A data de hoje, 16 de julho, marca o aniversário de um dos mais importantes eventos da Reconquista da Península Ibérica: a vitória do exército cristão sobre os invasores muçulmanos que ainda mantinham sob seu controle a porção sul da península.
Vídeo, com legendas em portugês, apresenta um resumo da conquista muçulmana da Península Ibérica e da Reconquista levando ao climax da Batalha das Navas de Tolosa (conhecida em árabe como Batalha de Al-Uqab), em 16 de julho de 1212. A coligação católica entre os reinos de Portugal, Castela, Aragão e Navarra, junto com os Cavaleiros Templários e as Ordens de Santiago e Calatrava derrotou os muçulmanos almóadas do Marrocos, próximo a localidade espanhola de Jaén.
O vídeo foi produzido pelo Canal “Kings and Generals.” Para quem gosta de História, este canal é muito interessante e recomendável! O vídeo original se encontra em https://youtu.be/Yl8iWejuZmM. Um pouco mais sobre a Batalha das Navas de Tolosa neste artigo. (https://www.bitchute.com/video/xXS86JS2GMBf/)
A nossa tradução está transcrita abaixo.
(Ao final deste artigo, um vídeo que mostra o desenvolvimento da Reconquista, ano a ano)
Carlos Martelo e os Francos pararam a invasão muçulmana na Batalha de Tours em 732 AD.
Por causa disso, são comumente considerados os salvadores da Europa.
Mas foram os povos da Península Ibérica (Espanha e Portugal) que, apesar dos contratempos iniciais,
resistiram aos muçulmanos (mouros) por séculos.
Eventualmente, os espanhóis e portugueses começaram a recuperar suas terras evento chamado de A Reconquista.
O califado islâmico conquistou vastas terras da Ásia Central ao Norte da África em menos de um século.
Em 708 dC, os muçulmanos chegaram ao Marrocos.
Os conquistadores islâmicos estavam a apenas 15 km da Europa e em 711 dC o general berbere (mouro) Táriq invadiu a Hispânia (Espanha).
Esta província romana estava sob o controle do reino visigodo.
Os muçulmanos desembarcaram em Gibraltar; “A montanha de Táriq” em árabe.
Embora eles só tenham acionado aproximadamente 12.000 homens eles continuaram a conquistar o território derrotando decisivamente o rei visigodo Rodrigo, em 712, na Batalha de Guadalete.
Pouco depois, a capital, Toledo, foi ocupada.
O reino visigodo entrou em colapso e em apenas 7 anos toda a Península foi subjugada, com exceção de algumas regiões montanhosas remotas.
Os ancestrais dos bascos, os vascões, não tinham interesse em se render.
Uma pequena força dirigida pelo nobre Don Pelayo derrotou os muçulmanos em 718 (28 de maio) na Batalha de Covadonga.
Don Pelayo foi capaz de criar um novo estado ao norte da península que foi chamado de Astúrias.
Esta vitória é considerada o evento que começou a Reconquista.
Muçulmanos viram pouco uso em tentar pacificar esta região inóspita e eles voltaram os olhos para a França.
Entre 719 e 759 suas forças tentaram invadir os francos em várias ocasiões mas em cada uma delas, eles foram repelidos.
Enquanto isso, na Espanha, o novo rei das Astúrias, Alfonso I, tomou Pamplona e depois quase toda a Galiza em 750.
Os muçulmanos tiveram suas disputas internas e no mesmo ano, a dinastia omíada foi substituída pela dinastia abásida um dos últimos omíadas, Abdul Rahman, conseguiu salvar sua vida e tomar Córdoba em 756.
Formou um emirado independente e unificou a maioria da Espanha muçulmana sob seu governo nos 25 anos seguintes.
Os emires tentaram tomar o norte da península mas eles foram derrotados em 794.
Durante a Batalha de Lutos, as forças muçulmanas foram aniquiladas por Alfonso II das Astúrias.
Para o leste, os cristãos criaram o novo Reino de Pamplona, mais tarde transformado no Reino de Navarra, enquanto Astúrias foi renomeado Reino de Leão.
