A saída dos EUA do Afeganistão está criando um vácuo, sendo rapidamente ocupado pelo Talebã. O tumulto sendo criado talvez sirva de motivo para que os EUA e Reino Unido manterem algum tipo de força militar no país. A princípio, a data de 11 de setembro foi (curisoamente) escolhida pelo presidente Biden para a retirada total das forças militares dos EUA. Outra dúvida é até que ponto os EUA estarão efetivamente deixando áreas estratégicas do Afeganistão.
Após vinte anos ocupando o Afeganistão, os EUA e seus aliados nunca se preocuparam em criar um verdadeiro exército nacional afegão. Quando os EUA entraram no Afeganistão, eles entraram no país escolhendo um dos lados da guerra civil. Esta guerra civil era predominantemente de base étnica, com o Talebã de um lado e a Frente Islâmica para a Salvação do Afeganistão do outro. Tanto o Talebã quanto a Frente Islâmica defendem o que é considerado o islamismo sunita dominante na região. Para tornar a Frente Islâmica mais palatável para o público americano, o Pentágono usou o nome “Aliança do Norte” como um eufemismo para Frente Islâmica.
O Talebã, que significa “estudantes”, foi inicialmente apoiado pelo Paquistão e pela CIA para lutar contra a União Soviética. A Frente Islâmica foi principalmente uma aliança entre um exército de tadjiques e um exército de uzbeques, também apoiada pela minoria xiita Hazara que vive no centro do Afeganistão. A Frente Islâmica foi apoiada pelo Tajiquistão, Uzbequistão, Rússia, Irã e Turquia. O Talebã foi apoiado pela Arábia Saudita, Catar e Paquistão. A nação do Catar ainda mantém relações diplomáticas abertamente com o Talebã até hoje. O Paquistão é amplamente acusado de patrocinar secretamente o Talebã.
Em setembro de 2001, em vez de eliminar estrategicamente a Al-Qaeda, os EUA entraram na guerra civil afegã junto com a Frente Islâmica. A Al-Qaeda teve meses para fugir para sua base secundária no Waziristão, no Paquistão. Depois disso, a maioria dos membros da Al Qaeda foi para o Iraque usando a mesma rede de casas seguras que a CIA financiou ao longo dos anos 80 e 90. Logo, o Talibã estava recuando. Em vez de criar um exército nacional, os EUA simplesmente fizeram da Frente Islâmica o exército nacional. Isso criou uma situação em que metade do país via o exército nacional como seu antigo inimigo étnico.
Nos últimos dias, o Talebã tem assumido o controle de distritos em todo o país. O exército afegão abandonou seus postos em muitos lugares, permitindo ao Talebã apreender estoques de armas e veículos. No nordeste do país, muitos soldados afegãos fugiram de seus postos para o Tajiquistão. Agora, os militares russos estão movendo tropas para ajudar o Tajiquistão a selar sua fronteira.
O Irã vem realizando reuniões diplomáticas com representantes do Talebã em Teerã. O Irã é o protetor do povo xiita Hazara e está negociando a paz entre as milícias xiitas e o Talibã. Enquanto isso, o governo afegão está culpando o Paquistão pela situação, e o acusa de patrocinar secretamente o Talebã.
Depois de 20 anos, a presença dos EUA no Afeganistão parece ter servido apenas para a morte de 1.144 funcionários da OTAN mortos, com dezenas de milhares feridos, ver centenas de bilhões desviados para o buraco negro da corrupção e comércio de armas, a completa reabilitação da indústria de opiáceos afegã, a colocar o Afeganistão sob a influência indireta dos chineses a partir dos seus fantoches Irã e Paquistão.
Os EUA foram incapazes de criar um governo estável e um exército nacional. Compare quando a União Soviética deixou o Afeganistão, o governo se sustentou por mais três anos, e talvez apenas tenha perdido a guerra civil que se seguiu, contra o Talebã, exatamente por que a União Soviética entrou em colapso.
Os EUA e a OTAN nunca tentaram modernizar a cultura do Afeganistão. De fato, a constituição do país promulgada com o apoio dos EUA após a queda do Talebã segue a lei islâmica Sharia de um modo tão ortodoxo que deixaria o próprio Talebã orgulhoso.
\Afeganistao Taleban reassume controle de distritos inteiros 2021
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