Se você deseja evidência que o fundamentalismo islâmico (ou seja, o islão de verdade) já chegou ao Brasil, não precisa procurar mais. Leia o artigo e reflita.
Um dos fatos mais curiosos e estarrecedores com respeito ao islamismo é que o mesmo é claro no tocante a irrelevância da democracia, chegando-se mesmo a afirmações, bastante comuns, que a democracia é anti-islâmica, sob a justificativa de que todas as leis foram dadas por Alá, por conseguinte, elas não podem ser alteradas pelo ser humano.
Existem diferentes abordagens de como se alcançar o estágio no qual as leis de Alá possam ser aplicadas. Existe o modo violento e revolucionário, como aplicado na revolução iraniana e pelo Estado Islâmico (tomada rápida do poder, e implantação imediata da Sharia através do “terrorismo de estado”), e o modo mais gradual, baseado na premissa que os meios justificam os fins, que se serve do processo eleitoral da democracia como um meio de chegada ao poder, como é o caso do partido islamista turco Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP) do presidente Recep Erdogan, que vem islamizando a turquia em doses homeopáticas, bem como a Irmandade Muçulmana no Egito, que após ganhar as eleições partiu para uma islamização imediata, o que levou o exército egípcio a derrubar o governo para impedir que o Egito tornasse mais uma teocracia islâmica.
Mas existe ainda um terceiro grupo de muçulmanos autênticos que é mais honesto naquilo que acredita e expõe o pensamento islâmico com clareza. Existem vários exemplos disso, e eu apresentei um vídeo mostrando isso anteriormente. Agora, vem a notícia da Inglaterra de uma campanha entre os muçulmanos para boicotarem as eleições. Conforme relatado pelo Daily Mail, uma série de cartazes têm sido espalhados dizendo o seguinte:
“Democracia é um sistema no qual o ser humano viola as leis de Alá.”
“A democracia é um sistema pelo qual o ser humano viola o direito de Alá e decide o que é permitido ou não permitido para a humanidade, baseado unicamente em seus caprichos e desejos.
‘Isto conduz a uma sociedade decadente e degradada onde o crime e imoralidade se tornam generalizados e injustiça se torna a norma.
A Sharia “é um sistema global de governança em que as leis de Alá são implementadas e a justiça é observada.”
O islão é a única solução possível para o Reino Unido.”
Agora, vamos ver que o mesmo raciocínio existe no Brasil. O site islamismo.org traz um artigo, traduzido por uma “irmã Daniela” que apresenta argumentos que defendem esta premissa, que democracia é anti-islâmico.
Eu transcrevo o artigo em sua totalidade abaixo, mas antes disso eu saliento alguns conceitos importantes do texto:
Seguir leis que não sejam as de Alá (Sharia) é praticar Taghut (praticar idolatria, adorar algo exceto Alá). Seguir o Taghut é seguir algo proposto por Satanás.
Democracia é shirk (idolatria, atribuir parceria a Alá). A função de Legislador da Humanidade, isto é, aquele que determina as leis políticas, econômicas, sociais e de adoração dentro de uma sociedade, são exclusivas de Alá.
Democracia viola o Tawheed (pronúncia taurríd), ou seja, o monoteísmo islâmico, pois ao se votar, se está adorando outros como fonte da legislação.
Votar é um pecado.
Leia você mesmo e tire as suas próprias conclusões.
12/6/2015. Uma atualização, com mais frases de um outro artigo do mesmo site islâmico brasileiro:
“A democracia é anti-islâmica pois o direito de legislar é exclusivo de Alá. Permitir que o Homem legisle é colocá-lo ao lado de Alá.”
“Na essência todos os ativistas islâmicos concordam em uma coisa sobre a democracia: ela é um produto dos kuffar (não muçulmanos), portanto, contrária à lei islâmica.”
“Fomos criados como servos de Alá e nosso Senhor nos ordena a submissão à Sua Lei, a sharia.”