Ambas as nações eram aliadas em sua tentativa de rechaçar o emirado mas esta aliança foi derrotada na batalha de Valdejunquera.
Esta foi a maior derrota cristã durante a Reconquista.
O emirado de Córdoba se sentiu suficientemente influente para se declarar um califado.
Isso simbolizava que eles eram tão fortes quanto os califados Abásida ou Fatímidas.
Apesar disso, o rei de Leão, Ramiro II, conseguiu derrotar as forças muçulmanas em 939 na batalha de Simancas.
Infelizmente, a situação no Reino de Leão não foi estável e logo após esta vitória Castilla se rebelou, e isso não permitiu que os cristãos continuassem a Reconquista.
A situação se tornou mais calamitosa no final do século X.
O califa começou a dar menos tempo para assuntos de Estado e o nobre Al-Mansur tornou-se o líder de fato do califado.
Ele mudou totalmente a situação na península ibérica, pois entre 978 e 1002 ele conseguiu derrotar todos os domínios cristãos várias vezes.
Esses reinos foram obrigados a pagar impostos a Córdoba depois de sua derrota esmagadora na Batalha de Severa no ano 1000.
A morte de Al-Mansur, em 1002, afundou o califado em uma guerra civil que terminou com o seu próprio colapso.
Os domínios muçulmanos foram divididos em dezenas de senhores da guerra chamado taifas, que pode ser traduzido como “tribos”.
Parecia o momento perfeito para um ataque cristão e recuperar a península.
E, assim, o rei de Navarra, Sancho III, teve sucesso na unificação com Castilla, León e Aragón.
No entanto, após sua morte, seu reino foi dividido entre seus muitos filhos no que resultou em várias guerras entre Castela, Leão, Aragão e Navarra.
Incursões intermináveis e caos marcaramo sé culo XI.
A figura central dos eventos da época é Rodrigo Díaz de Vivar, também conhecido como “El Cid”.
Este líder militar entrou no mito coletivo da Espanha e de toda a cristandade por seus atos.
Um dos reis que ele serviu, Afonso VI, conseguiu unificar Castela, Leão e Galiza.
Em 1077, Alfonso era forte o suficiente e declarou-se imperador da Espanha.
De fato, muitas taifas muçulmanas foram forçadas a pagar tributo, e, em 1084, ele conseguiu tomar controle da antiga capital, Toledo.
Este ato preocupou as entidades muçulmanas de toda a península e eles pediram ajuda aos seus vizinhos do sul, os berberes almorávidas.
Os berberes foram rapidamente para a Espanha e derrotaram, decisivamente, Alfonso, em 1086, em Sagrajas.
Os almorávidas decidiram aproveitar a fraqueza das taifas e, em 1110, eles ocuparam o sul da península.
No entanto, foi muito tarde, porque os reinos cristãos estavam recebendo ajuda significativa de seus correligionários, e isso ficou evidente em toda a região.
Em 1139, Portugal foi estabelecido como um reino, e com a ajuda dos cruzados, Lisboa foi reconquistada em 1147.
Enquanto isso, ao sul, os berberes tiveram problemas,
pois uma nova seita, os almóadas, começaram a conquistar o Marrocos e Espanha, e, em 1173, esse processo foi concluido.
Os almóadas representavam uma seita mais fanática do Islã.
Enquanto os muçulmanos lutavam entre si, no norte, os reinos espanhóis construíram uma forte aliança.
O Reino de Castela, liderado por Alfonso VIII, lançou uma campanha dentro do território almóada, mas, durante a Batalha de Alarcos em 1195 foi severamente derrotado, e qualquer desejo para reconquistar foi momentaneamente adiado.
Nem os almóadas nem os cristãos aceitavam este novo equilíbrio.
Em 1211, o califa Muhammad Al-Nasir cruzou o Estreito de Gibraltar com um exército de 70.000 homens.
Papa Inocêncio III convocou uma nova cruzada.
