukhari 66:9
– [David Taylor] Quando várias cópias foram escritas, Otomão devolveu o manuscrito original para Hafsa. Otomão então enviou uma cópia escrita para cada província muçulmana, e ordenou que todos os outros materiais do Alcorão, desde escritos em manuscritos fragmentários, ou mesmo cópias inteiras, que todos eles fossem queimados.
– [Dan Gibson] E assim a queima continuou, desta vez, até o material corânico foi queimado. Mas isso não impediu a discussão sobre o que deveria ou não deve ser incluído no Alcorão. Quando os novos Alcorões chegaram nas várias províncias, as pessoas argumentaram contra eles.
Disse bin Thabit, “Um verso da Surata Ahzab foi perdido quando copiamos o Alcorão e eu costumava ouvir o apóstolo de Alá recitando-o. Então, nós procuramos por isso e o encontrei com Khuzaima bin Thabit Al-Ansari.”
Bukhari 56:23
– [Narrador] Estas cinco ou seis cópias eram agora os únicos Alcorões em todo o império muçulmano. A ordem de Otomão para queimar todo outro material do Alcorão tentava eliminar todos os Alcorões em todos os lugares, exceto os poucos que foram mantidos pelos governadores provinciais.
– [Dan Gibson] Na verdade, todos os livros não muçulmanos foram destruídos, e, então, os muçulmanos destruíram todos os seus próprios livros e escritos, exceto as cinco ou seis cópias do Alcorão. Lembre-se, o império islâmico neste momento se estendia desde o oceano atlântico, através do Oriente Médio, até o caminho para o Afeganistão. E apenas cinco ou seis cópias do Alcorão existiam em todos aqueles milhões de quilômetros quadrados. É a isso que me refiro quando fala de um vácuo literário.
– [Dan Gibson] Muito mais tarde, assim que os abássidas assumiram o controle do Império Islâmico, eles reconheceram este vácuo literário e eles se propuseram a corrigi-lo. O problema é que eles tinham interesse em produzir uma versão abássida da história islâmica. Então, todos os materiais produzidos sob controle abássida refletem a, politicamente correta, versão abássida da história. Essas histórias e hadices sobre os 250 anos anteriores foram coletadas, copiadas e distribuídas. Os livros que tinham sido escritos antes foram destruídos ou editados por escritores posteriores que julgavam encontrar erros neles.
– [Narrador] Sob o governo abássida, projetos religiosos, científicos, e acadêmicos foram implementados. Os governantes abássidas encorajaram o desenvolvimento erudito. Isso não apenas apresentaria os primeiros anos do Islã sob uma boa luz, mas também confirmaria o seu próprio direito de governar o império.
– [David Taylor] Durante este período de tempo encontramos os grandes historiadores islâmicos escrevendo seus tratados sobre a história islâmica, e também editando as narrativas anteriores. Por exemplo, não temos a biografia original de Maomé, de ibn Ishaq, já que ibn Hisham, sob os abássidas, corrigiu o que ele chamou de erros graves na narrativa original.
– [Dan Gibson] Após a edição de Ibn Hisham, o resto dos grandes historiadores islâmicos começou a escrever suas histórias, e eles nos apresentam uma história islâmica que foi adaptada para se adequar à visão religiosa e política dos abássidas daqueles dias. É possível que os muçulmanos de hoje sejam vítimas da história reescrita pelos abássida? Teriam os abássidas, propositalmente, proibido os muçulmanos de orar na direção do Lugar de Reunião Proibido em Petra, como o Alcorão ordena, fazendo-os orarem direção à Pedra Negra, agora situada em Meca? Os muçulmanos ainda estão sendo enganados pela propaganda abássida? Eu acredito que o palco foi montado quando os primeiros líderes muçulmanos reuniram os vários fragmentos do Alcorão. O problema não foi fazer esta coleção, mas sim a destruição de qualquer coisa que se opusesse à visão deles.
– [Narrador] Há uma grande divisão aqui entre o pensamento ocidental e o pensamento muçulmano. No pensamento ocidental, manuscritos posteriores são menos confiáveis porque são cópias de cópias. Precisamos voltar para o material original pois é mais preciso. Muçulmanos, por outro lado, pensam que os manuscritos anteriores são menos confiáveis e manuscritos posteriores substituem os manuscritos anteriores. Mesmo no Alcorão, revelações posteriores substituem ou anulam (ab-rogam) revelações anteriores. Ao permitir o conceito de ab-rogação, torna-se possível aceitar quaisquer tipos de mudanças.
– [Dan Gibson] Se os abássidas adulteraram a história, eles foram tão longe a ponto de adulterar o texto do Alcorão? Por exemplo, como o nome Meca entrou na Surata 48? Abu Bakr, o sucessor de Maomé, fez a primeira compilação de material do Alcorão. Otomão, que o seguiu, usou aquela coleção, acrescentando a ela. Os historiadores nos dizem que mesmo depois de Otomão ter compilado seu Alcorão, pessoas lembravam ainda mais versos que Maomé havia revelado. Cada vez que um novo Alcorão saía, era elogiado como o Alcorão mais completo. Os anteriores eram OK, mas as novas edições eram mais completas, contendo mais revelações. Foram os abássidas que trouxeram um Alcorão ainda mais completo, contendo menção a Meca?