Votar em um democracia é proibido ao muçulmano
Diz Allah, o Altíssimo, no sagrado Alcorão: “Por certo revelamos a Tora; nela há Orientação e Luz. Com Ela, os Profetas julgavam aos que praticavam o judaísmo e assim também, os rabinos e os sacerdotes, aos quais estavam recomendadas a observância e a custódia do Livro de Deus. Não temais, pois, os homens e temei a Mim; e não negocieis as Minhas leis a vil preço. E quem não julga conforme o que Allah fez descer (revelou), esses são os renegadores da fé.” E ainda: “Anseiam, acaso, o julgamento dos tempos da ignorância (paganismo)? E quem é melhor do que Allah em julgamento, para um povo que se convence da Verdade?” (Al Maida: 44, 50). Segundo o tafsir (interpretação) de Ibn Kathir, esses versículos se referem aos que se encaminham para descrença ao afastarem-se da obediência à Allah e ao seu Mensageiro, preferindo suas próprias opiniões e desejos àquilo que Allah legislou.
Em outra passagem encontramos: “Não reparaste (oh Muhammad) naqueles que declaram que crêem no que te foi revelado e no que foi revelado antes de ti, porém recorrem, em seus julgamentos, ao Taghut, sendo que lhes foi ordenado rejeitá-lo? Satanás quer desviá-los profundamente.” (al Nissá: 60). Segundo Ibn Qaym, seguir (legitimar) leis que não sejam as legisladas por Allah é uma das formas de seguir o Taghut.
Para entendermos a gravidade desse ato, basta pensarmos que Allah prescreve o Tawheed (monoteísmo puro, seguir e obedecer somente à Ele), enquanto Satanás estimula ao Taghut (seguir aquilo que Allah não permitiu). Seguir o Taghut é seguir algo proposto por Satanás!
Trazendo esses versículos e conceitos para realidade política democrática no Brasil, e sabendo que a democracia é baseada em uma legislação laica, isto é, sem ligação com os preceitos que Allah revelou, entendemos que a democracia é uma representação do Taghut, ao qual foi ordenado ao crente rejeitar, jamais participar e nem mesmo apoiar!
Outro grave aspecto, é que ao aceitarmos como legítima a democracia, que são leis estabelecidas pelo ser humano, cometemos Shirk (atribuir parceria a Allah), uma vez que a função de Legislador da Humanidade, isto é, aquele que determina as leis políticas, econômicas, sociais e de adoração dentro de uma sociedade são exclusivas de Allah. Associar parceiros à Allah é Shirk, o maior dos erros! (Esse conceito é melhor detalhado no item 3 dentro das argumentações que seguem abaixo).
O muçulmano só encontra identificação e representação dentro do sistema proposto por Allah, esse sistema é a Shariah (legislação islâmica). Tudo que foge a isto deve ser evitado ou combatido!
Abaixo seguem as contra argumentações para aqueles que pensam viável a possibilidade do muçulmano participar em eleições democráticas!
ARGUMENTOS (E CONTRA ARGUMENTOS) MAIS COMUNS PARA JUSTIFICAR O VOTO EM DEMOCRACIAS (SHIRK):
- A participação do Profeta Yussuf (as), como um ministro no governo do rei do Egito:
Allah, o Altíssimo, disse: “Então o rei disse: Trazei-o! Quero que sirva exclusivamente a mim! E quando lhe falou, disse: Doravante gozarás, entre nós, de estabilidade e de confiança. E assim estabelecemos Yusuf (José) no país, para que governasse onde, quando e como quisesse. Agraciamos com a Nossa misericórdia quem Nos apraz e jamais frustramos a recompensa dos benfeitores”. (12: 54, 56).
Devido a isso, há aqueles que usam o exemplo de Yussuf (as), para mostrar que este se estabeleceu no governo do rei e concluir, com base nisso, que é permitido se tornar um ministro em um governo não-muçulmano, então, certamente é permitido votar no candidato menos prejudicial que vai se tornar um membro do Parlamento a agir em nosso nome.
Aqueles que usam isso como evidência, se esquecem de citar que Yussuf (as) disse a seus dois companheiros na prisão, antes de assumir esta posição: “… O hukum (julgamento) pertence somente a Deus, que vos ordenou não adorásseis senão a Ele. Tal é a verdadeira religião; porém, a maioria dos humanos o ignora.” (Trecho 12: 40).
