Tivemos a oportunidade de discutir esta pergunta anteriormente, no artigo intitulado Muçulmanos e cristãos NÃO adoram o mesmo deus.
Agora, tomei conhecimento do livro Cristãos e muçulmanos adoram o mesmo Deus? (download gratuito) a partir da página do Facebook Analisando o Islã. Este livro contém o ensaio de 25 autores (teólogos, missionários e missiólogos) que tentam responder esta pergunta.
Eu estou tomando a liberdade de transcrever abaixo o texto da página Analisando o Islã que introduz o contexto que levou a elaboração deste livro, e alguns comentários adicionais.
Vamos então.
Em 2015, Larycia Hawkins, professora da Wheaton College, a maior e mais prestigiada universidade protestante americana, escreveu um texto dizendo que cristãos e muçulmanos adoram o mesmo Deus. Pronto, estava armada a polêmica que inflamou as mais diversas opiniões, ora concordando, ora discordando, ora demonizando, ora um meio-termo, etc. Choveram textos na internet, como sempre acontece nesses casos.
O contexto de tal declaração, foi o atentado terrorista que matou americanos, na Califórnia, feito por muçulmanos influenciados pelo ISIS, cujo um dos resultados foi a hostilização dos muçulmanos americanos, que foram colocados todos no mesmo pacote: terroristas.
Numa forma de se construir pontes dialógicas e de solidariedade para com eles, ela usou o hijab, e ainda convidou outras cristãs a fazerem o mesmo, e de quebra veio a afirmação polêmica em um texto, de que cristãos e muçulmanos adoram o mesmo Deus. Na época, antes dela o próprio papa Francisco fez esta afirmação (veneramos o mesmo Deus), que de certo modo a influenciou. Isso não é novidade, visto que o papa João Paulo II em algumas ocasiões afirmou o mesmo.
O presente livro traz 25 reflexões escritas por teólogos, missionários e missiólogos, sobre as implicações que tal afirmação traz. Eles não escreveram para criticá-la, demonizá-la, ou endossar o que ela escreveu. Mas para refletir sobre as diferenças, semelhanças, como dialogar, como conviver, como evangelizar os muçulmanos, como construir pontes sem comprometer a exclusividade da religião cristã, etc.
O desenrolar da celeuma com a professora que desencadeou todo esse burburinho, resultou em sua demissão da Wheaton College. Visto que segundo a direção, ela não quis apresentar a sua defesa pessoalmente, quando solicitada, mesmo que ela tenha esclarecido publicamente por escrito o que ela realmente quis dizer, quando afirmou sobre a adoração em comum a mesma divindade que cristãos e muçulmanos compartilham. Segundo ela, a chave para essa compreensão é o livro bíblico de Atos no capítulo 17.
Mas e então, os autores concordam que são o mesmo Deus o objeto de adoração nas duas religiões? Não! Mas esse “não”, só fica explicado/explicitado quando lemos a presente a obra. As nuances ontológicas e epistemológicas dão o tom da discussão.
Fecho dizendo, que o caso dessa professora é mais um daqueles, em que parece que as vítimas de verdade têm pouca importância diante das críticas lançadas contra a religião daqueles que perpetraram os atos terroristas, destruindo vidas e famílias. Quando atos hediondos são realizados, a mídia e docentes em peso saem em defesa de um sistema religioso, que não os suportaria, caso a sharia fosse implantada.
Esse é o nosso ocidente!
Um dos autores deste livro escreveu:
“Quando eu era jovem e trabalhava como missionário no sul da Ásia em uma nação muçulmana muito conservadora, inicialmente acreditava que o Deus do islã e do cristianismo eram o mesmo. Entretanto, com o passar do tempo – ao adquirir experiência junto ao povo muçulmano, após muitas leituras do Alcorão, e tendo me familiarizado com os Hadiths de Maomé – dei uma guinada de 180 graus. Em termos teológicos, o Deus do Alcorão e de Maomé assemelha-se ao Deus da Bíblia no que a Bíblia afirma sobre ‘um só Deus’ criador. Mas, mesmo o conceito de ‘um só Deus’ rapidamente depara-se com uma bifurcação uma vez que o Deus das Escrituras inspiradas é um Deus em três pessoas, Trindade bendita” (pag. 58).
Outro autor disse:
“Então, surge a pergunta: se cristãos e muçulmanos usam a mesma palavra para Deus, ‘Alá’, isso significa que adoramos o mesmo Deus? Minha resposta é: ‘Não; não significa’. Minha razão para dizer isso é porque, a despeito do fato de usarmos a mesma palavra para Deus, teologicamente o Deus cristão é muito diferente em seu caráter do Deus dos muçulmanos. Por exemplo, os cristãos creem no Deus Trino da Bíblia (o Pai, que nos ama, Jesus o Filho, que morreu por nós, e o Espírito Santo, que habita em nós), bem como o adoram. A encarnação, quando Deus desceu até nós no homem Jesus Cristo, é baseada na Trindade. Ao mesmo tempo, vemos Deus como nosso Pai no céu e como o Espírito Santo que é nosso auxiliador sempre presente. Essa visão de Deus é completamente antitética ao tawhid no islã” (pag. 72-73).
Concluo compartilhando um vídeo no qual John Piper responde a mesma pergunta.
Leia depois o artigo A origem do termo “Allah”
\Recursos-Cristãos e muçulmanos adoram o mesmo Deus_Não
Deixe um comentário