Cerca de dez anos atrás, eu escreví um artigo intitulado Islamização da Europa, o mesmo pode acontecer no Brasil?, no qual eu discuti as causas do fenômeno. Dez anos se passaram e o problema só fez se agravar.
O que segue abaixo é a tradução do artigo Globalization in the shadow of the Crescent, que trata da aliança entre globalistas de mercado, marxistas modernos (progressistas) e jihadistas, algo que tentamos registrar aqui. O artigo é de Alexandre Maistrovoy, puyblicado em 3 de agosto de 2022.
Em maio deste ano, a Audi postou um vídeo no Twitter com a legenda “At#EUDiversityMonth #Audi“. Tinha pouco a ver com a publicidade do carro em si. Era uma propaganda da diversidade, e muito específica. No vídeo, uma mulher vestindo um hijab preto levantou lentamente a bandeira do arco-íris com as duas mãos.
Vou repetir: uma mulher muçulmana em roupas tradicionais islâmicas promove a comunidade LGBT. Considerando como os muçulmanos tratam gays, lésbicas e transgêneros, isso é comparável aos nazistas anunciando produtos judaicos ou aos stalinistas anunciando a Declaração dos Direitos Humanos. No entanto, essa curiosidade é um excelente exemplo da direção em que o processo de globalização está se movendo.
A ideia de uma “aldeia global” com uma economia global, culturas que se complementam e se enriquecem, inspira a humanidade desde os tempos antigos. Alexandre, o Grande, foi o primeiro homem que tentou colocar esta ideia em prática, tendo ligado Oriente e Ocidente. Isto foi seguido por inúmeras tentativas de natureza semelhante. Da Roma Antiga à Utopia de Thomas More, Rosacruzes e Maçons, da Companhia Holandesa das Índias Orientais e da Rota da Seda à Organização Mundial do Comércio – as pessoas constantemente buscavam maneiras de implementar esse ideal promissor e mutuamente benéfico.
No início do novo milênio, os Estados Unidos, com sua abertura, uma estranha combinação de messianismo, empreendorismo e ingenuidade, tornou-se condutor da nova ordem mundial, que deveria combinar conveniência financeira, justiça social e unificação universal. Esses esforços dificilmente podem ser chamados de bem-sucedidos. Em 2008, o então presidente Barack Obama apresentou ao Senado o Global Poverty Act, conhecido como S2433. Os Estados Unidos, sob os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU, comprometeram-se a gastar 0,7% de seu produto nacional bruto para ajudar países estrangeiros a reduzir a pobreza e melhorar a saúde pública. Este projeto de lei não foi promulgado.
Estruturas mundiais como a ONU e a OMC também não são eficientes. A influência de Hollywood e corporações americanas, como Microsoft, Intel, AMD, Coca-Cola, Apple e McDonald’s, nos processos sociais e políticos do mundo, é muito superficial. A ajuda humanitária está a ser saqueada impiedosamente.
A situação mudou drasticamente nas últimas décadas. Três direções de globalização se formaram diante de nossos olhos, que o sociólogo austríaco Manfred Steger definiu como globalismo de mercado, globalismo de justiça e globalismo de jihad.
À primeira vista, não há nada em comum entre os três. Além disso, eles até parecem irreconciliáveis uns com os outros. Mas as primeiras impressões enganam.
Globalismo de mercado
As elites financeiras ganharam controle ilimitado sobre o mundo, subjugando e destruindo as economias nacionais. Sob o pretexto de combater o aquecimento global, provoca-se artificialmente uma crise energética; a agricultura devários países – dentre eles dois dos principais produtores de produtos agrícolas, como Holanda e Canadá, está sendo destruída.
Com o advento da mídia de alta tecnologia, como Amazon, Google, Facebook, Twitter, etc., o globalismo de mercado atingiu um nível qualitativamente novo. O manifesto “Construindo uma comunidade global” de Mark Zuckerberg, em fevereiro de 2017, refletiu a narrativa da globalização da mídia social, assim como o “Manifesto” de Karl Marx” se tornou uma bíblia do movimento comunista emergente. As redes sociais envolveram o mundo inteiro.
Os gigantes da super alta tecnologia não precisam de fronteiras nacionais, nem de fabricantes e consumidores nacionais com características culturais específicas. Pelo contrário, eles, como as elites financeiras, precisam de um plâncton consumidor sem rosto e sem palavras – onívoro e sem forma, controlado e dirigido.
Globalismo da ‘justiça’
Como implementar esse projeto de “criar um novo homem”? Aí vem a esquerda radical, o “globalismo da justiça” progressista dos despertadores. Os progressistas odeiam a civilização ocidental. Eles não vão reformá-la. Eles querem extirpá-la, junto com suas tradições, cultura, música, ciência, filosofia, e seus “Homens Europeus Brancos Mortos”.
Por meio de teorias de ‘neutralidade de gênero’, eles destroem a própria instituição da família e condenam seus povos à degeneração demográfica e cultural.
Através da migração em massa de países do Terceiro Mundo, eles realizam uma substituição étnica.
Através de conceitos pseudo-marxistas, como cultura de cancelamento, identidade política ou teoria racial crítica, eles promovem a superioridade das comunidades marginalizadas que odeiam o estado de direito e as normas geralmente aceitas.
