Para os cristãos, Maria é a Mãe de Deus, theotokos, a mãe de Jesus, Deus-Filho. E este fato possui uma implicação teológica fortíssima, notadamente no cristianismo pré-reforma (mas salientando que ela possui um lugar especial no cristianismo pós-reforma e mesmo Lutero e Calvino eram “marianos”). (ref., ref., ref., ref.)
É comum se ouvir dizer que o islamismo respeita Maria e que este respeito é algo que o liga ao cristianismo. Será mesmo? Ou será que as referências à Maria têm um outro objetivo, ou seja, o de descaracterizar o preceito básico cristão de que Jesus é Deus? (deste modo, descaracterizando o cristianismo na sua totallidade)
Maria é, sim, valorizada no Alcorão, existindo mais referências a Maria no Alcorão do que a qualquer outra mulher. Na sura 3:42 do Alcorão, por exemplo, os anjos dizem:
“Ó Maria! Deus te escolheu e te purificou – te escolheu acima das mulheres de todas as nações”.
O tom respeitoso do Alcorão por Maria parece promissor. Mas há algumas dificuldades que são dignas de nota. Do ponto de vista islâmico, Maria, como Jesus, era muçulmana, não judia ou cristã. Ela é importante porque é a mãe de um profeta muçulmano. Mais significativamente, ela não é a mãe de Deus. De fato, a sugestão de que ela é mãe de Deus, dentro de uma perspectiva islâmica, é uma blasfêmia da mais alta ordem. A descrição corânica da Anunciação e o nascimento de Jesus são seguidos por uma admoestação:
“Tal era Jesus, filho de Maria. Essa é toda a verdade, que eles [os cristãos] ainda duvidam. Deus não permita que Ele mesmo gerasse um Filho.” (19: 34-5).
Assim, o tributo a Maria é coberto com uma punição das crenças cristãs sobre Maria e Jesus. Por que, então, Maria está no Alcorão? É provável que ela esteja lá pela mesma razão que Jesus está no Alcorão: para negar a divindade de Jesus. Maomé incluiu histórias do Novo Testamento e do Antigo Testamento no Alcorão porque ele queria atrair para sua nova religião cristãos e judeus que viviam na Arábia. Mas para tal era necessário que eles deixassem de crer que Jesus é Deus. Por quê? Porque se Jesus é quem os cristãos dizem quem ele é, então não há necessidade de uma nova revelação e um novo profeta. Em suma, não há necessidade de Maomé. Assim, quando Jesus fala ou é mencionado no Alcorão, muitas vezes é com o propósito de estabelecer que ele, Jesus, era apenas um homem.
No Alcorão, Jesus é quase sempre referido como “Jesus, filho de Maria”. Isso não é feito para elevar Maria, mas para rebaixar Jesus. É um lembrete de que Jesus não é o Filho de Deus, mas simplesmente outro profeta. Aqui está uma passagem típica:
“Cristo, o Filho de Maria, não era mais do que um mensageiro; muitos foram os mensageiros que passaram antes dele” (5:75).
Esta passagem é seguida por outro ataque aos cristãos:
“Veja como Alá faz seus sinais claros para eles [cristãos]; contudo, veja de que forma eles estão iludidos longe da verdade!” (5:75)
Muitos cristãos vêem as semelhanças entre o cristianismo e o islamismo como um sinal de esperança para a paz entre as duas religiões. No entanto, as semelhanças existem porque Maomé não teve escrúpulos em contrapor histórias dos Evangelhos e depois reivindicá-las como parte da revelação que recebeu de Alá. Parece que o principal motivo de Maomé para incluir Jesus e Maria em sua religião foi o de cooptá-los para seus próprios propósitos.
Lembre-se que, segundo o fundador da Irmandade Muçulmana, al-Banna,
“É da natureza do islã dominar, não ser dominado, impor sua lei a todas as nações e estender seu poder a todo o planeta.”
Além do mais, a conversa fiada de que muçulmanos respeitam Jesus e Maria é papo para ganhar a confiança de cristãos para tentar convertê-los ao islamismo. Isso é o que muçulmanos conversam entre eles e usam como estratégia de dáua (dawa, conversão). No dia-a-dia do islamismo existem todos os “profetas muçulmanos”, Jesus inclusive, que precederam Maomé, este sim, o último e maior dentre todos, o “selo dos profetas”, o homem perfeito e exemplo de conduta para toda a humanidade.
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