Você sabia que a biografia do profeta islâmico Maomé foi escrita quase 200 anos após a sua morte?
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Sirat Rasul Allah, a Vida do Mensageiro de Alá, é o primeiro texto escrito sobre Maomé. A tradição islâmica diz que este livro foi escrito por Muhammad ibn Ishaq, mais de cem anos após a morte de Maomé. Mas esse livro não existe. Existe apenas a tradição que diz que ele existiu. Quase cem anos mais tarde, um outro escritor, ibn Hisham escreveu o que ele disse ser uma versão higienizada da biografia de Maomé escrita por ibn Ishaq. Segundo ibn Hisham, a biografia original de ibn Ishaq continha descrições muito gráficas de detalhes da vida de Maomé, o que o levou a retirar da sua versão diversas passagens comprometedoras. Nunca saberemos o que seriam essas “passagens comprometedoras”, mas pode-se apenas imaginar, pois a biografia escrita por Ibn Hisham apresenta um Maomé que cometeu diversos crimes. Só que esses crimes são tratados como atos sagrados, logo, sedimentando um péssimo exemplo.
Este artigo faz parte de uma série sobre as fontes primárias islâmicas. Por favor, veja os links ao final do artigo.
(Por favor, leia o artigo / assista o vídeo Vida de Maomé e islamismo para alunos do ENEM que discute quem foi Maomé, que além de líder religioso, foi também líder político, líder militar, senhor da guerra, assaltante de caravanas, traficante de escravos, pirata, pervertido sexual e pedófilo. Um resumo da biografia de Maomé, em português, está disponível em A Vida de Maomé, a Sira.)
A Sirat Rasul Allah é comumente referenciada como sira ou sirah, e é um dos três textos fundamentais do islamismo, ao lado do Alcorão e dos Hadices (coleção de feitos e dizeres de Maomé). Esta trilogia forma a base da Sharia, a lei islâmica.
O Alcorão não fala nada sobre a vida de Maomé. Detalhe algum. Nada. O Alcorão penas menciona Maomé quatro vezes (Alcorão 3:144, 33:40, 47:2 e 48:29), cinco se contarmos a menção a Ahmed (Alcorão 61:6). Para saber sobre a vida de Maomé, é preciso consultar a biografia de ibn Hisham (a sira).
Muito embora a biografia de Maomé descreva diversos crimes de Maomé, o seu texto é construído para mostrar Maomé como um homem santo, imitando os evangelhos de diversos modos. Veja bem, ibn Hisham escreveu a sira no século nono, quando as escrituras cristãs já estavam sedimentadas há séculos, e em uma região que ainda era majoritariamente cristã. O islamismo, apesar de ser a religião oficial da dinastia abássida, que começou no ano 749 (século oitavo), ainda buscava a sua afirmação frente ao grosso da população cristã. Nada mais razoável do que criar um texto que apresentasse Maomé com prerrogativas que os cristãos atribuíam a Jesus, até mesmo como estratégia para tentar convertê-los. Os abássidas também precisavam forjar Maomé como um líder político e militar impiedoso para justificar suas guerras e a repressão sobre a população cristã.
Mas a confusão toda começa exatamente aí. Ao se consultar a sira encontra-se todas essas histórias tenebrosas de Maomé. Se você leva isso para o seu amigo muçulmano, ele vai dizer para esquecer a sira, e olhar apenas para o que foi escrito depois da sira, mais precisamente os hadices de al-Bukhari e Muslim. Mas, se você começar a apresentar as ações e dizeres tenebrosos de Maomé como descritos nos Hadices, o seu amigo muçulmano irá dizer que muitos dos hadices não são confiáveis. O que se conclui então, é que nada do que foi escrito nos séculos oitavo, nono e decimo é confiável. Ou seja, os muçulmanos desses séculos formam o grupo dos maiores mentirosos da história! Afinal, nada do que eles escreveram é confiável! Essa contradição só termina com os muçulmanos que aceitam todas as ações tenebrosas de Maomé como atos sagrados, incluindo violência extrema e perversão sexual. E se você criticar isso, você vai ser morto!
Mas o fato é que nós podemos tomar a biografia de ibn Ishaq e ibn Hisham como a maior “falsificação da história islâmica”, e os motivos são apresentados abaixo.