Mais de 40.000 cruzados reuniram-se em Toledo na primavera de 1212.
Os reinos de Castela, Aragão, Portugal e Navarra, junto com os Cavaleiros Templários e as Ordens de Santiago e Calatrava, formaram um exército.
Este exército seria comandado pelo rei castelhano Alfonso VIII.
Nunca antes cristãos ou muçulmanos formaram exércitos tão grandes na Espanha, e esta campanha iria ser decisiva.
A estratégia muçulmana era simples. Al-Nasir se mobilizou rápido a maioria de suas forças para bloquear as passagens nas montanhas da Serra Morena, enquanto enviava grupos para sitiar os castelos inimigos próximos.
Ele pensou que os cavalheiros não seriam capazes de lutar eficazmente nas montanhas e eles ficariam sem suprimentos rapidamente.
Alfonso tentou atravessar as montanhas em várias ocasiões mas foi bloqueado.
Diz a lenda que o exército de Alfonso foi abordado por um pastor, que prometeu guiá-los através de um passo não protegido.
Esta manobra aparentemente surpreendeu Al-Nasir que ainda não tinha todo o seu exército sob seu comando.
Os exércitos estavam agora em uma área chamada Las Navas de Tolosa onde a batalha decisiva pela Espanha aconteceria.
Os espanhóis tiveram que lutar ladeira acima.
Seu exército foi dividido em 3 grupos com Alfonso no centro, com cavaleiros de suas ordens, o rei de Aragão, Pedro, à esquerda e o rei Sancho de Navarra à direita.
Cada grupo foi dividido em 3 linhas com infantaria na primeira, cavalaria na terceira e uma mistura de ambos na segunda.
Os muçulmanos fortificaram uma pequena posição para o califa e sua guarda.
Os almóadas tinham toda a sua cavalaria à direita e à esquerda, com o centro ocupado pela infantaria que consistia em muçulmanos locais, na linha de frente, e marroquinos na segunda.
A vanguarda do exército consistia em atiradores leves.
Tudo começou quando a cavalaria muçulmana atacou para a esquerda e para a direita. Após algum sucesso inicial, os cavaleiros muçulmanos foram contra-atacados por cavaleiros na segunda linha.
A cavalaria do califa foi empurrada de volta para cima da colina.
Os atiradores muçulmanos no centro recuaram sob o contato.
Mas a segunda linha se juntou ao ataque e as linhas cristãs estavam correndo perigosamente o risco de quebrar.
Diz-se que, neste momento, Alfonso entrou em pânico porque ele se lembrou da sua derrota esmagadora em Alarcos.
Somente após o encorajamento do clero, ele recuperou sua a razão e comandou o seu centro em um contra-ataque.
Os espanhóis pararam o seu recuo, mas a situação ainda era delicada.
No entanto, eles seriam salvos por uma manobra tática corajosa do próprio rei Sancho.
O líder navarro viu que a maioria do inimigo estava ocupada no centro e nos flancos. Então ele comandou seus cavaleiros até a colina para atacar o califa diretamente.
A guarda não esperava essa manobra e os cavaleiros se aproximaram do califa.
O califa ficou desesperado naquele momento e decidiu fugir.
Assim que as forças muçulmanas viram que sua bandeira não estava mais presente, elas quebraram suas linhas e tentaram fugir. Segundo as fontes, a maior parte do exército almóada morreu ou foi levado prisioneiro.
Os espanhóis foram vitoriosos.
Embora esta vitória não tenha trazido conseqüências imediatas ela marcou uma reviravolta.
Os almóadas logo entraram em colapso e os muçulmanos não voltaram a lançar nenhuma ofensiva séria contra a Espanha cristã.
Gradualmente, região por região, cidade por cidade, a Reconquista reivindicou toda a península.
Granada foi a última a ser reconquistada, em 1492, pelo Reino Unido da Espanha.
Desenvolvimento da Reconquista, ano a ano (https://www.bitchute.com/embed/1LNazpZL2EYa)
\Reconquista e Batalha das Navas de Tolosa