Então, como poderíamos dizer sobre Yussuf (as) que ele iria se comprometer e cooperar com um governo que legisla leis feitas pelo homem, enquanto ele mesmo aconselhou aos outros sobre este assunto, dizendo: “O Hukum ( ou seja, o julgamento) é para ninguém, senão Deus? ”
Em primeiro lugar, aqueles que usam este exemplo, precisam de provas para sustentar a alegação de que a lei deste governo, após Yussuf fazer parte dele, não esteve de acordo com a Sharia de Yusuf (as). E não há nada que indique isso dentro do próprio exemplo. Pelo contrário, foi narrado que o Rei, se tornou um ministro dentro do reinado de Yussuf, após tornar-se muçulmano.
Ibn At-Tabari Jarir narrou que Mujahid disse: “O Rei com quem Yusuf estava, abraçou o Islam entrou” (Jami’ Al-Bayan ‘An Ta’wil Ay Al-Qur’an”, Vol. 9/217).
E Al-Baghawi disse: “Mujahid e outros disseram: “Yusuf (as) não parou de chamar o Rei ao Islam enquanto, com gentileza, até que ele e muitas outras pessoas entraram no Islam”.
Além disso, é narrado que Yussuf (as) foi o governante, seus deveres como ministro incluia governar o Egito.
Ibn At-Tabari Jarir narrado de As-Suddi disse: O Rei deu a Yussuf um cargo de autoridade, ele supervisionava o comércio e todos os assuntos ligados ao Reino e o rei dizia: “Nós damos plena autoridade para Yussuf na terra para que ele tome posse nela, como, quanto ou onde lhe agradar.”
Al-Qurtubi narrou que Ibn ‘Abbas disse sobre Yussuf: “Então ele se sentou em sua cama e o Rei se aproximou dele. E o Rei entrou em sua casa com sua mulher e a autoridade do Egito lhe foi concedida. ”
Al-Qurtubi disse: “E quando o rei deu a autoridade do Egito para Yusuf, ele era generoso para com o povo e os chamou para o Islam, até que acreditaram nele e ele estabeleceu a justiça entre eles. Então os homens e as mulheres o amavam. ((23 “Al-Jami’ Li-Ah’kam Al-Qur’an”, Vol 9./215).
- Devemos escolher o menor entre dois males:
Através desse principio, escolher um para que o pior não seja eleito, alguns dizem ser permitido a participação dos muçulmanos em eleições laicas para que seja escolhido o candidato cujas políticas não se oponham aos princípios islâmicos.
Como a maioria das regras de Jurisprudência Islâmica, muitas vezes, o princípio da regra está correto, porém, alguns a implementam incorretamente ou em circunstâncias em que não seriam aplicadas.
O erro mais comum dos que usam esta regra é que ele só pode ser aplicada quando as escolhas são inevitáveis. Um exemplo desta regra é quando alguém é confrontado com duas opções que são completamente inevitável, cada um dos quais não são admissíveis. Então, se uma pessoa estava em uma situação onde eles estão sendo obrigados a escolher entre duas questões que são essencialmente inadmissível, a menor das duas escolhas pecaminosas é para ser selecionada. Como um irmão colocou: Quando se tenta implementar este princípio nesta situação, é semelhante a ele beber álcool no seguinte cenário: Um irmão convida outro para o seu lar. Lá, ele obriga-o sob a mira de uma arma a beber qualquer um dos dois copos de álcool: um com álcool a 50% e um com 25% de álcool. Ele escolhe a segunda opção.
Quanto à participação nas eleições democráticas, não há compulsão alguma, então não pode haver desculpa para cometer este Shirk usando o argumento de “o menor de dois males.” Pelo contrário, dizemos que a escolha para cometer o ato de Shirk – enviar alguém para governar de acordo com a lei feita pelo homem em vez da Sharia de Deus – é um mal muito pior do que se abstiverem de votar no sistema do Taghut .