A primeira pergunta é por que não temos uma biografia de Maomé escrita nos primeiros cem anos após sua morte? Existe algum motivo para que isso não tenha acontecido? Compare com os cristãos. Os cristãos foram perseguidos, eles sofreram, eles foram mortos, eles foram queimados vivos, eles não tinham poder, eles não tinham recursos, eles não tinham os meios, mas mesmo assim eles foram capazes de escrever não apenas uma biografia, mas quatro biografias de Jesus nos primeiros 60 anos do cristianismo. Por que o mesmo não aconteceu no islamismo? O islamismo tinha o poder, eles eram os governantes, eles tinham os meios, eles tinham dinheiro, eles tinham os escritores, eles tinham tudo, mesmo assim eles não foram capazes de escrever uma única biografia de Maomé nos primeiros 130 anos. Esse fato nos apresenta uma pergunta fundamental: por que isso aconteceu? Existe algum motivo que impediu que a biografia de Maomé fosse escrita? Talvez existam vários problemas com a pessoa Maomé. Seria o Maomé descrito pela literatura que nós temos acesso, escrita 100, 200 anos após a sua morte, diferente do Maomé que realmente existiu? O que aconteceu durante esses 100, 200 anos desde a morte de Maomé até a sua primeira biografia? Teria um novo Maomé sido forjado durante este tempo para satisfazer as demandas dos governantes da época? Essa pergunta é válida porque existem várias coisas na biografia de Maomé cuja historicidade é questionada e que contradizem o Alcorão. Por exemplo, o Alcorão diz que Maomé não fez nenhum milagre. Mas a biografia (e os hadices que a sucederam) descrevem vários milagres de Maomé. Quer dizer então que o Alcorão está errado? Ou será que isso significa que no islamismo vale tudo para enganar os outros?
Quem escreveu a primeira biografia de Maomé? Seu nome é Muhammad, o mesmo nome que Maomé. Ele viveu entre 699 e 769 (no calendário islâmico, entre 80 e 151 após a hégira AH). Seu sobrenome é ibn Ishaq, que significa que ele é filho de Ishaq, e Ishaq é filho de Yasar (ibn Yasar). Então, Yasar é o avô de Mohamad ibn Ishaq. Yasar era um cristão, e quando os muçulmanos invadiram o atual Iraque, o jihadista Khalid ibn Walid, conhecido como a Espada de Alá, tomou Yasar, então um jovem, como escravo, o levou para a Medina, e o vendeu para a família de Maomé. As fontes islâmicas dizem que Yasar estava estudando em uma igreja quando foi preso e escravizado. De modo que Yasar conhecia os evangelhos. Muhammad ibn Ishaq aprendeu siríaco e tinha familiaridade com os evangelhos como herança familiar, algo que ele iria utilizar na biografia de Maomé.
Por que Muhammad ibn Ishaq escreveu a sira? Por ordem do califa (abássida) Abu Ja’far al Mansur, que o contratou com este propósito, quando ele vivia no Iraque. Isso é interessante, pois os evangelhos foram escritos por vontade própria dos evangelistas, que, por amor a Jesus, quiseram descrever a sua vida. Evangelista algum foi pago para escrever a biografia de Jesus. Mas, para escrever a biografia de Maomé, o muçulmano fez isso para ganhar um dinheiro do califa.
Quando Muhammad ibn Ishaq escreveu a sira? Vejamos as datas. Al Mansur foi califa entre 754 e 775 DC. Muhammad ibn Ishaq morreu em 769 DC. Logo, a sira foi escrita entre 754 e 769 DC. Considerando que Maomé morreu em 632 DC, conclui-se que a sira foi escrita cerca de 130 anos após a morte de Maomé. E, em 130 anos, muita coisa aconteceu.
Agora, vamos levantar um outro problema. Não existe cópia alguma da sira escrita por ibn Ishaq. Nós apenas temos cópia da sira escrita por ibn Hisham. O intervalo entre a morte de Maomé e a sua primeira biografia se amplia. Ibn Ishaq (que faleceu 769 DC) teve um aluno chamado Ziad Albakai (que faleceu em 802 DC), que teve um aluno chamado ibn Hisham (que faleceu em 833 DC). Logo, a biografia que possuímos foi escrita 200 anos após a morte de Maomé. A biografia original, escrita por ibn Ishaq 130 anos após a morte de Maomé, foi editada por Ziad Albakai, sendo reeditada por ibn Hisham, 200 anos após a morte de Maomé.
Qual a reputação de ibn Ishaq? Estudiosos muçulmanos o consideravam um falsificador. Malik ibn Anas, o fundador de uma das quatro escolas de jurisprudência islâmica sunita, disse que ele era um Dajjal men Dajajila, o que significa ele é um dos grandes mentirosos, um charlatão entre muitos charlatões. Al-Bukhari não tinha confiança nele, motivo pelo qual não achamos seus hadices em sahih al-Bukhari. Ahmed ibn Hanbal, contudo, tinha uma opinião diferente. Segundo ele, a sira de ibn Ishaq era uma boa fonte de história, mas não de legislação.
