Dentre as diversas características do islamismo, a apropriação cultural talvez seja uma das mais marcantes. A tendência de reescrever a história, ou de tomar para si aquilo que pertence aos outros, é algo que faz parte do islamismo desde o seu nascedouro, bastando para isso ver as diversas narrativas distorcidas da bíblia contidas no Alcorão.
O antigo testamento nos apresenta diversas personalidades que por séculos têm sido consideradas como parte da história do judaísmo. Nesta lista inclui-se, por exemplo, Adão, Abraão, Moisés, David, Salomão, e tantos outros. O surgimento do cristianismo não alterou as narrativas bíblicas, que permanecem como sempre foram. Além do mais, o cristianismo não começou a fazer afirmações absurdas de que as personalidades do Antigo Testamento eram cristãs. Some-se a isso o fato de que a personalidade central do cristianismo, Jesus Cristo, ter sido um judeu. Não apenas ele, mas todos os seus discípulos e seguidores imediatos também eram judeus. Eles acreditaram que Jesus era Deus e saíram pelo mundo pregando esta Boa Nova. Este fato faz com que muitos estudiosos considerem o cristianismo como movimento derivado do judaísmo, o que faz um certo sentido.
Agora, avancemos vários séculos até o século oitavo, e eis que surge uma nova religião construída, em parte, sobre narrativas bíblicas distorcidas, e em outra parte pelo paganismo árabe. Repentinamente, as personagens bíblicas se tornaram muçulmanos, e suas histórias narradas de um modo totalmente diferentes, e até diria eu bastante criativo.
Vejamos o exemplo de Jesus Cristo, a quem o islamismo apregoa ser um profeta de Alá. Para tentar convencer os cristãos de que Jesus Cristo não é Deus, mas apenas um muçulmano, é como se valesse tudo. Por exemplo, o fato de Jesus ter se prostrado para rezar é usado como argumento que provaria que Jesus é muçulmano já que os muçulmanos se prostam para rezar. Mas existem 2 problemas que afetam a lógica islâmica de modo muito contundente. O primeiro deles é que Jesus Cristo viveu 8 séculos antes do nascimento do islamismo. Como poderia Jesus ser muçulmano se o islamismo não existia? Seria o mesmo que Hitler afirmar que os romanos da antiguidade eram nazistas porque eles se cumprimentavam erguendo os braços com as mãos abertas. O segundo problema é que se prostrar para rezar é algo muito antigo, que diversas religiões usavam e ainda usam. De modo que afirmar que Jesus Cristo era muçulmano porque ele se prostou é uma argumentação tão simplória que chega a ser ofensiva à inteligência alheia.
Mas a vontade a vontade de reescrever a história não para nas personagens bíblicas. Um esforço contínuo vem sendo feito para reescrever a história de modo que muçulmanos tenham estado em lugares onde nunca estiveram em determinado período, como que para alegarem que o islamismo é mais antigo naquele determinado lugar do que o cristianismo, o budismo, o hinduísmo, e mesmo o judaísmo. Na lógica tortuosa do islamismo, todo lugar que tenha sido regido pela lei islâmica Sharia, mesmo de modo tênue, é propriedade do islamismo para sempre. Eu poderia dar vários exemplos aqui, mas vou me ater em apenas alguns.
Um exemplo é a afirmação feita de que os muçulmanos chegaram na Austrália antes dos europeus e que teriam tido contato com os aborígenes australianos. Ora, é possível que tenha existido contato entre muçulmanos que viviam na atual Indonésia e aborígenes do norte da Austrália. Contudo, se tal contato ocorreu, antes dele teria ocorrido contato dos aborígenes australianos com os hindus e os budistas, afinal de contas tanto o hinduísmo quanto o budismo chegaram na Indonésia séculos antes do islamismo.
Um outro exemplo foi afirmação do presidente turco, e candidato a califa, Erdogan, que, em 2014 afirmou, durante um encontro com líderes muçulmanos da América do Sul, de que os muçulmanos teriam descoberto as Américas 300 anos antes dos europeus. Para tal ele citou o artigo de um historiador muçulmano que havia dito, em 1996, que a chegada de Colombo ao continente americano era uma prova de que os muçulmanos haviam alcançado o continente primeiro, e que a religião islâmica era amplamente espalhada. O fato é que nenhuma estrutura islâmica foi encontrada nas Américas datando de antes de Colombo. Novamente, a intenção dessas afirmações estapafúrdias é tomar posse, dizendo que o continente americano pertence ao islamismo porque o islamismo teria chegado primeiro.
No Brasil esse tipo de raciocínio totalmente anti-histórico é encontrado aqui também. Recentemente, uma organização jurídica islâmica no Brasil afirmou que foram muçulmanos que descobriram o Brasil. Anos atrás um repórter de Salvador chegou a dizer que essa cidade era árabe. Vocês podem ler sobre isso em 2 artigos que eu escrevi, cujos links estão na descrição deste vídeo.
Agora, a mais nova, foi encontrada na internet em um site que se diz tratar da história islâmica (e deve-se ter cuidado sites de ‘história islâmica’ pois muitas vezes acabam sendo nada mais do que ‘propaganda islâmica’). Um vídeo deste canal afirma que existiu um Emirado da Suíça no século oitavo. Isso mesmo. Leia os trechos do vídeo original e meus comentários que o seguem.
Vídeo completo com o texto do artigo no Rumble, Bitchute e YouTube.
Então, encontramos esta literatura em arquivos de mosteiros e de monges, dizendo que na Suíça nós fomos invadidos por sarracenos, por africanos, por pessoas do mundo árabe. Essa é a idéia da narrativa estabelecida nos séculos 8 e 9.
