José Atento
Você já se perguntou o que levou as populações cristãs no Oriente Médio, Norte da África e Balcãs a adotarem o islamismo? Foi a dimitude (em inglês, tem-se usado o termo dhimmitude).
Dimitude é um termo que significa o status social, político e religoso de terceira-classe ao qual cristãos e judeus devem ser submetidos quando regidos pela lei islâmica Sharia. Apenas o cristãos e judeus mais fervorosos foram capazes de resistir às humilhações e pogroms. Para muitos, era melhor se juntar aos muçulmanos opressores, tornando-se um deles.
Durante as suas guerras de conquista (jihad islâmica), Maomé impunha um regime econômico baseado na pilhagem das tribos conquistadas. Mas, ao se tornarem muçulmanos, as tribos não podiam ser pilhadas novamente. Com a conquista dos judeus que tinham sido exilados pelo próprio Maomé no Oásis de Kaybar, e mais tarde com a sua incursão contra a cidade cristã de Tabuq, Maomé criou um novo modelo econômico baseado na taxação contínua dos judeus e cristãos, sem contudo forçá-los imediatamente a se converterem ao islamismo. O imposto é como estabelecido no Alcorão 9:29:
“Lute contra aqueles que não acreditam em Alá ou no Último Dia, que não proíbem o que foi proibido por Alá e Seu Mensageiro, e que não reconhecem a Religião da Verdade (islão), mesmo que sejam do Povo do Livro (cristãos e judeus), até que paguem o imposto tributo jizya em submissão, sentindo-se subjugados e humilhados. “[Outra tradução diz:] “paguem o imposto em reconhecimento da nossa superioridade e do seu estado de sujeição”.
É importante ressaltar alguns aspectos inerentes a este verso (surata). O primeiro é que ele implica a conquista do cafre (káfir, não muçulmano). A segunda, é a cobrança do imposto em sí. A terceira, é o modo da cobrança: humilhando o cafre, deixando claro que quem manda são os muçulmanos.
Alguns anos mais tarde, o segundo califa, Umar, impôs condições de conduta aos cristãos conquistados pela jihad islâmica, além do pagamento da Jizya. Este conjunto de condutas são chamadas de Condições de Umar (algumas vezes também referidas como Pacto ou Tratado de Umar). Estas condições estabelecem que se qualquer uma das condutas estabelecidas forem desrespeitadas, os cristãos ou judeus deixam de ser “protegidos” (tendo como escolha se converterem ao islamismo ou serem mortos).
As Condições de Umar codificadas pela Sharia recebem o nome de dhimma (soa como zima). Aqueles que a aceitam (seja por bem ou por mal) são os dimis ou zimis (ذمي).
A palavra dimi é árabe e significa “protegido.” Mas, na verdade, o verdadeiro significado de dimi é um “infiél” que é tolerado desde que abrace seu status de inferioridade, aceite seus direitos limitados, e pague a jizya. A jizya é um “imposto de proteção.” A pergunta que se segue é: mas proteção contra quem?
Dimi, então, foi o nome que os conquistadores árabes muçulmanos deram para as populações não-muçulmanas nativas das terras conquistadas militarmente, que se renderam à dominação muçulmana dentro de um tratado dhimma. Como as conquistas islâmicas se expandiram sobre vastos territórios na África, Europa e Ásia, por mais de um milênio (638-1925), vários povos foram dhimmis. Por exemplo, os portugueses foram dhimmis por 500 anos, cidadãos de terceira-classe subjgados na sua própria terra. Todos estes povos foram governadas pelo mesmo arcabouço legal, com base na Sharia.
Existiram variações, por exemplo, a jizya cobrada pelos turcos-otomanos não era dinheiro, mas sim o filho primogênito das famílias cristãs, regime este conhecido como devshirme (do turco devşirme).
A vida humilhante pela qual os dhimmis eram submetidos foi a principal causa que levou as civilizações cristãs no Oriente Médio e Norte da África e, pouco a pouco, se converterem ao islamismo, podendo, deste modo, viver uma vida com direitos iguais aos dos muçulmanos. Isso, obviamente, contradiz o verso corânico (2:256) “não existe compulsão na religião.” Bem, na verdade, nós sabemos que este verso, como outros 118 versos do Alcorão, foram ab-rogados pelo Verso da Espada (9:5).
Em 1983, a historiadora egípcia e britânica Bat Ye’or cunhou o termo Dimitude para indicar esta vida de restrições às quais os judeus e cristãos devem ser submetidos segundo a Sharia. O termo dhimmitude contém um conceito histórico, abrangendo todos os aspectos demográficos, étnicos e religiosos do sistema político.
Veja também este outro vídeo, que mostra um imame britânico explicando sobre a necessidade de se aplicar a dhimmitude nos dias de hoje.
Leitura complementar: Islão, o aniquilador de civilizações.
Leitura complementar: “Como se atreve?” A natureza supremacista das ‘queixas’ dos muçulmanos.
Referências sobre o assunto:
- Bat Ye’or (1996). The Decline of Eastern Christianity under Islam. From Jihad to Dhimmitude. Seventh-Twentieth Century. Madison/Teaneck, NJ: Fairleigh Dickinson University Press/Associated University Presses. ISBN 0-8386-3688-8.
- Bat Ye’or (2003). Islam and Dhimmitude. Where Civilizations Collide. Madison/Teaneck, NJ: Fairleigh Dickinson University Press/Associated University Presses. ISBN 0-8386-3943-7.
- Bat Ye’or ISLAM AND DHIMMITUDE. Where Civilizations Collide Fairleigh Dickinson University Press/Associated University Presses (2002)
- Bat Ye’or The Dhimmi: Jews and Christians under Islam Fairleigh Dickinson University Press/Associated University Presses
- Bostom, Andrew, ed. (2005). The Legacy of Jihad: Islamic Holy War and the Fate of Non-Muslims. Prometheus Books. ISBN 1-59102-307-6.
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