(Não deixe de ver os memes exibidos no final deste artigo)
Como sabemos, no dia 7 de outubro de 2023, terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica derrubaram a cerca que separa Israel de Gaza, invadiram Israel e começaram a matar indiscriminadamente. Eles não miraram soldados; o objetivo era matar o maior número possível de civis. Claro, eles mataram soldados também, mas o objetivo principal era matar ou sequestrar civis desavisados. Eles não se importavam se as vítimas eram avós, crianças, mulheres, idosos ou até bebês. Quando o objetivo é causar terror, não há regras. No total, mais de 1500 vítimas entre mortos e sequestrados.
No dia seguinte, e sem provocação, o Hezbollah abriu fogo contra o norte de Israel, com fogo diário de foguetes e drones suicidas. Essa escalada buscava dividir os esforços das forças de segurança israelenses, que deveriam estar focados integralmente na destruição do Hamas como força política e militar em Gaza.
Israel começou uma operação terrestre em Gaza. Apesar de ter sofrido mais de cem baixas, Israel está muito perto de alcançar seus objetivos de destruir o Hamas. Mas, no Norte, uma ação militar envolvendo uma invasão terrestre iria provocar um número muito alto de baixas. Israel preferiu fazer ações pontuais e precisas, destruindo os lançadores de foguetes do Hezbollah, e, mais estrategicamente, eliminar a estrutura organizacional do Hezbollah.
O sucesso de Israel neste aspecto é indiscutível. Ataques aéreos com precisão milimétrica resultaram na morte de todos os membros da cadeia de comando do Hezbollah, deixando-o acéfalo. Ontem, Israel eliminou o fundador e líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.
E, para deixar as coisas ainda pior para o Hezbollah, os membros do segundo e terceiro escalões desta organização criminosa, começam a brigar entre si para ver quem vai assumir o poder. E tudo isso, sem que eles tenham meios de comunicação, já que Israel é capaz de monitorar seus celulares.
Para enfrentar a maior capacidade tecnológica de Israel, o Hezbollah resolveu voltar a usar a pagers (bipers) e walkie-talkies, modos de comunicação da década de 1990.
Eis que entra a Operação Grim Beeper, a Operação do Bipe Sinistro, na qual pelo menos dez militares do Hamas foram mortos e um número que pode chegar a dois mil feridos, alguns mutilados.
A Operação Grim Beeper foi, sem sombras de dúvidas, uma das operações de inteligência mais ingeniosas da história. Especialistas em segurança chegam a chamá-la de o cavalo de Troia da era digital. Operações como essa ocorrem apenas em filmes de James Bond e Missão Impossível.
Segundo Michael Doran, pesquisador sênior e diretor do Centro para Paz e Segurança no Oriente Médio do Instituto Hudson, a Operação Grim Beeper envolveu diversas minioperações.
- Os israelenses mapearam minuciosamente a cadeia de suprimentos do Hezbollah.
- Eles inventaram uma carga explosiva especial, pequena o suficiente para ser inserida dentro de um dispositivo portátil, sofisticada o suficiente para ser ativada remotamente, grande o suficiente para causar danos reais e, ainda assim, não tão proeminente física ou eletronicamente a ponto de chamar atenção.
- Os israelenses se tornaram um elo grande o suficiente na rede de compras do Hezbollah para assumir o controle físico dos dispositivos e manipulá-los.
- Eles ativaram as cargas simultaneamente e em uma área geográfica muito ampla.
Se apenas uma dessas minioperações tivesse fracassado, a operação como um todo teria fracassado. Fica a pergunta: quem no mundo teria condições de executar uma operação baseada em um plano sofisticado e audacioso?
Esse foi o primeiro assassinato em massa direcionado da história. Cada uma das milhares de pessoas mortas ou mutiladas foi selecionada individualmente, mas foram atingidas no mesmo momento. O grande gênio da operação é que os israelenses confiaram no próprio Hezbollah para selecionar seus alvos para eles. Em que outro caso os atacantes simplesmente se sentaram e deixaram o inimigo executar uma parte fundamental da operação para eles? Se mapearmos os homens atacados, mapeamos o organograma do Hezbollah, incluindo o embaixador iraniano no Líbano, que é um oficial da Guarda Revolucionária Iraniana, que acabou cego pela explosão do seu pager.
A grande proporção de mutilações para mortes é um sinal de sucesso. Em termos militares, uma mutilação é preferível a uma morte porque ela amarra mais recursos e estressa os sistemas inimigos em um grau muito maior.
A estratégia de Israel frustrou a tática de escudo humano do Hezbollah. A exemplo do Hamas, o Hezbollah também usa de prédios e casas de civis para esconder seus equipamentos militares e estoques de munição e foguetes, na certeza de que líderes europeus e norte-americanos, ingênuos ou corruptos, culparão Israel, e não os terroristas, pelas mortes de civis. Idiotas úteis mal-intencionados, como o socialista espanhol Josep Borrell, vice-presidente da Comissão Europeia, ou o socialista português António Guterres, secretário-geral da ONU, nunca hesitarão em ignorar a política de escudo humano do Hezbollah e do Hamas e culpar Israel. Mas o observador inteligente pode ver claramente que essas são mortes limpas, tão limpas quanto se pode imaginar em uma guerra.
A Operação Grim Beeper não foi apenas conduzida dentro das regras muito estreitas de guerra que são impostas a Israel, mas a ninguém mais, mas também é moralmente louvável. Nenhum exército do mundo age como Israel para minimizar as baixas civis. Israel lança folhetos, envia mensagens de texto e até faz ligações antes de bombardear áreas onde sua inteligência acredita que ativos militares estão localizados. Israel perde o elemento de surpresa, mas, mesmo assim, continua sendo um dos países mais difamados do mundo.
A Operação Grim Beeper semeou insegurança dentro da estrutura do Hezbollah, causando danos psicológicos e confusão nas suas fileiras. Os sistemas básicos de comunicação interna foram comprometidos, deixando todos na organização se perguntando o que Israel fará com eles amanhã.
Além disso, criou-se desconfiança entre o Hezbollah e o Irã. Se esses pagers e walkie-talkies passaram pelo Irã, como diversos relatos da imprensa alegam, como o Hezbollah, poderá confiar em qualquer equipamento fornecido pelo Irã?
Abaixo, diversos memes relativos aos “bipers sinistros.”
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