Isso não é narrativa. Isso é história. A Europa foi invadida diversas vezes por exércitos muçulmanos, tenham sido eles sarracenos, mouros, tártaros, turcos, ou uma combinação deles. E, sim, foram invasões, porque quando um exército armado até os dentes entra no país dos outros, eles não estão indo fazer piquenique, eles estão indo para conquistar. Então, isso chama-se invasão. E foi exatamente isso que os exércitos muçulmanos fizeram por séculos, não só na Europa como também contra a Índia.
E, na verdade, um estado muçulmano foi estabelecido no sul da Suíça. A Suíça hoje é dividida em quatro idiomas, quatro tipo de pessoas. Essas pessoas formam a Suíça de hoje. Como era a Suíça nos séculos 8 e 9, quando os muçulmanos vieram? Naquela época não havia Suíça. De modo que muçulmanos chegaram a um país que não existia. Os muçulmanos estavam na Suíça antes da Suíça. A Suíça só começou a se desenvolver no século 13. Então, 3 séculos antes da ideia de Suíça, muçulmanos já haviam chegado na parte sul da Suíça (onde hoje falam francês e italiano).
Isso aí é exatamente o que eu disse. O islamismo chegou primeiro, logo, a Suíça a pertence os muçulmanos. Mas existe um problema aí. Como foi que os muçulmanos chegaram? Ah! Invasão! Os muçulmanos invadiram a Península Ibérica, invadiram a França, e teriam chegado na Suíça? Eu não sei se chegaram na Suíça. Mas, mesmo que tenham chegado no sul da Suíça, eles não chegaram lá para fazer picnic. Eles chegaram lá invadindo. Eles chegaram na Jihad islâmica. E quanto a esse Emirado da Suíça? Olha só, fazendo uma busca na internet, a única coisa que eu encontro com as palavras Emirado e Suíça são anúncios da companhia aérea Emirates, ou do seu escritório na Suíça, ou a representação da Suíça nos Emirados Árabes Unidos, anúncio do hotel suíço em Dubai, e anúncio da Companhia Aérea Suíça. Será que esse “historiador” está se referindo ao Frascineto, que foi uma pequena região no litoral sul da França, feita uma base de operações, a partir da qual os muçulmanos faziam ataques visando pilhagem e captura de mulheres para ser vendidas como escravas nos mercados de escravos muçulmanos? Será que é essa a grande presença da cultura islâmica, que por oito décadas tocou o terror no sul da França? É a isso que ele se refere?
Ao mesmo tempo, encontramos na Europa central, e em outras partes, pessoas seguindo um certo estilo de moda. Uma moda com pessoas usando turbantes, e os aristocratas, aqueles com dinheiro, andando pelas ruas de Paris, Londres, sentindo-se pertencer a classe alta. Então, eles precisavam parecer diferentes e mais sofisticados. E quem parece ser mais sofisticado? As pessoas com maior conhecimento. As pessoas do Al-Andaluz. Então, vamos parecer como as pessoas de Al Andaluz, usar turbantes e usar vestidos longos como muçulmanos.
Quer dizer que o fato de existirem pinturas da Renascença mostrando italianos usando chapéus feitos de panos os torna muçulmanos? Com sinceridade, eu acho que para se chegar a essa conclusão é preciso muita imaginação, e falta de bom senso.
Existiram árabes na Europa naquela época. Por que não? Os árabes eram grandes comerciantes. O que fica difícil é aceitar esse pulo quântico que torna uma eventual presença de árabes em um emirado. A intenção desse historiador muçulmano, como a de tantos outros antes dele, é de tentar construir uma narrativa de que o islamismo faz parte da Europa, quando, na verdade, a Europa foi assolada pela jihad islâmica desde os primórdios do islamismo.
Os muçulmanos não vieram para a Europa para propagar pacificamente a nova fé supostamente criada por Maomé. Eles vieram com exércitos, atacando a Europa pelo Leste e pelo Oeste. Pelo Leste, à jihad islâmica atacou impiedosamente e sem descanso o Império Romano do Oriente, o Império Bizantino. Constantinopla, a mais importante e rica cidade do mundo da época, e capital de Bizâncio, foi sitiada 2 vezes em um período de menos de 100 anos. Constantinopla resistiu graças a ingenuidade e a tecnologia mais avançada dos gregos, incluindo aí as suas forças navais e o chamado fogo grego, que era uma espécie de lança chamas. Pelo Oeste, a jihad islâmica invadiu a península ibérica seguindo França adentro, fazendo o que de costume, ou seja, pilhando. escravizando e estuprando. foi preciso quase um milagre, quando os francos, sob o comando de Carlos Martelo, derrotaram os muçulmanos jihadistas na famosa batalha de Tours. De modo que esse historiador muçulmano está delirando ao tentar vender essa uma ideia de uma influência muçulmana na Suíça que não existiu.
Links para artigos que tratam da Jihad contra Constantinopla, da invasão islâmica da península ibérica, da batalha de Tours, e da jihad islâmica contra a França estão indicados na descrição deste vídeo.
E eu concluo com uma afirmação controversa. Eu considero difícil levar a sério uma religião que precisa mentir para se espalhar.
Referências mencionadas no artigo:
Muçulmanos descobriram o Brasil? (grupo tenta re-escrever a história) (3e)
Segundo Cerco de Constantinopla (717 – 718)
Jihad contra a França (721 – 759)
Roma, saqueada pelo Islão em 846
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