Eu tenho certeza que você conhece uma frase que fala algo como “trate os outros como deseja ser tratado.” Na verdade, esse é um dos conceitos mais fundamentais da nossa cultura e civilização, e é atribuido a Jesus, que disse:
Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas. (Mateus 7:12)
Seria tão bom se todos nós seguissemos isso, não é mesmo?
Na verdade, este conceito, conhecido como Regra de Ouro, já tinha sido expresso no Antigo Testamento (Levítico 19:18).
O conceito dado por Jesus é radicalmente diferente, se comparado com as
outras formas usadas por religiões e filosofias orientais. A diferença é sutil,
mas muito importante. A Regra de Ouro bíblica é um comando positivo para
mostrar o amor ativo, ao passo que as demais são formas passivas e negativas,
algumas vezes chamadas de Regra de Prata devido ao seu comando invertido:
• Confucionismo: “Não faça aos outros o que você não quer que façam
a você” (Analectos 15:23).
• Hinduísmo: “Este é o supremo dever: não faças aos outros o que
poderia causar dor se te fosse feito a ti” (Mahabharata 5:1517).
• Budismo: “Não trates os outros de maneira que tu próprio achas
que te feriria” (Udana-Varga 5:18).
A Regra de Ouro como afirmada por Jesus é radicalmente diferente por ser um
comando ativo e positivo de fazer o bem aos outros, ao contrário dos comandos
negativos e restritivos para não magoar. O mandamento do amor é o que separa a
ética cristã da ética de cada outro sistema. Apesar disso, existe um aspecto
universal na Regra de Prata: ela é válida para todos, ou seja, não estabelece
limites para quem deva se beneficiar dela.
Mas veja agora o que apologistas islâmicos chamam de Regra de Ouro do Islã:
O Profeta (ﷺ) disse: “Nenhum de vocês terá fé até que ele deseje ao seu irmão (muçulmano) o que ele deseja para si“. (Sahih Muslim p. 50, No. 45, Sahih al-Bukhari 13, Livro 2, Hadice 6 [1, 2, 3]
Isso mesmo, ela é válida apenas entre muçulmanos. Ela não é universal.
Para piorar, o Alcorão afirma claramente que Alá não ama não-muçulmanos [4, 5] e não quer que os muçulmanos tomem cristãos e judeus como amigos [6]:
Diga [O Maomé]: Se você ama a Alá, siga-me, Alá o amará e perdoará suas falhas, e Alá é Indulgente, Misericordioso. Diga: Obedeça a Alá e Seu Mensageiro; mas se eles virarem suas costas, por certo, Alá não ama os descrentes. (Alcorão 3:31-32)
Então, vire o seu rosto diretamente para a religião certa, antes que venha de Alá o dia que não pode ser evitado; naquele dia eles serão separados. Quem descrer, ele será responsável por sua descrença; e quem fizer o bem, eles se preparam (bem) para suas próprias almas, para que Ele possa recompensar aqueles que crêem e fazem o bem por Sua graça; certamente, Ele não ama os incrédulos. (Alcorão 30:43-45)
Ó vós que credes! Não tome os judeus e os cristãos como amigos. Eles são amigos um para o outro. Aquele entre vocês que os aceita como amigos é (um) deles. Lo! Alá não guia as pessoas erradas. (Alcorão 5:51)
E para piorar ainda mais, veja que Alá ordena que os muçulmanos sejam severos contra os descrentes [7]:
Maomé é o mensageiro de Alá. Aqueles que o seguem são severos contra os descrentes e misericordiosos entre si. (Alcorão 48:29)
Aí está: NÃO EXISTE REGRA DE OURO NO ISLÃO.
O amor de Alá é condicional: Alá designa amor para aqueles que acreditam no Islã [8]:
Lo! Quem crê e faz boas obras, o Mais Gracioso designará para eles afeição. (Alcorão 19:96)
Tafsir ibn Khadir deixa claro que a afeição é para quem Alá ama, e a rejeição é para quem Alá odeia.
E qual é a implicação disso? Muito sério. O Islã tem um conceito fundamental conhecido como al wala wal bara, que significa amar o que Alá ama e odiar o que Alá não ama. Alá não ama o não muçulmano (ou seja, a maior parte da população do mundo!).
De modo que o problema vai além de não existir uma Regra de Ouro no Islã. O problema é que a regra islâmica não é universal e se destina apenas aos muçulmanos. E, o que é pior, não enseja ação alguma, mas apenas desejar para o “irmão muçulmano” aquilo que ele deseja para sí. E qual o sentimento a ser destinado aos não muçulmanos? Odiá-los, pois Alá não os ama (al wala wal bara).
Contudo, existe um movimento da nova era que busca igualar a Regra de Ouro judáico-cristã e a Regra de Prata das religiões e filosofias orientais (ambas universais) com a “Regra de Lata Enferrujada” do islamismo (que é restritiva e discriminatória). Esse movimento encontra refúgio nas faculdades de humanas e religião de muitas universidades ocidentais, na extrema-imprensa pró-globalista e pró-islâmica, e até mesmo dentro da hieraquia da igreja católica e de muitas denominações protestantes, envolvidas no engodo do “diálogo interreligioso” que quer nos forçar a aceitar como igual aquilo que é diferente.
É correto tratar as pessoas seguindo a regra de ouro, independente de quem sejam.
Mas é errado considerar o Islã como possuidor de uma ética semelhante ao cristianismo ou mesmo à das religiões e filosofias orientais mencionadas acima, por que, como vimos, o Islã ensina que deve existir uma diferença de tratamento entre muçulmanos e não muçulmanos.
Existem aqueles que acham que as religiões são superficialmente diferentes mas fundamentalmente iguais. Isso está errado. Na verdade, as religiões são superficialmente iguais mas fundamentalmente diferentes. E o islamismo é o mais fundamentalmente diferente de todos. A ética islâmica é totalmente diferente … e para pior.
1. http://en.alukah.net/Shariah/0/657/#_ftnref1
2. https://sunnah.com/bukhari/2/6
3. https://www.sacred-texts.com/isl/bukhari/bh1/bh1_11.htm
4. http://corpus.quran.com/wordbyword.jsp?chapter=3&verse=32#(3:32:1)
5. http://corpus.quran.com/wordbyword.jsp?chapter=30&verse=45
6. http://corpus.quran.com/translation.jsp?chapter=5&verse=51
7. http://corpus.quran.com/translation.jsp?chapter=48&verse=29
8. http://corpus.quran.com/translation.jsp?chapter=19&verse=96
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