Versão em português do artigo Egyptian Bishop: Security Services Complicit in Anti-Christian Violence, de Raymond Ibrahim**, Coptic Solidarity, 4 de maio de 2015. Tradução de A. L.
Em uma entrevista de 25 minutos na TV árabe com o Dr. Mona, um cristão copta, que entrevista o bispo cristão copta do Egito, o bispo Agathon, que diz que os cristãos estão totalmente expostos em Minya, no Egito, uma região que tem uma minoria copta que está constantemente sob ataque.
Enquanto vários pontos importantes foram levantados durante a entrevista, o mais notável foi o fato de que o próprio Estado egípcio está, muitas vezes, por trás da perseguição e discriminação contra os cristãos.
De acordo com o bispo, as autoridades governamentais locais, incluindo os aparelhos de segurança do Estado, estão não apenas ignorando os ataques contra os cristãos coptas, mas estão na maioria das vezes, por trás deles. Por exemplo, quando os coptas tiveram uma reunião com o conselho e com os funcionários do governo, sobre a possibilidade da construção de uma igreja, uma das autoridades, que tem contato com os xeiques islâmicos da aldeia, perguntou aos xeiques se eles “apoiavam a construção da igreja copta ou não ?”
Assim, cada família muçulmana foi instruída a enviar um membro da família, para a reunião do conselho, para protestar contra a construção, de uma nova igreja, e em seguida, esse mesmo conselho disse aos cristãos coptas: “Desculpe, vocês não poderão construir a Igreja cristã, pois a comunidade está contra e vivemos em uma democracia e a maioria vence e decide.”
Outras vezes, a Segurança do Estado é cúmplice: os cristãos menores de idade, segundo o bispo cristão copta de Minya, disse que estes são frequentemente sequestrados pelos islâmicos que moram nas proximidades. A última vítima, foi uma jovem garota cristã seqüestrada que tinha acabado de começar a escola primária.
Sempre que algum destes ataques ocorrem, os coptas, trabalhando juntamente com a igreja, preparam os documentos, separam fotos e provas que incriminam os culpados e estas provas são colocadas nas mãos de oficiais superiores.
Até mesmo o proprio bispo já colocou tais tipos de documentos e provas nas mãos do director da polícia de inteligência, mas absolutamente nada foi feito, disse o bispo cristão desanimado.
Ele descreveu as dificuldades que os cristãos coptas encontram sempre que eles querem construir uma igreja. Algumas das igrejas atuais servem dezenas de milhares de cristãos, e necessitam de reparos simples, mas não podem ser feitos reparos nas Igrejas por lei nos países islâmicos.
A título de exemplo,o bispo cristão explicou que na aldeia de Safaniya, há a Igreja da Virgem Maria, e esta não tem banheiros ou água corrente. Os cristãos “tentaram mais de uma vez obter a aprovação para construir banheiros na Igreja, mas não obtiveram a permissão do governo. O bispo lamentou pelas pessoas idosas e doentes, que por vezes, urinam em si mesmos durante a missa, enquanto as mães trocam as fraldas de seus bebês sobre os bancos.
Em resposta, as autoridades disseram ao bispo: “Vá e pergunte aos muçulmanos de sua região se eles vão aprovar a construção de uma igreja, ou de banheiros dentro da Igreja, ou qualquer coisa que vocês desejarem contruir dentro da Igreja.”
(Note-se que a lei islâmica proíbe especificamente a construção ou reparação de igrejas.)
Claramente frustrado, o bispo acrescentou: “Nós, cristãos somos seres humanos e vemos nossos irmãos muçulmanos a construir mesquitas, em qualquer lugar e em qualquer momento e o Estado os ajuda, mas quanto a nós, não podemos construir qualquer coisa e o que já está construído está sendo fechado … Nós, os cristãos, somos cidadãos com direitos, e vemos que os muçulmanos conseguem tudo o que eles querem, enquanto nós somos sempre preteridos”.
O bispo cristão disse ainda que, por vezes, os cristãos são punidos sempre que as autoridades enxergam como “incômodo” seu tratamento. Por exemplo, quando uma delegação cristã foi fazer uma queixa formal, um deles foi imediatamente sequestrado. Seus seqüestradores exigiram (e receberam) 120 mil libras egípcias por sua libertação. A polícia foi notificada, mas não fez absolutamente nada. O bispo se referiu a este incidente como um “castigo”.
Dr. Roman, o anfitrião cristão copta, chamou Minya, de “estado de retribuição” contra os cristãos que se recusam a sofrer em silêncio. Al-Minya não é, aparentemente, uma província egípcia; ele é governado por ISIS “.
Finalmente, o bispo Agathon deixou claro o desânimo dele e da mídia cristã, no Egito, dizendo repetidamente que, não importa o que eles conversem com as autoridades, “nada muda.” A situação dos cristãos do Egito vai “de mal a pior”, disse o bispo: “Nós somente ouvimos belas palavras, mas não há solução.”
Dr. Roman, implorou ao presidente egípcio Sisi: “Eu já disse isso antes: Presidente Sisi é muito meticuloso e consciente dos problemas da nação. Por que, então, é que a situação copta em Minya está sendo ignorada. Por que ele fecha os olhos em direção a ela?”
Bispo Agathon concluiu dizendo que “os cristãos estão entre o Estado e os agressores”, o que significa que, o Estado serve apenas para manter seus cidadãos cristãos no lugar enquanto radicais islâmicos afastam os cristãos.
**Raymond Ibrahim é Shillman Fellow no Horowitz Freedom Center David e Judith Friedman Rosen Fellow no Middle East Forum. Ele é o autor do Crucified Again: Exposing Islam’s New War on Christians (2013) and The Al Qaeda Reader (2007).
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