Se a Bíblia é um livro de faz-de-contas, como muitos dizem, por que ela é proibida em 52 países? Ninguém é preso por ler ou distribuir a Ilíada, a Odisseia ou as Fábulas de Esopo!
Imagine você ter que esconder o seu livro favorito em um buraco no chão de uma floresta, para que você e sua família possam lê-lo juntos. Imagine você nunca poder ter uma versão do seu livro favorito escrito no seu próprio idioma, porque isso é proibido pelo governo do país onde você mora. Imagine você e sua família viverem em perigo e serem discriminados porque o seu livro favorito é odiado pelos seus vizinhos? Imagine você viver sob o risco de ser preso por compartilhar o seu livro favorito com outras pessoas? Imagine você viver sob o risco de ser morto por ter o exemplar do seu livro favorito em casa ou na sua bolsa?
Eu creio que a sua reação a essas perguntas seria uma mistura de espanto e revolta, mas isso acontece em, pelo menos, 52 países. E o livro em questão é a Bíblia.
Isso está acontecendo agora, em diversas partes do mundo, onde a Bíblia é proibida de algum modo. Em casos raros, como na Coréia do Norte, o acesso à Bíblia é completamente ilegal. Porém, na maioria dos casos, o acesso à Bíblia é rigidamente controlado pelo governo ou pela cultura circundante.
No contexto deste artigo, o emprego da palavra “proibido” indica desde uma proibição total por parte do governo, um controle governamental sobre a sua distribuição, ou restrições impostas pela comunidade religiosa majoritária local. Por exemplo, em alguns países de maioria muçulmana, as comunidades cristãs, cujos membros não tenham se convertido do islamismo, podem ser autorizadas pelas autoridades locais de possuir uma Bíblia, mas atendendo a restrições severas. Em outros lugares do mundo, as autoridades locais podem permitir a Bíblia em um sentido legal, mas as comunidades locais podem se opor a que vizinhos tenham uma Bíblia em casa, tornando-a efetivamente proibida. E ainda em outras nações, algumas partes do país podem permitir a Bíblia, enquanto outras podem controlá-la ou proibi-la com mais rigor, como é o caso da Indonésia.
(Rumble, Bitchute, Odysee, YouTube)
A organização A Voz dos Mártires (The Voice of the Martyrs) é uma organização missionária que serve cristãos perseguidos nos lugares do mundo mais difíceis e perigosos para ser cristão. A experiência por ela acumulada permitiu a elaboração de uma escala dos países onde a distribuição de Bíblias é a mais difícil e perigosa do mundo, e onde os homens e mulheres corajosos arriscam-se a detenção, aprisionamento, espancamento e até morte para colocar a Bíblia nas mãos daqueles que, de outra forma, nunca a receberiam.
O mapa abaixo (Figura 1) ilustra esses países, classificando-os como países onde as bíblias são (1) difíceis e perigosas de obter (cor laranja), (2) ilegais ou altamente restritas (cor marrom) e (3) estritamente ilegais e disponíveis apenas por meio de contrabando (cor preta).
Por que a repressão?
Analisando o mapa, percebe-se que a repressão contra a Bíblia acontece em países de maioria muçulmana ou países comunistas (exceto a Colômbia, onde a repressão acontece nas áreas controladas pelo narcotráfico). O comunismo é fácil de compreender, afinal um dos pilares do comunismo é um ateísmo militante que tem o cristianismo como principal inimigo. Mas, e o islamismo? Afinal, não ficam dizendo que o cristianismo e o islamismo são religiões abraâmicas irmãs? Bem, a rigor, o islamismo é uma negação do cristianismo. O islamismo se considera como a religião perfeita que substitui todas as outras, de modo que os muçulmanos devem apenas ser apresentados com o Alcorão e as tradições de Maomé, a sua biografia (a sira) e os relatos de feitos e dizeres de Maomé (os hadices). A lei islâmica Sharia proíbe cristãos de mostrarem cruzes e recitarem o Evangelho em público. Cristãos não podem compartilhar a sua fé com muçulmanos.
A Bíblia é uma ameaça ao islamismo. A liberdade de expressão é uma ameaça existencial ao islamismo. A Verdade é uma ameaça mortal ao islamismo.
Abaixo, uma lista de 52 países onde a Bíblia é ilegal e/ou severamente perseguida.
Países onde Bíblias só podem ser entregues por meio de operações clandestinas ilegais
- Afeganistão
- Irã
- Cazaquistão
- Quirguistão
- Maldivas
- Mauritânia
- Coréia do Norte
- Arábia Saudita
- Somália
- Tadjiquistão
- Turquemenistão
- Uzbequistão
- Iémen
Países onde acesso à Bíblia é ilegal ou altamente restrito
- Argélia
- Butão
- Brunei
- China
- Cuba
- Djibuti
- Eritreia
- Kuwait
- Laos
- Líbia
- Malásia
- Marrocos
- Omã
- Sudão
- Tunísia
Países onde o acesso à Bíblia é difícil e perigoso
- Bahrein
- Bangladesh
- República Centro-Africana
- Colômbia
- Egito
- Etiópia
- Índia
- Iraque
- Jordânia
- Quênia
- Líbano
- Mali
- Mianmar (Birmânia)
- Nepal
- Níger
- Nigéria
- Paquistão
- Filipinas (Ilha de Mindanao)
- Sri Lanka
- Síria
- Tanzânia
- Peru
- Emirados Árabes Unidos
- Vietnã
Uma reflexão
Antes de apresentar alguns exemplos das restrições que a Bíblia sofre nestes países, eu gostaria de fazer uma reflexão. Eu não acho que seja preciso proibir o Alcorão como uma forma de retaliação. Mas é necessário confrontar os muçulmanos com respeito ao que acontece no mundo islâmico. O islamismo é fraco quando confrontado de frente, basta ver a quantidade enorme de muçulmanos que vem deixando o islamismo apenas por ter acesso à Internet. Mas, pregadores muçulmanos no Ocidente, inclusive no Brasil, tentam negar de todos os modos a perseguição pela qual cristãos são submetidos diariamente nos países muçulmanos (esse comportamento deles se chama taquia). As restrições à Bíblia são apenas uma parte da perseguição que cristãos sofrem na mão do islamismo.
