Que papel, se algum, o islã desempenhou na formação da identidade da Europa, tanto no passado quanto no presente? Raymond Ibrahim responde.
Ahmed Akbar, presidente de Estudos Islâmicos na Universidade Americana e autor do novo livro Jornada na Europa: Islã, Imigração e Identidade (Journey into Europe: Islam, Immigration, and Identity), afirma que o Islã teve um impacto amplamente positivo na identidade da Europa (inclusive invocando o Mito do Paraíso da Andaluzia). Assim, qualquer suspeita ou rejeição européia de migrantes muçulmanos é totalmente injustificada. Como Akbar elabora em um artigo recente:
Para entender o que está acontecendo na política e sociedade européias hoje, é necessário entender a identidade européia, que pode ser interpretada em três categorias distintas – identidade primordial, identidade predadora e identidade pluralista.
A identidade primordial enfatiza a cultura e as tradições únicas, e a identidade do predador indica as instâncias agressivas, até mesmo militaristas, às quais as pessoas recorrem para proteger sua identidade. A identidade dos predadores pode ser desencadeada devido a ameaças infundadas, incluindo globalização, desemprego, instabilidade econômica e a ganância e fracasso das elites. Acrescente a presença de imigrantes, e uma sociedade pode se mover em direções extremas e sangrentas que desafiam a própria noção de uma democracia moderna.
Note que, para Akbar, a “identidade de predador” da Europa é apenas “desencadeada devido a ameaças infundadas” – como se o Islã nunca tivesse representado uma ameaça real.
Como costuma acontecer sempre que os sofistas se desculpam pelo Islã e culpam a Europa, a realidade é exatamente o oposto. Tanto no passado como no presente, a “identidade de predador” do próprio Islã é bem documentada – que se manifestou em séculos de jihad e atrocidades – foi e é responsável pelo “grau de militarismo que as pessoas [não-muçulmanas] usaram para proteger sua identidade.”
Daí a ironia: sim, a identidade da Europa é em grande parte um subproduto do Islã – mas dificilmente da maneira que os apologistas alegam.
“Se nos perguntarmos como e quando nasceu a noção moderna da Europa e da identidade européia”, escreve o historiador Franco Cardini, “percebemos até que ponto o islã foi um fator (embora negativo) em sua criação. Repetida agressão muçulmana contra a Europa entre os séculos sétimo e o oitavo, e depois entre os séculos XIV e XVIII … foi uma “parteira violenta” para a Europa.”
A título de exemplo, Cardini cita o “sultão turco Maomé II e Solimão o magnífico” – que, sozinhos, são responsáveis pelo massacre e escravização de centenas de milhares de europeus, sempre em nome da jihad. Eles “forçaram o continente a defender-se e a encontrar meios e modes de ação comum, encorajando-o a um sentido mais forte de identidade, e um forte sentimendo do “outro.”
Da mesma forma, depois de resumir séculos de invasões islâmicas, Bernard Lewis escreve; “Assim, tanto em suas extremidades do leste quanto do sudoeste, os limites e, em certo sentido, até mesmo a identidade da Europa, foram estabelecidos através do avanço e da retirada do Islã”.
A propósito, é por esta razão que a pequena identidade da Europa nunca girou em torno da etnicidade ou idioma, mas sim religião – daí a razão por que um canto tão pequeno da massa euroasiática (Europa) ainda abriga dezenas de etnicidades e idiomas, alguns muito divergentes, enquanto mque assas de terra muito maiores são homogéneas. AEuropa foi o último e o mais temível reduto da cristandade a não ser conquistado pelo islã.
Isso fica evidente quando se compreende que o Ocidente é, na verdade, o remanescente mais ocidental de um bloco civilizacional muito mais extenso, cortado permanentemente pelo Islã.
Como documentado em meu novo livro, Espada e Cimitarra: Quatorze Séculos de Guerra entre o Islã e o Ocidente (Sword and Scimitar: Fourteen Centuries of War between Islam and the West), a jihad e o terror sem parar tornaram três quartos do mundo cristão pós-romano em islâmicos, deixando o um quarto restante, a Europa propriamente dita, em um permanente estado de sítio.
Passando para o presente, a guerra assumiu uma forma diferente, parcialmente construída ao apresentar a antítese da verdadeira história entre o Islã e o Ocidente; isto é, através de dissimulação. Enquanto milhões de imigrantes muçulmanos, muitos dos quais exibem essa antiga hostilidade islâmica e desprezo pelos infiéis, são trazidos para a Europa, aqueles que tentam resistir à “mudança de dono” são aconselhados a não ficarem “nervosos devido a ameaças infundadas”.
Assim, o artigo de Akbar, “A Itália deve lembrar seu passado pluralista”, é dedicado a convencer os italianos a serem ainda mais receptivos aos migrantes muçulmanos, “sem reviver uma identidade de predador que levou à destruição em escala catastrófica no século passado. Eles devem agir antes que seja tarde demais.”
O que quer que tenha sido “catastrófico” no último século não tem aplicabilidade na questão de acolher uma enxurrada de imigrantes muçulmanos hostis e inassimiláveis.
Se vamos evocar o passado no contexto de como levar os europeus a “agir antes que seja tarde demais”, a verdade daquilo que os muçulmanos fizem dentro da Itália, e contra ela e o resto da Europa, é o que foi e continua a sendo responsável pelo (citando as próprias palavras de Akbar) “grau de militarismo que as pessoas [européias] irão recorrer para proteger sua identidade”.
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\O impacto do Islã na identidade do Ocidente Raymond Ibrahim 2018
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