A Mesquita da Discórdia, também conhecida como a Mesquita da Oposição (Masjid al-Dirar) é um evento na vida de Maomé no qual ele manda queimar uma mesquita, e seus membros, estando à caminho para ir rezar nela, acusando-os de hipócritas (munafiqs) ou seja, acusando-os de não serem muçulmanos de verdade, mas apenas nas aparências.
Este foi o primeiro ato registrado de violência entre muçulmanos, tornando válido que tal violência ocorra, bastando um muçulmano acusar o outro de hipócrita (munafiq), tendo Maomé como exemplo de conduta. Isso vem ocorrendo ao longo dos séculos e ocorre ainda hoje, seja no Iraque, em Gaza, no Paquistão, etc., onde quer que existam muçulmanos.
Este é mais um evento triste, durante a fase inicial do Islã, que os muçulmanos geralmente não estão cientes. É mais um exemplo de violência cometida sem justificação, negociação ou procedimentos legais.
Deve ser dito que Maomé havia aprovado a construção desta mesquita, destruindo-a quando retornava da expedição militar contra a cidade cristã de Tabuk (outubro de 630).
É comum encontrar-se escritores muçulmanos justificando esta ação de Maomé (este artigo no wiki apresenta alguns deles). Contudo, estas justificativas trazem problemas ainda maiores, pois elas justificam qualquer tipo de atrocidade. Por exemplo, veja o que diz Muhammad al-Wahhab (o fundador do movimento Wahabista):
Também derivamos dessa história a permissibilidade de queimar lugares de pecado e desobediência, como o Profeta queimou a Mesquita Ad-Dirar (a Mesquita do Mal); e cabe ao imã destruí-los, demolindo-os ou queimando-os, ou alterando sua forma e mudando sua função.
E se esse fosse o caso em relação a Mesquita Ad-Dirar, então os santuários onde Shirk (descrença) é praticado deveriam, com muito mais razão, serem destruídos e igualmente as casas dos comerciantes de vinho e aqueles que praticam más ações; Umar [o segundo califa e companheiro de Maomé] incendiou uma aldeia inteira em que o vinho era vendido. E ele queimou o palácio de Sa’d quando se isolou do povo e o profeta pretendia incendiar as casas daqueles que não compareceram à oração da sexta-feira ou às orações da Congregação.
Ibn Ishaq narra o evento da Mesquita da Discórdia como:
O apóstolo continuou até que parou em Dhu Awan uma cidade a uma hora de jornada diurna de Medina. Os donos da mesquita da oposição tinham vindo ao apóstolo enquanto ele se preparava para o Tabuk, dizendo: ‘Nós construímos uma mesquita para os enfermos e necessitados e para as noites de mau tempo, e gostaríamos que você viesse até nós e orasse para nós lá. Ele disse que estava a ponto de viajar e estava preocupado, ou palavras desse efeito, e que quando voltasse, se Alá quisesse, viria até eles e oraria por eles.
Quando ele parou em Dhu Awan, a notícia da mesquita veio a ele, e ele convocou Malik b. Al- Dukhshum, irmão de B. Salim b. ‘Auf e Ma’n b. ‘Adiy (ou seu irmão’ Asim), irmão de B. Al- ‘Ajlan, e disse-lhes para irem à mesquita daqueles homens malignos e destruírem e queimarem. Eles foram rapidamente para B. Salim b. ‘Auf que era o clã de Malik, e Malik disse para Ma’n,’ Espere por mim até que eu possa trazer fogo do meu povo.’ Então ele entrou e pegou um galho de palmeira e acendeu-o, e então os dois correram para a mesquita onde seu povo estava e o queimou e destruiu e as pessoas fugiram dele. Uma parte do Alcorão veio sobre eles: “Aqueles que escolheram uma mesquita em oposição e incredulidade e para causar divisão entre os crentes” até o fim da passagem.
Os doze homens que construíram foram: Khidham b. Khalid de B. ‘Ubayd b. Zayd, um dos B. Amr b. ‘Auf; sua casa abriu na mesquita cismática; Thalaba b. Hatib de B. Umayya b. Zayd; Mu’attib b. Qushayr; Abu Habiba b. Al- Azar, ambos de B. Dubay’a b. Zayd; ‘Abbad b. Hunayf, Irmão de Sahl de B. ‘Ar b.’Auf; Jarmiya b. ‘Amir e seus dois filhos Mujammi’ e Zayd; Nabtal b. Al- Harith; Bahzaj; e Bijad b. Uthman, todos de B. Dubay’a; e Wadi’a b. Thabit de B. Umayya b. Zayd, o clã de Abu Lubaba b. ‘Abdu’l- Mundhir.
O site Movement of Belgian former Muslims faz o seguinte comentário sobre o evento (texto em itálico).
Ibn Ishaq narra que algumas pessoas fizeram uma mesquita e disseram que tinham boas intenções. Essas boas intenções são mencionadas na história de Ibn Ishaq e nos versos do Alcorão que se referem a esse evento.