- O benefício está acima do mal (haram):
E esta regra é similar a citada acima. Alguns usam essa regra para permitir a participação em eleições democráticas, dizendo que os benefícios na escolha de um candidato cujas políticas são menos prejudiciais para os muçulmanos, compensa o prejuízo, no caso de um outro candidato ganhar, com políticas mais ameaçadoras para os princípios islâmicos.
Sendo que participar de eleições democráticas, por conceito, é Shirk, então, o alegado benefício em eleger um candidato dentro desse sistema não existe, isso porque a pessoa que participa dessa ação está, na realidade, buscando um benefício de Allah, al Wali, enquanto viola o Tawheed. Não há nenhum benefício em se praticar o Shirk e não é permitido que esse ato seja encorajado.
Em sua repreensão ao Dr. Safar Al-Hawali, autor de “carta aberta a George W. Bush”, o Shaykh Abu Mustafa Basir Halimah, o menciona dizendo que este incentivou os muçulmanos dos Estados unidos a votarem em W. Bush. Diz sheikh Halimah: “As palavras do Shaykh Safar Al-Hawali são falsas e rejeitadas por várias razões: Primeiro, é errado partir de um sheique o encorajamento para que os muçulmanos participem do jogo da democracia. Isso é um erro na aqiida (crença) e erro na interpretação da shariah. Não há desculpas, não importa quantos benefícios isso possa acarretar. Como pode estimular um ato estando este em desacordo aos fundamentos gerais da Shariah e que já foram tão bem esclarecidos em nossos trabalhos? ( “Waqafat Ma’ Ash-Shaykh Safar”, Pg. 18).
E mesmo se tivéssemos de admitir que existem benefícios reais na participação em eleições democráticas, isso ainda não torna o ato permitido. Como Deus, o Altíssimo, disse: ” Interrogam-te a respeito da bebida inebriante e do jogo de azar; dize-lhes: Em ambos há benefícios e malefícios para o homem; porém, os seus malefícios são maiores do que os seus benefícios. Perguntam-te o que devem gastar (em caridade). Dize-lhes: Gastai o que sobrar das vossas necessidades. Assim Deus vos elucida os Seus versículos, a fim de que mediteis” (Al Baqara: 219).
Em seu Tafsir, Ibn Kathir disse: “Como seu benefício (álcool e jogos de azar), temos os ganhos materiais, o que inclui os benefícios para o corpo, (no caso de pequenas doses de vinho, por exemplo); no entanto esses benefícios são superados pelos malecífios que jogos e álcool acarretam para a mente e para a religião (parte espiritual do ser humano). (“Tafsir Al-Qur’an Al-‘Athim” 1/345).
Da mesma forma, se tivéssemos que admitir que há algum benefício na participação de eleições democráticas, o dano para a religião, devido os muçulmanos cometerem esse ato de Shirkh, escolhendo alguém para legislar no lugar de Allah, seria imenso! E dizemos com toda certeza que Shirk é muito mais prejudicial ao crente do que qualquer entorpecente ou jogo de azar.
- As ações são baseadas em intenções
E aqueles que aplicam esse princípio dizem que, enquanto a intenção de alguém for para diminuir a opressão sobre os muçulmanos ou a proporcionar-lhes algum alívio a ação torna-se permissível. E eles ainda dizem que, enquanto não há a intenção em cometer algum mal, pelo contrário, a participação nas eleições democráticas tem por objetivo proporcionar o bem, então isso permite a ação e a faz apreciável.