Contudo, qualquer que seja a confiabilidade histórica da sira de ibn Ishaq / ibn Hisham, muito do que é o retrato de Maomé ao longo dos séculos passou para a consciência geral dos muçulmanos. Muitos incidentes na vida de Maomé, incluindo aqueles que se tornaram influentes na história islâmica, não têm outra fonte. Os relatos de historiadores muçulmanos posteriores muitas vezes dependem exclusivamente de ibn Ishaq / ibn Hisham. A sira é lida e respeitada pelos muçulmanos hoje.
A confusão sobre o Paráclito.
Já aconteceu com você de conversar com algum muçulmano que insiste em dizer que o Paráclito, o Espírito Santo, o Espírito da Verdade, como mencionado no evangelho segundo São João (15:26), é Maomé? Pois fique sabendo que esta confusão começou com ibn Ishaq. E o argumento usado por ele é que a palavra em siríaco para Paráclito é munahhemana (mnhmn), e que se assemelha foneticamente com muhammad (mhmd). É claro que isso é um exagero, mas vale tudo na pregação muçulmana (dawa).
(Muçulmanos vão insistir com insanidades, e contra-argumentar com argumentos lógicos parece não funcionar. Um exemplo clássico é o Alcorão dizer que a Santíssima Trindade é formada pelo Pai, Filho e Maria. Isso mesmo, segundo o Alcorão, Maria, a mãe de Jesus, é a terceira pessoa da Trindade. E não adianta você mostrar que isso está errado, porque está no Alcorão, e, claro, o Alcorão está correto.)
Um Maomé milagroso e messiânico
Muito embora o Alcorão (17:59; 21:5) afirme que o único milagre associado a Maomé foram as revelações do Alcorão, os autores da biografia (sira), bem como os autores dos hadices, contradizendo o Alcorão, resolveram apresentar milagres e eventos sobrenaturais para criar um aspecto messiânico em Maomé.
Conforme mencionamos anteriormente, a sira de ibn Ishaq e ibn Hisham faz um grande esforço de criar paralelos com os evangelhos na tentativa de fazer parecer que é tudo sobre Maomé, e não sobre Jesus.
Os evangelhos e a genealogia de Maomé. A sira (ibn Ishaq / ibn Hisham) começa com uma genealogia de Maomé. Ela imita os evangelhos de Lucas e Mateus com a intenção de equiparar Maomé a Jesus. Para um autor (como ibn Ishaq / ibn Hisham), vivendo em um ambiente predominantemente cristão, qual o modelo a ser usado para se escrever uma biografia? Então, imita-se o evangelho para tentar ligar Maomé a Ismael e Abrahão, para tentar legitimar Maomé. A primeira coisa forjada pela sira é a genealogia de Maomé.
Mas não é apenas a genealogia. Uma série de eventos são descritos na sira, eventos esses que guardam uma enorme similaridade com eventos da vida de Jesus.
Por exemplo, a exemplo da Estrela de Belém, também existiu uma estrela no nascimento de Maomé. Maomé seguiu em uma caravana à Síria quando tinha 12 anos de idade e se encontrou com um monge cristão, a mesma idade que Jesus tinha quando foi a Jerusalém visitar o templo e se encontrou com os anciões do templo. A exemplo de Jesus, Maomé multiplica a quantidade de comida, mas de tâmaras e não de pães (para parecer diferente). A exemplo de Jesus, Maomé curou a visão de uma pessoa.
Biografia de Maomé | Evangelhos |
Genealogia (p. 3) | Genealogia |
A estrela de Maomé (p. 70) | A estrela de Jesus |
Profecias sobre Maomé | Profecias sobre Jesus |
Começou pregação aos 40 (p. 104) | Começou pregação aos 30 |
Maomé foi até uma caverna (p. 106) | Jesus foi para o deserto |
Jejum de 30 dias (p. 106) | Jejum de 40 dias |
Maomé encontra um ser espiritual (um anjo) (p. 106) | Jesus encontra um ser espiritual (o demônio) |
O ser espiritual atrai Maomé ao mencionar escritura (Alcorão) | Jesus afasta o demônio mencionando a Bíblia |
Escolhe seus discípulos (p. 115); 12 ajudantes (ansar) em Aqaba (p. 198) | Escolhe seus discípulos |
Começa a pregar em segredo (p. 115) | Começa a pregar em segredo |
Proclama o começo da pregação (p. 117) | Proclama o começo da pregação |
Sofre perseguição em Meca (p. 130) | Sofre persecução |
Hégira de Meca (p. 221) | Deixa Nazareth |
Sofre atentado (p. 222) | Sofre atentado |
Incursões militares | Pregação |
Cura a visão de Qatada (p. 381) | Cura o cego |
Aumenta a quantidade de comida (multiplica as tâmaras) (p. 452) | Multiplica os pães e os peixes |
Morto por judeus (p. 516) | Morto por judeus |
Profecias sobre Maomé contidas na sira para rivalizar Maomé com Jesus e torná-lo messiânico
A sira também começa com profecias sobre Maomé, profecias essas que são feitas através de judeus e cristãos, que anunciam que um grande profeta que está por vir. De novo, algo copiado dos evangelhos.
