História da Jihad islâmica contra a Indonésia. Como os indonésios lutaram contra os jihadistas a partir do no século 15, para, pouco a pouco, sucumbirem à jihad, e como hoje hindus, budistas e cristãos indonésios, de Bali às Molucas, continuam travando uma batalha pela sobrevivência contra os jihadistas indonésios.
O Islã foi difundido na Indonésia não apenas por persuasão e pressões comerciais, mas também pela espada
— M. C. Ricklefs, autor de A History of Modern Indonesia since c.1300
Poucos sabem que a “conversão da Indonésia” para o islamismo também ocorreu sob a égide da Jihad Islâmica, que significa, guerra para espalhar o islamismo, e essa guerra pode ser empreendida usando-se de quaisquer meios e estratagemas. A conquista islâmica da Indonésia envolveu todos os aspectos da jihad islâmica, seja a jihad demográfica (casar com quantas mulheres locais – não muçulmanas – for possível, ter muitos filhos e cria-los para serem muçulmanos devotos, convencer homens a se tornarem muçulmanos para poderem se casar com muçulmanas, criar comunidades fechadas que se distingam legal e culturalmente da comunidade nativa, e se aproximar dos governantes exigindo tratamento diferenciado e tentando influenciá-los, ou mesmo, converte-los), a jihad armada, pela espada, através de conflitos, pequenos ou grandes, e, no poder, perseguir os não muçulmanos, criando todos os tipos de dificuldades nas vidas diárias dos nativos daquela região que não sejam muçulmanos para tornar suas vidas tão insuportáveis que a única opção para se livrar da perseguição é se tornar muçulmano.
A islamização da Indonésia se assemelha em muitos aspectos a islamização da Europa atualmente em curso. Não existiu invasão militar por uma força externa. A invasão se deu através de comércio e imigração. Mas, assim instalados e com governantes muçulmanos no poder, o islamismo foi imposto por todos os meios, incluindo guerra contra os descrentes.
O resultado final é a destruição da cultura e civilização locais, e imposição da cultura árabe muçulmana, seja no vestir, seja no comportamento, seja nos nomes próprios, ou seja, um puro imperialismo islâmico. O processo pode demorar séculos, mas é contínuo e sem descanso. Com exceção da Península Ibérica, não existe exemplo algum de lugar onde o islamismo tenha sido extinto após ter sido instalado.
A Indonésia de hoje é o país muçulmano mais populoso do mundo. Mas isso não foi assim. Antes do islamismo tocar a primeira ilha que forma esta nação arquipélago, no século 15. O hinduísmo e o budismo, foram prevalentes por mais de dezesseis séculos, junto a crenças animistas que os antecederam. A partir do século 15, no entanto, a jihad islâmica chegou, tornando o hinduísmo e o budismo uma minoria no país.
Tem gente que ainda diz que a Indonésia é um exemplo de islamismo moderno e tolerante. Os fatos mostram o contrário.
No decorrer deste artigo, iremos mencionar diversos lugares geográficos, apresentados na Figura 1.
A Indonésia e a Malásia antes da chegada do islamismo
Entre o século II a.C. e o século VI d.C. reinos centralizados começaram a se desenvolver na Península Malaia bem como nas grandes ilhas de Sumatra e Java. No século VII surgiu o império Serivijaia, baseado em Java, Sumatra e Malaia, existindo até o século XIV (Figura 2). O enfraquecimento de Serivijaia levou ao crescimento dos reinos de Trambalinga (séculos X a XIII), na Malaia, e de Dharmasraya (séculos X a XIII), em Sumatra. Na ilha de Java, as dinastias Sailendra e Matarão existiram desde o século VIII ao século X. O século XIII viu o crescimento do fabuloso Império Majapait (séculos XIII a XVI), espalhando-se predominantemente pela Malaia, Java, Sumatra, Bornéu e alcançando até mesmo as Célebes e as Molucas (Figura 3). Esses reinos tiveram suas contrapartes ilustres no Laos, Camboja e Birmânia (Myanmar).