E dizemos que o erro desse pensamento lógico é o ponto chave desse texto e essa maneira errônea de pensar está presente em outros assuntos ligados a religião, por tanto, vamos detalhar um pouco esse tópico:
O primeiro ponto é que os pecados não deixam de ser pecados devido à intenção de quem os comete. Abu Hamid Al-Ghazali, que Deus seja misericordioso com ele, disse: “Os pecados não mudam sua natureza pela intenção. As pessoas têm que entender que o dito: “As ações valem pelas intenções”, deve ser compreendido em uma maneira generalizada, isto não significa que um pecado muda de natureza devido a boa intenção da pessoa que o cometeu. É como alguém que constroi uma mesquita com dinehiro ilícito, ou que alimenta um necessitado com dinheiro que não lhe pertence, isso é uma ignorância. As boas intenções de nada valem se estamos cometendo um haraam! Casoa a intenção seja combater o mal indo contra a shariah, isto é um outro mal! Mas, se você diz não ter conhecimento sobre esses assuntos, então por isso comete o pecado, então, isso é ainda outro pecado, porque é obrigação do muçulmano buscar pelo conhecimento…” “Além disso, o que é bom ou mal para os muçulmanos deve ser interpretado, sempre, levando-se em conta o que está prescrito na shariah. Como um ato de shirk pode ser bom? Aquele que distorce a shariah o faz em busca de desejos pessoais.”
A pessoa que é nova no Islam e por isso ainda não teve tempo para aprender determinados conceitos islâmicos, está está isenta do pecado, porém, é sua obrigação buscar pelo conhecimento.
O dito: “as ações valem pelas intenções” só pode ser aplicado quando a ação em questão não envolve ato ilícito. A obediência também pode ser transformada em um pecado pela intenção errada. Também a ação permitida pode ser transformado em um pecado ou em ato de obediência devido intenção. Em contraste, um pecado nunca pode ser transformado em uma obediência pela boa intenção. Esse tópico é mencionado no livro: Ihya’ Ulum Ad-Din, Vol. 4/388-391.
Em sua refutação à Fatwa de Shaykh ‘Abdul-Aziz Ibn Baz, que permite ao muçulmano tornar-se um membro do Parlamento e participar em eleições democráticas, com base na regra: “As ações são baseadas nas intenções”, Shaykh’ Abdul -Qadir Ibn ‘Abdil-Aziz, disse: “Eu digo que esta Fatwa está errada, de acordo com o que temos citado de Al-Ghazali, que os pecados não se tornam admissíveis pela intenção. Além disso, o Kufr é o maior dos pecados. Então, se juntar ao Parlamento Kufr, não é admissível, nem pela boa intenção, porque através do Parlamento é que o sistema democrático é implementado e sabemos que seguir um alegislação que não a de Allah é shirk, então, não podemos nos misturar àquilo que leva ao shirk! (Al-Jami Fi Talab Al-‘Ilm Ash-Sharif” 1/147-148).
Por tanto a intenção não é um fator que sirva de desculpa para se cometer um ato ilícito, se fosse assim, os muçulmanos poderiam vender bíblias e estátuas de “santos” para que o lucro fosse revertido aos muçulmanos e pensar em tal atitude é inadmissível.
- Comandar o bem e proibir o mal:
Os que usam essa regra dizem que votar no candidato menos prejudicial nas eleições democráticas, ou votar por ele com base em algumas de suas boas políticas que estão em oposição à política do mal de seus oponentes é uma forma de comandar o bem e proibir o mal.
Nossa resposta para isso é que a participação nas eleições democráticas é em si um mal que deve ser proibido, pois esse sistema visa associar os desejos dos homens com a Legislação de Deus, o Altíssimo. Estando claro esse conceito na mente do leitor, esse perceberá que é exatamente o oposto do que dizem aqueles que insistem em fazer permitido a participação numa democracia, pois é a democracia (shirk) que deve ser combatida, sendo ela o mal.
A condição de ocmbater o mal e comandar o bem, devem ser feita por meios permitidos, assim, não é permitido matar um homem para impedi-lo de roubar, não é permitido enganar um não muçulmano e fazê-lo pagar juros (riba), não é permitido sequestrar as mulheres de um homem a fim deste parar de bater nelas. Outro ponto é que o resultado de comandar o bem e proibir o mal não deve ser um mal ainda maior.
