Há muito se afirma que o maior benefício (ou mesmo, o único benefício, segundo alguns) resultante das Cruzadas foi que elas expuseram os europeus ocidentais atrasados e bárbaros às civilizações “mais avançadas” do mundo muçulmano. No entanto, as evidências demonstram que a situação era consideravelmente mais sutil e que o desenvolvimento era uma via de mão dupla. Além disso, a sociedade mais pronta para se adaptar nem sempre é a mais fraca ou mais atrasada.
Este artigo apresenta o fato de que as cruzadas apenas foram possíveis devido a uma superioridade technológica européia em diversos aspectos.
Observação. O termo “Francos” usado abaixo se refere aos cruzados europeus e seus descendentes que habitaram a “Terra Santa” durantes os Estados Cruzados, por ser deste modo que os muçulmanos se referiam a eles.
Texto oriundo de Real Crusades History com acréscimos e comentários.
os invasores muçulmanos oriundos da Península Arábica, eram
mais atrasados, seja culturalmente ou em qualquer outro sentido,
que os povos por eles conquistados, a Pérsia e a porção mais rica do
Império Romano do Oriente (Síria e Egito). Para os invasores muçulmanos, as
conquistas militares abriu-lhes um mundo novo e muito mais avançado.
E, deve-se considerar também, que os nomes que se associam ao
florescimento cultura islâmica eram, na verdade, persas, gregos, assírios
e judeus, que adotaram nomes árabes e escreviam em árabe, que
havia se tornado a língua oficial. Nem muçulmanos eles eram.
(Leia depois sobre a guerra que facilitou as conquistas islâmicas)
No entanto, longe de ficar presa em uma “idade das trevas”, a Europa
a cultura mais fraca. Por exemplo, não há dúvida de que a arquitetura naval européia
era muito superior à navegação árabe contemporânea, mas os árabes não puderam
adotar a tecnologia de navegação ocidental, em grande parte devido à baixa
qualidade de seus construtores e marinheiros. As chaminés construídas na
Terra Santa pelos Francos caíram em desuso e depois desapareceram completamente
da arquitetura local depois da partida dos Francos, não porque as chaminés fossem
inúteis ou atrasadas, mas devido à pura inércia da “tradição”.
disso é o conceito de hospitais como locais onde médicos profissionais fornecem
A adoção de mercados cobertos por parte dos Francos refletiu a necessidade de
A adaptação do Ocidente para o Oriente, por outro lado, foi inibida tanto pelo
teologia islâmica, não consideravam seus adeptos como inerentemente loucos
e idiotas. Foi por causa dessa disposição de separar a religião da ciência e da arte
que os Francos se mostraram notavelmente abertos à adaptação ao novo ambiente
e ao desenvolvimento de uma cultura híbrida única.
Mesmo se concedermos às alegações de que árabes instruídos possuíam um conhecimento superior de autores clássicos e produzissem alguns matemáticos e astrônomos, o fato é que eles ficaram para trás em termos de tecnologia vital como selas, estribos, ferraduras, carroças e vagões, cavalos e arreios, arados eficientes, bestas, fogo grego, construtores de navios, marinheiros, agricultura produtiva, armaduras eficientes e infantaria bem treinada. Não é de admirar que os cruzados pudessem marchar mais de quatro mil quilometros, derrotar um inimigo que os superasse em número e continuar derrotando-o, enquanto a Europa estivesse preparada para apoiá-los.
[1] Stark, Rodney. God’s Battalions: The Case for the Crusades, (New York: HarperOne, 2009) 70.
[2] Christie, Niall, Muslims and Crusaders: Christianity’s Wars in the Middle East, 1095-1382, From the Islamic Sources (London: Routledge, 2014) 78.
[3] Christie, 77-78.
Anônimo diz
Excelente artigo. Há que se desmistificar a superioridade de conhecimento dos árabes ou muçulmanos sobre o ocidente. Isso nunca existiu. E também que foi as cruzadas que começou o conflito.