Como os bolcheviques, eles se esforçam para criar um “novo homem” – um homem sem restrições morais e valores éticos, extremamente infantil e incapaz de pensamento crítico. Essa pessoa seria um tipo ideal de consumidor.
Dito isto, nenhuma sociedade pode existir na atmosfera de anarquia total sem leis, ordem e regras. Tal sociedade deixará de consumir e simplesmente se autodestruirá. É aqui que o globalismo jihadista entra em cena.
Globalismo jihadista
O globalismo jihadista anseia pela criação do Califado mundial, onde uma sociedade “perfeita” vive de acordo com a lei islâmica Sharia, sem qualquer iniciativa, individualismo e racionalismo. O modelo globalista dos islamistas é extremamente conveniente para financistas e gigantes de alta tecnologia. Ao estabelecer normas sociais estritas dentro da estrutura da lei Sharia, os islamistas, por um lado, restringem as forças desconstrutivas da sociedade e, por outro, permitem que o “plâncton” obediente consuma livremente em todas as esferas da vida (exceto bens específicos, como produtos alcoólicos).
Por meio de engenhocas inteligentes e repressão severa, os globalistas islâmicos podem controlar com sucesso toda a população e mantê-la dentro da estrutura de uma comunidade organizada. Como resultado, em vez de uma sociedade desenvolvida, civilizada e verdadeiramente democrática, temos um gigantesco rebanho de consumidores obedientes – uma versão ocidental-islâmica da sociedade totalitária chinesa, tão admirada pela elite ocidental globalista.
Qual será o destino dos marginais e progressistas? Claro que vai ser triste. Mas muito provavelmente, consciente ou inconscientemente, eles estão dispostos a retornar ao seu papel habitual de párias submissos e caçados, já que não sabem e não querem desfrutar dos benefícios da verdadeira liberdade.
Essa aliança dos três ramos do globalismo explica o fenômeno que parece inexplicável: a simpatia do establishment progressista e globalista americano para a Irmandade Muçulmana e para o Irã, sistemas que são, por definição, hostis à democracia ocidental e seus valores. Após ser eleito para o seu segundo mandato, Obama, que não escondeu sua ligação com o islamismo, fez uma aposta não na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes ou em Israel (como seria de se esperar), mas… na Turquia, Egito e Irã.
A Turquia é governada pelo Partido da Justiça e Desenvolvimento de Erdogan, um ramo da Irmandade Muçulmana. O Egito, naquela época, também era governado pela Irmandade Muçulmana, liderada por Mohamed Morsi. Deve-se notar que a teocracia iraniana xiita se relaciona em termos bastante amigáveis com a Irmandade Muçulmana. O Irã apoiou Morsi, para não mencionar o Hamas, o ramo árabe palestino da Irmandade Muçulmana, e cooperou com sucesso com a Turquia. A primeira viagem marcante de Obama foi feita à Turquia, em abril de 2009 (em contraste, Trump escolheu a Arábia Saudita e Israel para sua primeira viagem como presidente). O primeiro grande discurso de política externa de Obama foi proferido no Cairo, onde os islâmicos chegaram ao poder logo em seguida, com o apoio aberto da Casa Branca. Obama se recusou a usar terminologia ‘anti-muçulmana’ como “guerra ao terror”. A principal missão de política externa de Obama (como a do governo atual de Joe Biden e Kamala Harris) foi o apaziguamento do Irã. Tanto Obama quanto John Kerry apoiaram o Catar em seu conflito com os Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Bahrein. O Catar, como sabemos, é aliado da Irmandade Muçulmana, Turquia e Irã.
A administração Biden copia esse curso com precisão. Os EUA nomearam oficialmente o Catar como parceiro estratégico e grande aliado não-OTAN.
A aceitação do modelo de globalismo jihadista pela elite globalista e progressista explica muitas outras coisas que parecem inexplicáveis à primeira vista: “termos especiais favoráveis” para migrantes muçulmanos (mas não para refugiados genuínos – cristãos e yazidis, por exemplo); carta branca para gigantes enclaves muçulmanos nas áreas metropolitanas europeias; legalização real da lei Sharia; fracasso em proteger mulheres e crianças da violência em massa por parte dos migrantes; aceitação dos ritos primitivos mais repugnantes, como a circuncisão feminina; legitimação dos partidos da Irmandade Muçulmana associados à Turquia e ao Catar; e a proibição de qualquer crítica ao Islã sob o pretexto de combater a “islamofobia“.
“Quando você elimina o impossível, o que resta, por mais improvável que seja, deve ser a verdade”, disse Sherlock Holmes.
Este é o nosso caso. Globalistas de mercado, progressistas e jihadistas encontraram aliados uns nos outros. Portanto, o carro conhecido como Audi é anunciado por uma mulher vestindo um hijab e carregando a bandeira LGBT.
Alexander Maistrovoy é autor de “Agony of Hercules or a Farewell to Democracy (Notes of a Stranger)” , disponível na Amazon e Barnes & Noble.
\Islamizacao Europa – Globalização à sombra da ‘Lua Crescente’ 2022
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