Eles pediram a Muhammad que orasse, o que seria considerado uma bênção. É semelhante como a inauguração de uma igreja por um bispo ou cardeal, mas neste caso pelo próprio Profeta. Quando ele estava a caminho de mais uma guerra, Muhammad disse que passaria no caminho de volta.
“As notícias chegaram até ele” significa que ele recebeu uma revelação através do Anjo Gabriel. Os seguintes versos do Alcorão foram revelados:
9.107 E há aqueles que colocam uma mesquita por meio de malícia e infidelidade – para desunir os Crentes – e em preparação para aquele que guerreou contra Alá e Seu Mensageiro no passado. Eles de fato juram que sua intenção não é nada além de boa; Mas Alá declara que eles são certamente mentirosos.
9.108 Nunca te puseste ali. Há uma mesquita cuja fundação foi estabelecida desde o primeiro dia da devoção; é mais digno do que se levanta (para a oração). Nele há homens que amam ser purificados; e Alá ama aqueles que se fazem puros.
Maomé é obviamente a única pessoa que ouviu Gabriel dizer que as pessoas da mesquita tinham más intenções. Para seus seguidores, isso é prova suficiente. Para procedimentos legais honestos que permitam ao acusado se defender, deve haver mais que isso. Especialmente para o fundador de uma religião que afirma trazer “justiça”.
O que é interessante é que o Alcorão afirma em 9.107 que o povo construiu uma mesquita como uma preparação para lutar contra Maomé. Isso é realmente muito estranho. É como afirmar que os sauditas construíram uma igreja em Roma para atacar o Vaticano. E então eles pedem ao papa para inaugurar esta igreja. E o papa tem a Igreja queimada enquanto as pessoas estão dentro e afirma que Jesus apareceu para ele em um sonho e lhe disse para fazer isso, porque os sauditas têm más intenções. Poucas pessoas acreditarão no papa.
Algumas informações básicas sobre esse caso e a validade ou invalidade da alegação de que essas pessoas tinham más intenções podem ter se perdido na história. Mas também não há informação sobre qualquer processo legal que, se eles tivessem realmente ocorrido, alguém poderia razoavelmente presumir que seria parte da história de Ibn Ishaq.
Essa história foi mais um exemplo do eficiente sistema judicial que Maomé estava administrando. As pessoas em questão não foram ouvidas, não houve processos judiciais, nenhuma testemunha e as ordens de Maomé foram executadas sem mais questionamentos ou divergências. O “caso” foi fechado em poucas horas.
Este episódio apenas fortaleceu sua ação para se tornar o líder indiscutível da Arábia.
Será que Maomé teve esse episódio em mente quando disse: “Fui vitorioso pelo terror”?
Durante a sua vida, Maomé teve um número enorme de oportunidades para alterar o comportamento dos árabes do século VII. Bastaria que ele condenasse a violência e praticasse o amor. Mas ele nunca fez isso. Ao contrário, ele sempre escolheu o caminho da violência, usando o seu alter-ego Alá como bode espiatório dos seus erros.
Lembre-se: o Alcorão diz quase cem vezes que Maomé é o exemplo de conduta.
Vamos terminar citando Raymond Ibrahim, que explicou que “desde a era medieval, os clérigos islâmicos justificaram a morte de outros muçulmanos – seja intencionalmente por não serem muçulmanos “reais” (por exemplo, xiitas), ou involuntariamente como danos colaterais (os assassinos se tornam “mártires” e recebem as maiores recompensas paradisíacas do Islã). – em nome da jihad.”
“Além disso, é claro que, sempre que podem, os jihadistas se esforçam para preservar a vida dos muçulmanos.” Neste caso, pode-se citar como exemplo quando jihadistas libertam prisioneiros ou reféns que sabem recitar do Alcorão (ou seja, são muçulmanos) e executam os demais (que, ao serem incapazes de recitar do Alcorão não são muçulmanos – mesmo alguém sendo um “muçulmano moderado”)
Leia sobre o crime de apostasia: todo muçulmano que deixar o islamismo deve ser morto!
Abaixo, um vídeo de David Wood ligado a este assunto (PS. sem ser legendado)
Fontes:
A vida do mensageiro de Alá (Sirat Rasul Allah), Ibn Ishaq, páginas 609 e 610.
The History of Islam, Vol. 9: The Last Years of the Prophet, al-Tabari, (tradução de Ismail K. Poonawala, State of New York University Press)
The Opposition Mosque, Movement of Belgian former Muslims.
Demolition of Masjid al-Dirar, wikipedia.
When Muslims Kill Muslims, They Can Still Act in the Name of Islam, Raymond Ibrahim, PJMedia.
\Mesquita da Discordia Mesquita da Oposicao
Unknown diz
José você poderia falar sobre a árvore genealógica de Maomé muitos líderes muçulmanos afirmam serem dependentes dele mais pra mim esse demônio foi tão ruim que o verdadeiro Deus o Deus do amor não permitiu que sua família chegasse até os nossos dias e você o que sabe desse asunto?