- Abu Mutalib (avô de Maomé) promete sacrificar seu filho Abdullah (que viria a ser o pai de Maomé) [ibn Hisham / ibn Ishaq, pp. 66], numa clara referência ao sacrifício de Abrahão.
- Amina, a mãe de Maomé, era a mais excelente mulher dentre os coraixitas em nascimento e em posição [ibn Hisham / ibn Ishaq, pp. 68].
- “O apóstolo de Alá era o mais nobre dentre o seu povo em nascimento, e o maior em honra, tanto pelo lado do seu pai quanto pelo lado da sua mãe” [ibn Hisham / ibn Ishaq, pp. 69].
- Waraqa, um cristão que vivia no Hijaz e que “havia estudado as escrituras” disse que “um profeta surgiria no meio deste povo” [ibn Hisham / ibn Ishaq, pp. 69].
- Amina, a mãe de Maomé, teria ouvido uma voz dizendo “você está grávida com o senhor deste povo,” mandando que ela chamasse seu filho mhmd – muhammed). [ibn Hisham / ibn Ishaq, pp. 69]
- Durante a gravidez, Amina, a mãe de Maomé, viu uma luz sair dela, luz essa capaz de iluminar os castelos de Busra, na Síria (distância entre Meca e Busra: 1300 km). [ibn Hisham / ibn Ishaq, pp. 72]
- No dia do nascimento de Maomé, um judeu de Iatribe (atual Medina, cidade a 400 km de Meca) afirmou: “Esta noite subiu uma estrela, sob a qual Ahmed está para nascer.” (Ahmed é uma abreviação de mhmd) [ibn Hisham / ibn Ishaq, pp. 70].
- Quando criança, Maomé teve uma visão na qual “dois homens, em roupas brancas, vieram até mim com uma taça cheia de neve. Eles me pegaram e partiram o meu corpo em dois. Então, eles pegaram meu coração o abriram, e retiraram de dentro dele com coágulo negro que eles jogaram fora. Então eles lavaram meu coração e o meu corpo com aquela neve até que eles estivessem totalmente puros” [ibn Hisham / ibn Ishaq, p. 72].
- Um grupo de cristãos da Abissínia viram Maomé logo após ele deixar de amamentar. Após “estudá-lo com cuidado” eles disseram que “ele irá ter um grande futuro. Nós sabemos tudo sobre ele” [ibn Hisham / ibn Ishaq, p. 73]
- Certa vez, um cartomante do Iêmen montou uma barraca em Meca. O supersticiosos coraixitas enfileiravam seus filhos para ouvir suas previsões, e Abu Talib trouxe seus filhos e Maomé junto com o resto. Ao ver Maomé, o cartomante gritou: “Traga-me aquele menino! Traga-me aquele menino que eu vi agora, pois ele tem um grande futuro!” [ibn Hisham / ibn Ishaq, p. 79]
- Bahira, um monge cristão que Maomé conheceu durante a caravana à Síria (quando tinha 12 anos), “analisou o seu corpo e viu nele traços da sua descrição nos livros cristãos” [ibn Hisham / ibn Ishaq, p. 79]. Bahira também teria identificado o “selo da profecia” (uma verruga enorme que Maomé tinha nas costas) [ibn Hisham / ibn Ishaq, p. 80].
- Na mesma oportunidade, Bahira teria dito ao tio de Maomé, Abu Talib, “guarde-o com cuidado dos judeus, pois, por Alá, se eles o virem e souberem o que eu sei sobre ele, eles vão fazer-lhe mal” [ibn Hisham / ibn Ishaq, p. 81].
- Quando Maomé tinha 25 anos de idade, ele liderou uma caravana à Síria para a sua prima (e futura primeira esposa) Cadija. No caminho, Maomé sentou-se à sombra de uma árvore. Um monge cristão teria dito que “ninguém, mas apenas um profeta, jamais sentou-se à sombra daquela árvore” [ibn Hisham / ibn Ishaq, p. 82].