Antes da jihad islâmica chegar ao arquipélago indonésio, os indonésios eram budistas e hindus, sejam pela fé ou culturalmente, e conviviam em harmonia com o animismo local. Eles seguiam uma fé eclética. Eles foram capazes de desenvolver um grande civilização a partir do budismo e do hinduísmo, criando impressionantes obras arquitetônicas. Eles construíram cidades magníficas. Por exemplo, a dinastia Sailendra (sec. VIII-X) construiu o fabuloso complexo de Borobudur (Figura 4), ao passo que a dinastia Matarão (sec. VIII-X) construiu o magnífico complexo de Prambanan (Figura 5), ambos na ilha de Java. Estes são apenas dois exemplos da grande herança arquitetônica deixada por eles. Cidades semelhantes pontilharam a Malásia e a Indonésia dos séculos XII a XV. O Império Majapait deixou a herança de uma Era de Ouro do Arquipélago, com arquitetura, monumentos, artesanato intricado, literatura e poesia.
Esses impérios e dinastias eram compostos por vários reinos menores, muitos deles vassalos, em diferentes épocas. Claro que existiam conflitos entre reinos, mas nenhum que afetasse a grande cultura hindu-budista-animista que se dominava essa imensa região. Os conflitos não existiam por motivos religiosos nem culturais, apenas visando poder.
Existia forte interação comercial com seu vizinho do norte – o reino de Aiutaia (Tailândia), com os chineses e com os indianos, que compartilhavam muitos dos aspectos culturais. Estes povos deixaram registros dos diversos reinos e impérios. Muito do que se sabe, por exemplo, do Império Serivijaia advém de relatos escritos de mercadores chineses. Curiosamente, seria um antagonismo comercial com Majapait que levaria os chineses da dinastia Ming a contribuir com o fortalecimento da ponta de lança islâmica na Península Malaia, em Malaca. Conforme veremos, Malaca havia se tornado um enclave muçulmano com a conversão ao islamismo do último rei de Serivijaia, Parameswara (Paramiçura), ocorrida no desespero para se manter no poder.
Chegam os primeiros maometanos
A data exata dos primeiros muçulmanos na Malaia e Indonésia é incerta. Existia comércio marítimo através do estreito de Malaca entre a Índia, a China e as ilhas do arquipélago indonésio, por vários séculos antes do islamismo ter sido inventado, e é de se esperar que com a jihad islâmica contra a Índia, que começou logo nos primórdios do islamismo, árabes ou muçulmanos arabizados também fossem atraídos por oportunidades comerciais. Por exemplo, uma lápide muçulmana no leste da ilha de Java tem uma data correspondente a 1082. Mas evidências substanciais do Islã na Indonésia começam apenas no norte de Sumatra no final do século XIII.
Então, em uma data incerta durante o século XIII, os primeiros dhows (barcos) árabes chegaram ao norte da ilha de Sumatra. Eles carregavam não apenas mercadorias, mas também a espada e a mentalidade assassina do islamismo.
Esses mercadores árabes, ou arabizados, fizeram do porto de Pasai o seu centro de comércio e moradia. Pasai (também grafado como Pacém), mais tarde conhecido como Samudera-Pasai, ou como Samudera Darussalam, fica na atual província de Achém. Pasai era um próspero reino portuário na costa norte de Sumatra nos séculos XIII a XV. A riqueza de Pasai atraiu, então, mercadores árabes que, com o passar do tempo, se casaram com mulheres locais para criar uma comunidade muçulmana que era meio árabe e meio indonésia, pois os filhos desses casamentos eram criados como muçulmanos.
Eis aí a Jihad Demográfica, com as levas de comerciantes e imigrantes muçulmanos, todos homens, casando-se com as mulheres locais, budistas, hindus ou animistas, convertendo-as ou não, mas educando seus filhos e filhas nas recém-criadas madraças para serem muçulmanos. E, claro, a prática da poligamia islâmica acelera o crescimento populacional.
Como mencionado por Ricklefs (2001), esses comerciantes e imigrantes muçulmanos não eram conquistadores. Eles desejavam esposas, e que elas e seus filhos fossem muçulmanos. Guerras contra os descrentes no interior das ilhas apenas ocorreram depois que vilas portuárias se tornaram centros do islamismo.