– [Dan Gibson] Hoje existem muitas cópias dos Alcorões cúficos abássidas em museus, de Istambul a Samarcanda. Esses Alcorões usaram a escrita cúfica inventada na cidade de Cufa. Mas, e quanto aos primeiros Alcorões escrito em outras escritas? Eu consultei muitos pergaminhos do Alcorão, escritos na escrita pré-cúfica. Não deve ser surpresa que nenhum do material pré-cúfico inclui versos sobre a mudança da Qibla ou sobre a cidade de Meca.
– [Dan Gibson] Historiadores me desafiam dizendo eu que estou tentando escrever toda a história islâmica. Eu garanto que eu não estou tentando fazer isso. Estou apenas sugerindo uma pequena mudança. Há muito tempo, a cidade sagrada do Islã foi referida como Beca, acredito este ser um nome usado para a cidade de Petra depois que repetidos terremotos mataram muitas pessoas. Depois que ibn Zubayr mudou a pedra negra para Meca, os escribas tinham apenas que fazer uma pequena mudança nos escritos islâmicos. Em árabe Beca é escrita assim. É muito fácil mudar o ‘ba’ para um ‘miim’. Assista novamente. Bastou isso. É virtualmente indetectável para leitores posteriores. Os escribas abássidas corrigiram uma referência anterior a Beca no Alcorão, tornando-a em Meca?
– [Dan Gibson] Eu acredito que todas as evidências apontam para Petra como sendo a antiga cidade de Beca, o local de fundação do Islã. Todas as mesquitas do primeiro século do Islã apontam para o Lugar de Reunião Proibido em Petra, e todas as evidências apontam para Petra, não a Meca. Os muçulmanos são instruídos no Alcorão para orarem direção ao Lugar de Reunião Proibido. O Alcorão não diz nada sobre a Pedra Negra.
– [Narrador] É claro que embora a pesquisa de Dan Gibson esteja enraizada na história islâmica e ele tenha um grande carinho para o mundo árabe, suas teorias são desafiadoras para os muçulmanos. Como religiões em todo o mundo estão sob crescente escrutínio para provar a veracidade de suas origens, todas as religiões precisam encarar uma pesquisa séria que eles possam achar difícil. O Islã precisa perguntar se é possível que mais de um bilhão de pessoas foram enganadas pela propaganda abássida sobre como e onde sua religião começou. E se for verdade, quais implicações isso teria para o muçulmano médio de hoje.
Dados do documentário
Dublado em mais de 16 idiomas. Ver: https://nabataea.net/cinema/sacredcity/ para detalhes.
Produzido por Glasshouse Media 2016
Dirigido por David Taylor
Elenco Dan Gibson Dan Gibson
Matt Jamie … Narrador (voz)
Ranj Nagra … Arab Man Reader
Adel Shamari … Adel Shamari
David Taylor … produtor
Montagem de Filme David Scott
Second Diretor de Unidade ou Diretor Assistente Nehir Glean … diretor assistente
Departamento de Som
Michael Johnson … operador de boom / mixador de som
Rich McCoull … mixador de som
Mike Riley … operador de boom / mixador de som
Sean Taylor … operador de boom / som mixer
Luke Wallace … cabeleireiro e Departamento Elétrico
Jonny Binks … operador de câmera
Will Edwick … punho adicional
Ivan Greyling … operador de câmera
Glen Harris … punho adicional
Ian McCann … operador de câmera
Chris Tritschler. .. operador de câmera
Luke Wallace … punho adicional
Departamento de Editoração
David Scott … colorizador
Calum Waiter … supervisor técnico
Reproduzido com permissão do autor.
Carla Sousa diz
Interessante esse documentário, só me restou uma dúvida: Meca era na verdade uma região estéril e sem vida, ao contrário do que os muçulmanos dizem como tendo montanhas, árvores, rios e sendo um grande centro religioso e comercial? Visto que uma nova Caaba teria sido construída por Zubayr em sua fuga para lá, depois de ter destruído o templo de Petra. Cidade que anteriormente havia sido posta abaixo por um terremoto e nunca mais reconstruída, facilitando assim para os abássidas mudarem a Qibla e alterarem a história? E também, segundo o documentário, no tempo de Maomé, os árabes passaram a transportar couro e roupas nas caravanas, itens que não conseguiriam sustentar uma grande cidade? Então Meca era um vale abandonado que não existia antes de Zubayr, ou se existia era um lugarzinho irrelevante, sem ter os coraixitas comandando os lucros religiosos atráves da Caaba de lá ( já ouvi dizer que, na era pré islâmica, haviam outras Caabas pela Arábia/Oriente Médio além da de Meca, isso é verdade? Pois se for, Petra não seria a única a ter uma) e também as coisas trazidas pelas caravanas? Pois Maomé e sua tribo na verdade pertenciam a Petra e Meca era insignificante em termos religiosos e comerciais ou não existia?
José Atento diz
Sim. Aparentemente, Meca não existia (ou seria algo terrivelmente minúsculo a ponto de não aparecer em mapa algum).
Carla Sousa diz
Nossa, estranho… Melhor esperar pra ver, porque esse ponto de vista é algo novo. Pode se mostrar certo, errado ou serem adcionados mais alguns detalhes no futuro. Mas sobre citações de Meca antes do islã, muitos atribuem a Macoraba mencionada por Ptolomeu como sendo Meca. Seria importante se aprofundar nisso.