Deve-se notar, por uma questão de história, que não há registro de cristãos esperando um profeta na Arábia 540 anos após a morte de Jesus; nem há qualquer registro de qualquer livro cristão com sinais indicando um profeta árabe (a menos que inclua o tempo que São Paulo passou na Arábia após sua conversão e retorno a Damasco); nem há qualquer registro de qualquer heresia cristã que tenha tais crenças; e para colocar a vida de Maomé no contexto da história cristã, na transição dos séculos VI para VII, a igreja foi liderada pelo Papa São Gregório Magno; em suma, o cristianismo estava bem estabelecido e não buscava novos profetas nem novas heresias. [Spencer, The Truth about Muhammad, p. 38].
Maomé, o exemplo de conduta para a humanidade?
A sira apresenta Maomé como o ‘melhor dos melhores’ dizendo que “Maomé cresceu para ser o melhor de seu povo em masculinidade, o melhor em caráter, mais nobre em linhagem, o melhor vizinho, o mais gentil, verdadeiro, confiável, o mais distante removido da imundície e dos modelos corruptos, por altivez na nobreza, de modo que ele era conhecido entre seu povo como “O Confiável” por causa das boas qualidades que Deus havia implantado nele” [ibn Ishaq / ibn Hisham, p. 81].
Isso é consistente com o Alcorão 33:21 que diz que “o mensageiro de Alá é o exemplo para toda a humanidade.”
Mas o problema é que a biografia de ibn Ishaq e ibn Hisham descrevem Maomé como um criminoso sanguinário, traficante de escravos e pervertido sexual. Mais detalhes sobre a vida de Maomé podem ser encontrados no artigo Vida de Maomé e islamismo para alunos do ENEM. Um resumo da sira, em português, pode ser encontrado no livro A Vida de Maomé, a Sira, escrito por Bill Warner e traduzido por Luigi Benesilvi.
A sira transforma uma sociedade agrária em sociedade urbana
Mais uma coisa. O Alcorão retrata uma sociedade agrária/pecuária, aonde as pessoas vêm com frequência a “Esposa de Ló”, um pilar de sal mineral localizado junto ao Mar Morto. Estranhamente, a sira retrata uma sociedade urbana, com laços tribais estabelecidos, peregrinações e um conhecimento geral do meio religioso-político-econômico da região circundante. Meca e Iatribe (Medina) são descritas como localizadas nas principais rotas comerciais.
Resumo:
- Quase dois séculos após a morte de Maomé, os governantes da dinastia (califado) abássida contrataram estudiosos para redigirem a biografia de Maomé.
- Os governantes precisavam consolidar o islamismo. Para tal, precisavam elevar Maomé a um patamar, pelo menos, equivalente ao de Jesus para converter os cristãos a religião oficial do califado. Para tal:
- Contrariando o alcorão, forjaram milagres feitos por Maomé;
- Elevaram Maomé a um estágio messiânico.
- Eles também precisavam justificar suas guerras e a repressão contra os cristãos. Para tal, forjaram Maomé como líder político e militar impiedoso.
- Os governantes precisavam consolidar o islamismo. Para tal, precisavam elevar Maomé a um patamar, pelo menos, equivalente ao de Jesus para converter os cristãos a religião oficial do califado. Para tal:
- Até então, não existia nada sobre a suposta vida de Maomé, apenas narrativas orais e lendas que passavam de geração para geração.
- Seria como escrever hoje sobre a Guerra do Paraguai baseando-se tão somente em narrativas orais e lendas.
- Some-se a isso, o interesse político dos governantes da Dinastia Abássida que se usaram da biografia de Maomé para se justificar no poder.
- A biografia de Maomé (sira) tornou-se um dos pilares da Trilogia do Islamismo e o retrato de Maomé que ela descreve se incorporou à consciência geral dos muçulmanos.
Leituras complementares:
- Vida de Maomé e islamismo para alunos do ENEM
- A Vida de Maomé, a Sira
- Cronologia das fontes primárias: islamismo x cristianismo (64h)
- O que é o Alcorão? (47d)
- Desenvolvimento histórico das ‘Fontes Primárias do Islamismo’ (41d)
- O que é o islamismo? (40d)
- Erros internos, numéricos e científicos no Alcorão e nas Tradições de Maomé, ou seja o islão é mais furado que queijo suíço (vídeo 23)
- Erros históricos e anacronismos do Alcorão provam que ele é humano e não divino (vídeo 22)
- Fontes primárias islâmicas dizem não existir preservação perfeita do Alcorão (vídeo 20)
\069(d)-Sira-A-Biografia-de-Maome