Eu considero o antissemitismo como um sentimento que pode cobrir o espectro político, ou seja, é possível encontrar pessoas que estejam à direita, ao centro, ou à esquerda, que achem que “os judeus governam o mundo” ou vejam “conspirações judaicas” em muito do que acontece. O mais comum é encontrar, simpatizantes do neonazismo e do comunismo compartilhando tais sentimentos (não preciso mencionar, claro, o islamismo, já que o islamismo é antissemita desde o seu nascedouro, há 1400 anos. Enquanto seja relativamente fácil explicar o antissemitismo nazista, as causas do antissemitismo comunista (independente do nome sob o qual o comunismo se esconda) são mantidas propositalmente obscuras. Este artigo discute origem do antissemitismo praticado pela Esquerda, escondido sob o termo antissionismo.
O antissemitismo da esquerda começou com os espetaculares julgamentos de ex-governantes da União Soviética promovidos por Joseph Stalin, e continuou até o fim da União Soviética (URSS).
A URSS se tornou o primeiro país a reconhecer o Estado de Israel em 17 de maio de 1948, três dias após a sua declaração de independência. Mas esta simpatia teria vida curta assim que ficou claro que o então primeiro-ministro israelense David Ben-Gurion buscou se alinhar com os países ocidentais e não com o bloco comunista. A partir daí, os estados soviéticos começaram a usar o termo “antissionismo” para disfarçar suas políticas antissemitas.
A imprensa soviética começou a acusar os judeus de “rastejarem perante o Ocidente” e se serem peças do “imperialismo americano”. Quarenta anos depois da Segunda Guerra Mundial, os soviéticos ainda negariam a ocorrência do Holocausto contra os judeus. A campanha stalinista contra os judeus na URSS culminaria, em 1953, com a “conspiração dos médicos”, quando um grupo de médicos predominantemente judeus de Moscou, foram acusados de uma conspiração para envenenar a liderança soviética. Ao reviver um libelo antissemita medieval, dando ouvidos a acusações de que os judeus causaram a Peste Negra envenenando os poços da Europa, Stalin buscou desencadear deportações em massa de judeus para os Gulag. Esse plano não se concretizou devido à morte de Stalin.
A URSS continuou sua campanha anti-Israel nas décadas seguintes. Em 1955, a URSS começou a vender armas para os países árabes. Até mesmo a causa da libertação palestina e da criação de um Estado foram em grande parte inspiradas pelos soviéticos, considerando que o rascunho organizacional da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) foi redigido em Moscou em 1964 e aprovado por 422 representantes palestinos selecionados a dedo pela KGB, de acordo com testemunho Ion Mihai Pacepa, um general de duas estrelas da polícia secreta da República Socialista da Romênia, que fugiu para os Estados Unidos em julho de 1978. Pacepa, o desertor de mais alta patente da antiga Cortina de Ferro.
Segundo Pacepa, as “frentes de libertação” eram “vistas pela URSS como centros de doutrinação marxista e de oposição aos movimentos democráticos e capitalistas.” Yasser Arafat, então presidente da OLP, era um “marxista dedicado” e operava para a KGB. O atual presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, também trabalhou para a KGB no início dos anos 1980, de acordo com pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém.
A campanha antissionista soviética produziu centenas de livros e milhares de artigos difamando Israel e o povo judeu. Segundo Isabella Tabarovsky, “jornais de grande circulação difundiram essas campanha a todos os cantos da URSS.” A campanha foi disseminada para os países do Terceiro Mundo e do Ocidente, através de publicações em cerca de 80 línguas estrangeiras. A partir dos anos 1970, transmissões de rádio propagavam propaganda soviética para todo o mundo.
Os ideólogos soviéticos se inspiraram no antissemitismo religioso clássico, junto com os “Protocolos dos Sábios de Sião” e o “Mein Kampf”. Mas eles teriam que ser adaptados a uma estrutura marxista. O poder judeu seria reenquadrado em poder sionista, diz Tabarovsky. Os caricaturistas soviéticos identificaram o sionista como um objeto de ódio, confiando fortemente em retratos antissemitas em suas ilustrações de israelenses.
(Leia depois sobre o que é o Marxismo cultural)
Conceitos marxistas como teoria crítica da raça e interseccionalidade galgaram uma posição significativa na academia ocidental, sendo aplicados contra a Israel, rotulando-o como um poder expansionista agressivo que oprime os palestinos. Quem se coloca contra isso é “cancelado.” Por exemplo, o reitor da Universidade Rutgers criticou o aumento do antissemitismo nesta universidade. Frente à reação de professores e alunos ativistas, bem como da grande imprensa, ele se desculpou pela dor que essa mensagem causou. Já ne Universidade de Princeton, dezenas de membros do corpo docente assinaram uma carta condenando a “supremacia judaica”, sem qualquer menção ao programa genocida do Hamas contra os judeus.
Os dois exemplos acima, nos EUA, são recentes e exemplares. Contudo, sabemos que também existe um grande sentimento antissemita em universidades brasileiras, e, claro, na esquerda brasileira em geral, igualmente disfarçado de antissionismo.
Segundo esse paradigma da extrema esquerda, o antissemitismo é a única forma de preconceito que deve ser tolerada e promovida, ao mesmo tempo que as vítimas devem se sentir com as responsáveis. Este legado de propaganda soviética e desinformação anti-Israel precisa ser reconhecido e não devemos permitir que ele ganhe um verniz de respeitabilidade acadêmica.
Abaixo, uma coleção de caricaturas antissionistas soviéticas. A última caricatura da série apresentada abaixo exemplifica o impacto que as caricaturas antissionistas soviéticas provocam, até mesmo no Brasil (o autor é um caricaturista celebrado pela esquerda brasileira).
\Anti-Semitismo-origem-sovietica-2021
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