De onde vieram estes primeiros comerciantes e imigrantes muçulmanos? O nome da primeira vila onde eles se estabeleceram oferece uma pista. Acredita-se que o termo “Pasai” seja derivado de Parsi, ou imigrante parse da costa oeste da Índia, nomeadamente Gujarat. Além de Pasai, um outro pequeno reino commercial muçulmano teria existido, na mesma época, em Peureulak (ou Perlak), governados por sultões.
Contudo, poucas evidências foram deixadas para permitir um estudo histórico destes reinos (Ricklefs, 2001). Séculos mais tarde, a região compreendida por estas duas cidades fariam parte do Sultanato de Achém (XVI e XVII).
Quando o viajante veneziano Marco Polo aportou em Sumatra, no seu caminho para casa oriundo China, em 1292, ele descobriu que Perlak era uma cidade muçulmana, enquanto dois lugares próximos, que ele chamou de ‘Basma(n)’ e ‘Samara’ não eram. O explorador marroquino Ibn Batuta também aportou no norte da Sumatra, em 1345 ou 1346, no seu caminho com destino à China, e relatou que o governante era seguidor da escola de jurisprudência islâmica Shafi’í (Ricklefs, 2001).
Árabes enganam e intimidam o último rei Serivijaia, Parameswara (Paramiçura), para se casar com uma garota muçulmana e forçá-lo a se converter ao Islã
O grande império Serivijaia havia se reduzido a um enclave centrado em Palimbão (Palembang), na ilha de Sumatra. O seu último rei hindu foi Parameswara, chamado de Paramiçura nas crônicas portuguesas, a Suma Oriental (de 1515). Ele se tornou vítima das circunstâncias, precisando ser enganado para se tornar muçulmano. Paramiçura era um descendente da dinastia Serivijaia e governava de Palimbão, no sul da Sumatra. Mas durante o tempo de Paramiçura, Serivijaia estava em declínio e Majapait tornou-se o suserano de Serivijaia. Paramiçura teve uma disputa violenta com o governante Majapait e foi forçado a mudar sua capital de Palimbão para a relativamente mais segura ilha de Temasek – atual Cingapura. Lá, durante uma escaramuça com as forças de Majapait, Paramiçura matou o príncipe Temagi do Sião (Tailândia), que era aliado de Majapait. Isso irritou o rei siamês (que era sogro do príncipe Temagi), que ameaçou capturar e matar Paramiçura. Isso levou a outra série de batalhas entre Serivijaia contra Sião e Majapait. Paramiçura fugiu para noroeste com sua esposa e mil homens, refugiando-se nos meandros do rio Muar por seis anos.
Malaca, aproximadamente 50 km ao norte de Muar, era uma vila pesqueira e porto comercial frequentado e habitado por árabes, onde haviam se instalado. Em Malaca, os árabes prometeram ao rei Paramiçura, ajuda em sua luta contra seus rivais da Tailândia. A partir de 1402, Paramiçura tornou-se cada vez mais dependente dos árabes para evitar as tentativas dos tailandeses de vingar o massacre de seu príncipe e as ambições territoriais de Majapait. Os soldados-mercadores árabes, cuja posição se tornou cada vez mais forte na corte de Paramiçura, ofereceram enviar mais forças para lutar ao lado dele, se ele se convertesse ao islamismo. Inicialmente, Paramiçura recusou esta oferta com desprezo. Mas à medida que a luta avançava, sua posição tornava-se mais precária.
