Quem não se lembra da enorme explosão no porto de Beirute, em 4 de agosto de 2020? Na ocasião, uma carga de 2.750 toneladas de nitrato de amônio (o equivalente a cerca de 1,1 quilotoneladas de TNT), armazenada sem as devidas medidas de segurança no Porto de Beirute, explodiu, causando mais de duzentos mortes, sete mil feridos e 15 bilhões de dólares americanos em danos materiais, devastando grande parte de Beirute e deixando cerca de trezentos mil desabrigados. Foi uma das maiores explosões não nucleares da história.
Após a tragédia, o juiz Tarek Bitar foi nomeado para investigar a explosão. Durante sua investigação, Bitar interrogou funcionários do alto escalão do governo libanes, e, recentement,e emitiu mandados de prisão contra três ex-ministros – um muçulmano sunita, um muçulmano xiita e um cristão maronita. Na prática, isso significa que investigação da explosão em Beirute abalou a elite política de uma forma que a explosão em si não conseguiu. A classe política parece não gostar de Bitar.
Mas aí, vem as reações sectárias. o principal ministro implicado nas investigações pertence ao Hezbollah. Como consequência, membros do Hezbollah, e do seu aliado Amal, começaram a ir às ruas de Beirute, muitos deles armados, ameaçando os outros grupos, sunitas, druze e cristãos. A maior parte da ira é dedicada exatamente ao juiz Tarek Bitar. Eles desejam que a investigação seja interrompida e cancelada, ou sangue irá jorrar nas ruas de Beirute.
O secretário-geral do Hezbollah, o aitolá Hassan Nasrallah, ameaçou o exército libanês dizendo que ele possui cem mil jihadistas prontos para pegar em armas. O fato é que Nasrallah tem o apoio da Síria e do Irã, exatamente dois dos países cuja interferência no Líbano criaram toda a confusão que o Líbano vem sofrendo nas últimas décadas.
E para piorar, como o Hezbollah possui dezenas de milhares de foguetes na fronteira do Líbano com Israel, seria muito fácil para este grupo terrorista criar um conflito ainda maior envolvendo Israel, algo que aconteceu duas vezes no passado, em 1976 e em 1982. O Hezbollah costuma desviar a atenção dos seus opositores no Líbano, a maioria sunita, druze e cristã, ao criar antagonismos com Israel. Aliás, o Hezbollah foi fundado exatamente para isso: tomar o poder no Líbano tentando canalizar para sí o sentimento anti-Israel existente em grande parte da população libanesa.
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