Shaykh Al-Islam, Ibn Taymiyyah, que Allah seja misericordioso com ele, disse: “E se aqueles que comandam o bem e proibem o mal sabem que o resultado de uma determinada ação terá uma combinação inseparável do bem junto ao mal, então, eles não estão autorizados a recomendá-lo até que avaliem seus resultados. Se o bem for predominante, então eles devem encorajar determinado ato. Mas se o mal for predominante, então, eles são proibidos de fazê-lo, mesmo que isso implique a perda de um bem menor. Neste caso, comandar um bem que resultaria em mais erros, seria um ato de comandar o mal e promover a desobediência a Deus e Seu Mensageiro.”(Al-Amru Bil-Ma’rufi Wan-Nahyu ‘An Al-Munkar, Pg. 21).
E ainda, Ibn al-Qayyim, que Deus seja misericordioso com ele, disse: “Caso um ato de proibir o mal leve ao que é ainda pior e mais odiado por Deus e Seu Mensageiro, então não há permissão para proibi-lo, apesar de Allah odiar o mal e odiar aqueles que o fazem.” (I’lam Al-Muwaqqi’in”, Vol. 3/4).
Assim, as tentativas de proibir o mal, por aqueles que chamam à participação nas eleições democráticas, geram Shirk e desobediência à Allah.
Mesmo concordando sobre a situação terrível e dolorosa que nossos irmãos do Iraque e em outros lugares invadidos enfrentam hoje, temos que pesar a participação nas eleições, mesmo com a intenção de ajudar esses irmãos, com o ato de cometer Shirk . Allah, o Altíssimo, disse: “…e a sedição pela idolatria é pior do que o morticídio…” (191, al Baqara, trecho). A palavra em árabe, que foi traduzida por sedição é fitna, que no caso se refere, segundo livro de tafisr do Shaikh Al Islam Ibn Taymiyah (que Allah seja misericordioso com ele), ao Shirk e kufr. Quer dizer, o ato de kufr ou Shirk é maior pecado do que o ato de matança.
Shaykh Shaykh Sulayman Ibn Sahman disse sobre estes versos: “Al-Fitnah é o Kufr. Então, se todos os beduínos e os habitantes da cidade (ou seja, todas as pessoas) lutarem até que todos estejam mortos, seria menos grave do que estabelecer um Taghut na terra, que governa em contradição à Sharia do Islam.” (Look to “Al-Jam’u Wat-Tajrid Fi Sharhi Kitab At-Tawhid”, Pg. 121).
Portanto, não há dúvida de que a cometer um ato de Shirk com a intenção de reduzir os danos sobre outros muçulmanos (mesmo quando este dano atinge o nível da morte), o Shirk, ainda assim, é um mal maior e não pode ser realizada como parte de comandar o bem e proibir o mal.
- A Necessidade permite atos ilícitos:
Aqueles que usam esta regra, dizem que os muçulmanos estão em uma situação de necessidade (Dharurah) onde realizar ações ilegais, como a participação nas eleições democráticas, torna-se permissível.
Essa regra não é absoluta, ela deve ser avaliada e há exceções e estipulações que tornam essa regra inaplicável à participação em eleições democráticas.
Em primeiro lugar, devemos qualificar o que é necessidades. Portanto, deve-se ter cuidado para não aplicar a concessão desta regra para algo que nem sequer se qualificar como uma necessidade. E sabe-se que compreende-se por necessidades no Islam as cinco categorias básicas: salvaguardar a religião, a si mesmo, manter sua sanidade mental, proteger sua família, manter seus bens. (Look to Fath Al-Bari, Vol. (1/179). Com isso fica claro que apenas determinados temas são considerados necessidade, a qual aplica-se a regra acima.
Quando se trata de Kufr e Shirk, não há desculpa para realizá-lo devido a uma necessidade (Dharurah), mesmo porque, cometer Kufr ou Shirk é uma violação de uma das categorias de necessidade em si: salvaguardar a religião, pois é princípio básico da fé islâmica a negação do Shirk.
E como podemos olhar para alguns exemplos em que é permitido executar um pecado, baseado em uma necessidade legítima e depois usar essa comparação para permitir a realização de um ato de Kufr ou Shirk?