Em Malaca vivia uma princesa de Pasai. Ela era uma dessas mestiças muçulmanas árabe-indonésia, e era uma donzela de extrema beleza. Paramiçura se apaixonou por ela, tornando sua posição ainda mais precária em relação aos árabes. Paramiçura, aliás, não tinha herdeiro de sua rainha, mas seu novo amor lhe disse que ela estava grávida de seu filho. O apaixonado Paramiçura, que estava se tornando cada vez mais fraco militarmente, queria um herdeiro desesperadamente. Nesse desespero, e em seu amor cego por seu novo amor, ele a pediu em casamento, apenas para ser informado de que o casamento só seria possível sob ritos muçulmanos, para os quais ele precisava se converter ao Islã. Para obter um herdeiro, Paramiçura concordou e recitou a Shahada antes que pudesse trazer seu novo amor, do harém para seu palácio, como sua rainha legítima. Mas de acordo com os registros do tribunal de Serivijaia, na realidade, a criança que sua esposa muçulmana disse estar carregando não era dele, mas sim de um árabe, pois Paramiçura era velho e diagnosticado como impotente por seus médicos. Mas o desejo de se tornar uma pessoa normal e ter um herdeiro foi esmagador para Paramiçura e esse desejo o obrigou a abandonar sua religião ancestral e se converter ao Islã.
Assim, em 1414, por motivos amorosos e desesperados, Paramiçura converteu-se ao islamismo depois de se casar com a princesa de Pasai. Após sua conversão, ele assumiu o título de Sultão Iskandar Xá. Após sua conversão, sua meia rainha árabe também encorajou seus súditos a abraçar o islamismo e foi assim que Malaca caiu de mão beijada na mão dos muçulmanos e se tornou um sultanato.
Existe uma diferença entre a narrativa apresentada na Suma Oriental e nos Anais Malaios, uma obra literária do século XVI que dá uma história romantizada da origem, evolução e desaparecimento do Sultanato de Malaca. Segundo a Suma Oriental, o primeiro rei hindu a se converter ao islamismo, e adotar o nome de Iskandar Xá, foi o filho de Paramiçura, porém enganado para se tornar muçulmano do mesmo jeito.
O Sultanato de Malaca (1402-1528) e a jihad contra a Indonésia e contra a Tailândia
Os descendentes de Paramiçura iniciaram a primeira dinastia muçulmana e expandiram o Sultanato de Malaca. No seu auge, o Sultanato abrangia a maior parte da moderna Península da Malásia, o local da moderna Cingapura e uma grande parte do leste de Sumatra e Bornéu. O governador de Bornéu mais tarde separou-se de Malaca para formar o Sultanato independente de Bornéu. Por muito tempo, Malaca permaneceu o centro do Islã da Malásia e do arquipélago da Indonésia.
Era de Malaca de onde imãs e clérigos muçulmanos saiam na direção da Malásia e Indonésia para discutir religião e coisas do gênero. Missionários muçulmanos também foram enviados pelos sucessivos sultões de Malaca para difundir o islamismo nas comunidades hindu e budista no arquipélago malaio, como em Sumatra, Java, Bornéu e Mindanao (Filipinas). A maior parte do Sudeste Asiático naquela época era hindu-budista, exceto nas Filipinas, onde a população era predominantemente animista.
No século 15, o Sultanato de Malaca destruiu o reino hindu de Majapait na Indonésia criando campo aberto para a expansão do islamismo
Os rivais regionais mais importantes do Sultanato de Malaca continuaram a ser a Tailândia ao norte e o declinante Império Majapait no arquipélago indonésio (Achém, Riau, Palimbão [Palembang] e Célebes [Sulawesi]) ao sul e leste. Mas dentro do arquipélago, Majapait não foi capaz de controlar ou competir efetivamente com os sultões de Malaca com seu novo zelo pelo Islã e, finalmente, chegou ao fim no final do século XVI. Após o desaparecimento do reino de Majapait e a conversão de parte de seus habitantes ao islamismo, os sultões de Malaca, juntamente com seus aliados árabes, concentraram-se na conquista da Tailândia, com o objetivo de converter os tailandeses ao islamismo, bem como estabelecer sultanatos vassalos nas diversas ilhas do arquipélago.
O surgimento dos sultanatos islâmicos e imposição do islamismo foram auxiliados por episódios de golpes de estado e destituição de governantes hindus, guerras, e controle do comércio marítimo e dos mercados finais.
