Você vê na televisão muçulmanos rezando, gritando Allahu Akbar. No dia seguinte, você vê o vídeo de uma manifestação, em Londres, com manifestantes pró-Hamas clamando pela morte de judeus aos gritos de Allahu Akbar. Mais tarde, você lê sobre o assassinato de um padre na França, enquanto ele rezava a missa, e que o assassino estava gritando Allahu Akbar enquanto matava o padre.
Bate então aquela curiosidade. Por que muçulmanos gritam Allahu Akbar nas mais diversas situações, mesmo quando cometem atrocidades? E, afinal, o que Allahu Akbar significa?
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Para compreender a origem e o significado do termo, é preciso voltar no tempo, e ir para o sudoeste da Península Arábica, na região do Hijaz, e a localidade de Meca.
Maomé viveu em Meca a maior parte da sua vida. E, na maior parte da sua existência, Maomé foi pagão, um adorador de diversas divindades, estátuas, colocadas ao redor de um cubo usado como centro de oração. Este cubo é conhecido hoje como a Caaba. A maior divindade da Caaba era Hubal. Outras divindades eram o próprio Alá, e suas três filhas, al-Uzza, al-Lat e al-Manat. A tribo de Maomé, os coraixitas, também adoravam esses deuses. O interessante é que mesmo após começar a sua “vida profética”, Maomé ainda assim permitiu a adoração das filhas de Alá, no evento conhecido como os Versículos Satânicos.
Ao se mudar de Meca para Medina, Maomé abandonou a pregação e se tornou um senhor da guerra. Ele formou uma milícia e começou a roubar as caravanas de comércio que se dirigiam a Meca. Os seguidores de Maomé “assediavam os coraixitas. Por Deus, sempre que ouviam falar de uma caravana de coraixitas que partia para a Síria, eles a interceptavam, matavam os homens e levavam seus bens” (Tabari, Vol. 8, p. 91).
A repetição de ataques contra suas caravanas, levou os coraixitas a organizarem um expedição punitiva. Ao saber disso, Maomé arregimentou sua milícia e se apoderou do oásis de Badr, um lugar que os coraixitas teriam que passar para reabastecer o seu estoque de água. O confronto que se seguiu é chamado, na historiografia islâmica, como a Batalha de Badr, muito embora tenha sido tão somente o confronto entre dois punhados de beduínos.
À frente dos coraixitas, estava Abu Sufyan, um inimigo de Maomé. Quando os dois bandos ficaram frente-à-frente, Abu Sufyan desafiou Maomé, elogiando a alta posição do deus Hubal, dizendo “Ó Hubal, seja grande”. Então, Maomé mandou que seus seguidores respondessem, gritando: “Alá é maior e mais sublime” (Sahih Bukhari, Hadice 3039).
Ou seja, um grito de guerra, em uma disputa entre duas facções. O seu deus é grande? Mas Alá é maior. Allahu Akbar!
Supõe-se que esta seja a origem da frase árabe “Allahu Akbar”, sempre usada como um grito de guerra por muçulmanos para destacarem a superioridade que eles julgam possuir.
Tabari, The History of al-Tabari, Volume VIII, The Victory of Islam, State University of New York Press, 1997.
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