Shaykh Al-Islam, Ibn Taymiyyah, que Allah seja misericordioso com ele, disse:
“Na verdade, existem atos que são terminantementes proibidos, que a legislação islâmica não permite de jeito nenhum, nem por necessidade. Um desses atos é o Shirk e atos sexuais fora do casamento e falar sobre Allah sem conhecimento. Allah diz no Sagrado Alcorão: “Dize: Meu Senhor vedou as obscenidades, manifestas ou íntimas; o delito; a agressão injusta; o atribuir parceiros a Ele, porque jamais deu autoridade a que digais d’Ele o que ignorais.” (Al Araf: 33).
Shaykh ‘Ali Al-Shaykh Khudayr narrado de Hamad Ibn’ Atiq, disse:
“Ele, o Altíssimo, disse:” Ele só vos vedou a carniça, o sangue, a carne de suíno e tudo o que for sacrificado sob invocação de outro nome que não seja de Deus. Porém, quem, sem intenção nem abuso, for impelido a isso, não será recriminado, porque Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo”. (AL Baqara: 173).
Existe uma condição, enquanto necessidade, para aquele que come, o faz sem desobediência deliberada ou transgressão. E existe diferença entre as duas condições:compulsão e necessidade. Ibn Atiq Ibn disse: “E na permissibilidade de comer carne dos animais já mortos, existe uma necessidade, a fome, mas há algo que indica a necessidade de apostasia voluntária? E Ali Shaykh ‘Al-Khudayr continuou,
“E nós dizemos: Existe uma permissibilidade de comer carne de animais já mortos, quando a pessoa encontra-se em necessidade pela fome. Mas qual a necessidade de fazer parte voluntariamente de um conselho secular orientado sob o taghut?” (Al-Jam’u Wat-Tajrid Fi Sharhi Kitab At-Tawhid”, Pg. 121).
- Kufr é desculpado devido à compulsão:
Uma vez que se verifique que Kufr e Shirk não são permitidos por necessidade, como mostramos no item anterior, o próximo passo é invalidar a participação em eleições democráticas, usando esta regra.
E dizemos que, se uma pessoa fosse realmente obrigado a participar nas eleições democráticas, então a regra da necessidade o desculparia e não haveria nenhuma culpa sobre ele em fazê-lo.
No entanto, a definição e as condições para a compulsão não se encontram na situação que estamos discutindo. Em primeiro lugar, a definição de compulsão (ikrah) está ligada a ser forçado a fazer algo, e não fazer algo voluntariamente.
Abdillah Dr. Muhammad Ibn ‘Al-Wuhaybi disse sobre a compulsão: “É quando alguém é obrigado a fazer detrminada coisa e este fica sem opção de escolha” (Nawaqidh Al-Iman Al-I’tiqadiyyah Wa Dhawabit At-Takfir ‘Ind As-Salaf”, Vol. (2/7)
Portanto, aquele que usa essa regra para permitir a participação nas eleições democráticas não podem alegar que isso é compulsão (ikrah). E o simples fato de que os muçulmanos estão sendo chamados a fazer esta ação voluntária é a mais clara prova de que eles não estão sendo obrigados a cometê-lo.
Ibn Hajar disse: “São 4 as condições para compulsão (ikrah): A primeira é que a pessoa que está ameaçando seja capaz de executar o que diz e a pessoa que está sendo ameaçada é incapaz de impedir a ameaça, mesmo se fugir. A segunda é que o ameaçado tem forte convicção de se recusar a cumprir o ato pedido. A terceira é que a ameaça deve ser imediata, quer dizer, quem ameaça diz: “Se você não fizer isso, vou derrotá-lo agora. A quarta é que aquele que ameaça deixa claro que a realização do ato não é uma opção voluntária. (Fath Al-Bari ”, Vol. 12/311).
Portanto esta é uma regra correta, se alguém fosse realmente obrigado a participar nas eleições democráticas, a compulsão o desculpariam do ato de Kufr e Shirk. No entanto, é claro que o que está sendo chamada compulsão, neste caso, não se enquadra na definição de compulsão (ikrah), nem atendem aos critérios para que as condições sejam válida.
Fica claro através desse texto que é terminantemente proibido a participação do muçulmano em eleições democráticas!
Tradução e adaptação: irmã Daniela