O Sultanato de Malaca teve grande apoio dos chineses da dinastia Ming, que desejavam enfraquecer Majapait para obter controle total do comércio marítimo, uma das consequências das expedições marítimas Ming lideradas pelo almirante Zheng He (1371-1433), no mar meridional da China, mar de Java. e no oceano Índico, até a costa suaíli da África. A presença da poderosa marinha Ming não apenas introduziu um aspecto militarista sem precedentes na região do Oceano Índico, mas também levou ao surgimento da atividade comercial dirigida pelo Estado no mundo marítimo. Os mercadores muçulmanos tiveram, deste modo, até a chegada dos europeus, ampla liberdade no comércio marítimo e na instalação de diversos sultanatos.
Após a queda de Majapait, o Islã se espalhou mais para o leste. Ao norte de Java, os muçulmanos travaram jihad para conquistar Banjarmasin em Bornéu e mais a oeste para Sumatra, onde Palembang, Minangkabau (Sumatra Ocidental), Pasai e Perlak também se converteram lentamente.
Os muçulmanos tiveram sucesso nas ilhas do arquipélago, estabelecendo diversas cabeças de ponte em cidades portuárias, e promovendo jihad no interior das ilhas. Diversos sultanatos foram estabelecidos, com a conversão dos reis hindus e imposição do islamismo sobre a população, golpes de estado, ou a usual jihad armada. Citamos os sultanatos de Achém (sec. XVI-XVII, em Sumatra, que se tornou um protetorado do Império Otomano), Matarão (1589-1754, em Java), Demak (1475-1554, após a conversão do filho do último rei Majapait, em Java), Ciberon (surgiu em decorrência de uma revolução islâmica dentro do reino hindu de Sunda, em 1482, em Java), Banten (conquistado por Demak também sobre o reino de Sunda, em 1552, em Java), Gowa (1605, nas ilhas Célebes, após a conversão do rei hindu de Gowa), Banjar (fundado por um membro da linhagem real do reino hindu de Negara Daha, no sul de Bornéu), e, no noroeste de Borneo, o Sultanato de Brunei surgiu no século XVI, com vazio gerado pela queda do império Majapait, ocupado com o influxo de comerciantes e imigrantes muçulmanos de Malaca. E, para finalizar, mencionar os sultanatos de Ternate (sec. XV), Tidore (sec. XV), Jailolo (sec. XV) e Bacan (sec. XV), nas ilhas Moluscas e Célebes, porém sem expressão devido ao seu isolamento e tamanho. Os sultanatos seguiam a lei islâmica. Pronto. Estava feito o estrago.
Em 1511, os portugueses conquistaram Malaca. Mas o sultanato ainda sobreviveu. O sultão de Malaca fez uma aliança com o Sultanato de Demak, e declarou uma jihad contra os portugueses para tentar reconquistar a cidade. Os jihadistas tentaram quatro vezes, e foram derrotados nas quatro. Em 1528, o Sultanato de Malaca foi dividido em dois estados independentes, o Sultanato de Johor e o Sultanato de Perak.
A capital do Reino hindu de Pajajaran era Sunda Kelapa, localizada na atual capital de Jacarta, na ilha de Java. Em 1527, Sunda Kelapa foi conquistada pelos muçulmanos do sultanato de Demak. Após sua conquista, a cidade foi renomeada Jaya Karta (“a grande cidade” em sânscrito), que é a origem do nome atual, Jacarta.
O Império Otomano ajudou os sultanatos do Sudeste Asiático, tornando Achém um protetorado e enviando expedições para reforçar, treinar e equipar os mujahadin (guerreiros sagrados) locais. Os turcos imigraram rotineiramente para Brunei, Sumatra, Bornéu e Ternate todos os anos, incluindo veteranos derrotados da Batalha de Lepanto.
Quando os europeus, notadamente os britânicos e holandeses, começaram a exercer controle efetivo do arquipélago, no século XVII, o islamismo já tinha se instalado como a força religiosa e cultural predominante. E, como se sabe, uma vez instalado em um lugar, é muito difícil tirá-lo de lá (único exemplo na história foi a Reconquista de Portugal e Espanha). O mesmo não se pode dizer do budismo, hinduísmo e cristianismo, exterminados de todos os lugares onde o islamismo se instalou.