Alguns exemplos das restrições à Bíblia em todo o mundo
Alguns dos países que restringem fortemente o acesso à Palavra de Deus e outros materiais cristãos podem não nos surpreender. A Coréia do Norte e o Afeganistão têm a maior intensidade possível de restrição às Bíblias.
Na Coréia do Norte, a Bíblia é completamente ilegal. A única coisa que os norte-coreanos podem adorar é o líder da nação, Kim Jong-un. As Bíblias são proibidas e aqueles encontrados em posse de uma enfrentam prisão, tortura e até a morte, punição essa que se estende a até três gerações da sua família. Um americano foi preso e detido por cinco meses, simplesmente por esquecer uma Bíblia em um restaurante.
O Iêmen também restringe significativamente a Bíblia. Nesses países, a maioria, se não todos os cristãos, são impedidos de possuir, ler ou distribuir Bíblias publicamente, e mesmo privadamente as opções não são muito melhores.
Na Malásia, a Bíblia é permitida, mas não é permitido referir-se a Deus como “Alá” em publicações cristãs.
Na China, a Bíblia é permitida, mas sob maior escrutínio e regulamentação. No ano passado, o governo proibiu a venda online de Bíblias, um obstáculo adicional em um país onde Bíblias impressas já eram difíceis de obter. O Partido Comunista também está trabalhando em uma nova tradução da Bíblia destinada a injetar valores chineses nas Escrituras.
Na Arábia Saudita, não há problema em trazer uma Bíblia se você for estrangeiro (apenas um exemplar para seu uso pessoal). Mas se você fizer algo como lê-la em público ou se suspeitarem que você tem alguma intenção de falar publicamente sobre sua fé, isso pode significar prisão.
Em muitos países da Ásia Central, a Bíblia é considerada propaganda, e não podem ser importadas ou impressas. Por exemplo, no Uzbequistão, são impostas altas penalidades a quem possui Bíblias. As autoridades são conhecidas por deter cristãos encontrados em posse do livro sagrado por “manter e armazenar materiais extremistas com o objetivo de distribuição posterior”.
E em muitos lugares é permitido que cristãos tradicionais e estrangeiros rezem em particular ou em seus próprios grupos étnicos, mas se alguém se converter do Islã ou for encontrado com uma Bíblia em seu próprio idioma, isso pode levar a uma punição significativa.
Outros lugares podem ser surpreendentes. Por exemplo, Brunei tem um número significativo de restrições à propriedade da Bíblia. Para os crentes em Brunei, até mesmo ter uma cópia da Palavra de Deus em sua própria casa pode ser um convite à perseguição. As Bíblias são proibidas de serem importadas, e os cristãos que acessam versões eletrônicas das Escrituras devem ter muito cuidado para evitar acusações de espalhar o cristianismo. É outro exemplo de lugar onde a Bíblia não é proibida, mas é tão fortemente monitorada que é difícil para cristãos terem acesso a ela.
Em outros lugares, como Sudão, Irã e Maldivas, no ano passado, igrejas tiveram Bíblias e literatura religiosa confiscadas, tendo sido multadas pela posse de Bíblias e outros materiais cristãos.
As Maldivas têm a reputação de ser um idílio luxuoso, mas uma Bíblia pode causar problemas neste paraíso. De acordo com as rígidas leis islâmicas do país, a importação de uma Bíblia é proibida. Atualmente não há tradução completa da Bíblia para Dhivehi, a língua oficial do país. O governo das Maldivas considera que o país é 100% muçulmano, proibindo deste modo acesso por parte da sua população para impedir que algum cidadão resolva deixar o islamismo (algo que acontece de qualquer modo). Não é ilegal para um turista estrangeiro ter uma única Bíblia nas Maldivas em seu próprio idioma.
Os cristãos que residem na Somália enfrentam constante perseguição de radicais islâmicos e funcionários do governo. A prevalência do grupo extremista islâmico, al-Shabaab, significa que os crentes muitas vezes praticam sua fé em extremo sigilo e não podem possuir Bíblias.
No Irã, um crente de um grupo étnico cristão – assírios, por exemplo – pode facilmente ter uma Bíblia em assírio para uso doméstico. Mas se um cristão, que se converteu do Islã, tiver uma Bíblia em persa, a língua nacional, ele corre o risco de ser preso e torturado. É a prova de que mesmo quando a Palavra de Deus é tecnicamente “legal”, ela ainda pode ser tomada a qualquer momento e os proprietários presos. Neste caso, depende de quem tem a Bíblia.
É contra a lei portar uma Bíblia traduzida para o árabe no Marrocos. Relatos de perseguição aberta aos cristãos são poucos, mas as crianças cristãs não recebem educação religiosa. Assim como o Marrocos, a Líbia tem leis que proíbem a entrada de Bíblias em árabe no país. A distribuição de Bíblias e evangelismo é ilegal.
Em Cuba à medida que o governo aperta o controle da vida religiosa, os cristãos de lá temem que se torne mais difícil conseguir Bíblias. Ao longo dos anos, os cristãos usaram várias maneiras de trazer Bíblias para Cuba, inclusive de barco, carregando cópias individuais e por meio de remessas aprovadas pelo governo.
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