Enquanto isso, na Tailândia
Durante grande parte do século XV, as energias do Reino de Aiutaia (Tailândia) foram direcionadas para a Península Malaia, onde o grande porto comercial de Malaca contestava suas reivindicações de soberania. Como os antigos estados hindu-budistas de Malaca, juntamente com outros estados malaios ao sul de Tambralinga (antigo reino hindu na Península Malaia), tornaram-se muçulmanos no início do século, um islamismo ressurgente e agressivo serviu como um símbolo de solidariedade malaia contra os tailandeses e, por um tempo, parecia que os tailandeses também teriam que se submeter ao Islã. Mas a partir do século XVII sucessivos reis tailandeses aliaram-se às potências marítimas ocidentais, os portugueses e os holandeses, e conseguiram afastar a ameaça dos malaios muçulmanos e seus senhores árabes.
A Jihad contra a Indonésia hoje
Mesmo na Indonésia, embora a maioria da população tenha se convertido ao Islã, até hoje a luta dos indonésios pré-muçulmanos sobreviventes contra os muçulmanos continua na ponta oriental da Indonésia (Bali). Mesmo nas Molucas, onde a população é cristã, freiras, pastores, alunas cristãs são rotineiramente assassinados. Até hoje o Islã é um fator desestabilizador na Indonésia e encontra expressão nas atividades do grupo Jemmah Islamiya liderado pelo sorridente terrorista Abu Bakar Bashir, que junto com outros jihadistas ligados à Al Qaeda e Estado Islâmico, planejam transformar a Indonésia multiétnica em um califado islâmico, além de fomentar problemas no sul da Tailândia.
Portanto, embora a Indonésia esteja prosperando externamente, há descontentamento fervendo abaixo da superfície. Os indonésios muçulmanos não gostam que seu país seja retratado como uma nação multiétnica. Para eles, a Indonésia não é um paraíso onde todos são bem-vindos. Eles gostariam de substituir o atual regime por um califado islâmico, onde os hindus e cristãos seriam reduzidos ao status de dhimmis (cidadãos de segunda classe). Assim, embora a maioria da população tenha se convertido ao islamismo, até hoje a luta dos indonésios pré-muçulmanos sobreviventes em Bali e os substanciais indonésios não muçulmanos (chineses étnicos, hindus, budistas e cristãos) contra a dominação muçulmana continua, mas em grande parte sem ser relatada pela grande imprensa, que insiste na narrativa “muçulmanos são vítimas, cristãos são opressores. E tudo o que contradiga esta narrativa, deve ser omitido.”
Uma curiosidade
Recentemente (final de 2021), surgiu a notícia de que a filha do primeiro presidente indonésio abandonou o islamismo, se convertendo ao hinduísmo. Sukmawati Sukarnoputri é filha do fundador e primeiro presidente da Indonésia, Sukarno (OpIndia). Esta notícia trouxe à tona a profecia feita pelo Sacerdote Hindu Sabdapalon da corte do rei Brawijaya V do Império Majapait, o império mais poderoso da Indonésia. Quando o reino caiu sob influências islâmicas e Brawijaya V se converteu ao islamismo em 1478, Sabdapalon amaldiçoou o rei. Ele prometeu voltar depois de 500 anos, na época do desastre natural e da corrupção política. O sacerdote místico previu libertar o arquipélago das garras do Islã e restaurar a glória da religião hindu javanesa. Será?
Referências
Além das fontes citadas por links no artigo, também foram consultados:
- Ricklefs, M.C. 2001. A History of Modern Indonesia since c.1300. 3rd Edition, Stanford University Press. ISBN 0-333-57690-X
- Suma Oriental, II – Malaca. Tomé Pires (1515)
- Majapahit in the Fifteenth Century
- The Sabdopalon Prophecy, Is It Happening Soon?
- The Islamization of Java
- History of Jihad – Jihad Against Indonesia
- Spread of Islam in Indonesia
- The impact of Zheng He’s expeditions on Indian Ocean interactions
\Indonesia-Jihad-A-Conquista-da-Indonesia
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