Parece inacreditável, mas um grupo jihadista deu um golpe em Trinidad e Tobago em 1990, e que o Exército Revolucionário Iraniano explodiu um prédio inteiro em Buenos Aires em 1994. Não estamos isentos da Jihad.
Nós temos um monte de problemas sérios no Brasil, começando pelo desrespeito que os nossos governantes demonstram para a população, e a gente acaba esqueçendo que o Brasil, e a América do Sul, são partes do mundo. O que assola o mundo nos afeta. Assim tem sido desde o descobrimento, e assim será. Apesar do Brasil ser um país periférico, ele está na mira dos imperialistas, inclusive dos imperialistas islâmicos.
Jihad em Trinidad e Tobago
Em 1990, um grupo jihadista situado em Trinidad e Tobago, país às costas da Venezuela, deu um golpe de estado e chegou a se instalar no poder! O artigo intitulado Jamaat al muslimeen, uma ameaca islâmica a partir do Caribe, escrito por Jefferson Nóbrega, oferece uma boa revisão e discussão sobre este assunto.
é uma organização sunita de Trindad e Tobado, composta de negros trinitários. Foi fundada com o discurso de estabelecer a “Nação do Islã” no Caribe, pelo Imã Yasin Abu Bakr, ex-policial nascido em Lenox Philip e convertido ao Islã nos anos 80.
Em 1990, um grupo de mais de 100 jihadistas pertencentes ao grupo, ocupou o parlamento, prendeu o primeiro ministro, e tomou a rede de TV, fazendo dezenas de reféns.
O confronto durou seis dias, e enquanto o primeiro-ministro era mantido em cativeiro sobre a mira de armas, o caos irrompeu nas ruas da capital Puerto Principe, 24 pessoas morreram.
Ao perceberem que seus objetivos de governar o país não seriam alcançados, os islamitas trinitários conseguiram, após pressão, com que fosse aprovado uma lei de anistia para as lideranças envolvidas na tentativa de golpe. Os muçulmanos do grupo foram anistiados no dia 1 de agosto de 1990 que ficou conhecido como Dia da Emancipação. Os que enfrentaram processos acabaram ganhando a liberdade em 1992, no total 114 membros do grupo acabaram sendo libertados.
Desde então o Jamaat está envolvido nas principais atividades criminosas do país. O grupo vem sendo acusado de responsabilidade em atentados que ocorreram na capital, além de comandar um esquema de extorsão, tráfico de armas e lavagem de dinheiro. A característica de recorrer a violência para alcançar os objetivos permanece a mesma, é constante acusações de assassinatos de ex-membros que foram expulsos ou que não compactuam mais com a ideologia dos terroristas.
Outros grupos muçulmanos como Islamiyyah Wajihatul, Jamaat al-Murabiteen e Jammat al al-Islami-Karibi também disputam o poder em Trindad, todos são liderados por ex-pupilos de Abu Bakr, que se separaram ou foram expulsos do Jamaat. Fato que demonstra que a prisão ou mesmo a morte do líder trinitário não significa o fim do Islã radical no país.
O Jamaat al Muslimeen continuou tendo influência na sociedade de Trinidad e Tobago, apesar da maior parte da população ser composta por católicos e hindus.
O governo trinitário vem realizando ações para diminuir o poder do Jamaat al Muslimeen, muitos membros da organização tem sido presos acusados de diversos crimes, e sua capacidade financeira diminuiu consideravelmente nos últimos anos, o próprio Imã Abu Bakr, líder máximo do grupo, atualmente responde processo no qual é acusado de crimes contra a segurança do Estado, extorsão e outros.
Entretanto, mesmo enfraquecido, o grupo continua sendo uma ameaça real, basta lembrar que, em 2007, três muçulmanos da Guiana e um de Trindade e Tobago foram presos com a intenção de executarem um atentado no aeroporto JFK, em Nova York.
Vale a pena ler o artigo no seu todo.
Jihad em Buenos Aires
Em 1994, um atentado no centro judaico da Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), em Buenos Aires, matou 87 pessoas e feriu mais de 300. Quase duas décadas depois, o juiz e promotor argentino Alberto Nisman concluiu sua investigação com um relatório de 500 páginas. este relatório, claramente aponta o Irã como o responsável pelo atentado. Ele vai além, retratando a existência de uma vasta rede de células adormecidas do Hezbollah espalhadas pela América Latina, realizando “atividades que você não poderia imaginar” ou esperando indefinidamente para receber uma ordem para atacar.
Nisman acusou o Irã e o Hezbollah de estarem por trás do ataque terrorista de 1994. Seu relatório detalha a infiltração de vários países latino-americanos por meio de redes de inteligência intrincados e salienta que o atentado à AMIA foi apenas uma roda dentada em um plano maior: “um segmento em uma seqüência maior.”
As investigações avançaram lentamente, e em outubro de 2006, os procuradores argentinos Alberto Nisman e Marcelo Martínez Burgos acusaram formalmente o governo do Irã de planejar o bombardeio e a milícia do Hezbollah de realizá-lo.
Mais tarde, a investigação de Alberto Nisman acusou a então presidente Cristina Kirchner e o seu chanceler Héctor Timerman por crimes de traição à pátria. Com base em milhares de horas de escutas telefônicas obtidas legalmente, o procurador estava convencido que a Casa Rosada havia firmado um pacto com o Irã, a fim de encobrir os responsáveis pelo atentado.
Em 2015, Nisman foi assassinado em seu apartamento antes do depoimento de Cristina Kirchner. O caso continua sem solução até hoje.
O fato é que existe uma conexão conexão Teerã-Caracas-Buenos Aires, renovada agora com Kirchner de volta ao poder como vice-presidente da Argentina.
Atualização: Soleimani articulou atentado que matou 85 em Buenos Aires (VEJA)
Comentários finais
É lamentável que os auto-intitulados “governos progressitas” da América Latina tenham se aliado de tal forma a promotores da ideologia mais retrógrada da face da Terra, e estejam não apenas facilitando, mas até mesmo promovendo o crescimento do islamismo em sua forma mais radical. A ilusão destes “progressistas” é de que eles têm os islamistas como aliados na “sua luta contra o capitalismo.” Na verdade, como bem mostra a tentativa de golpe em Trinidade e Tobago, assim que estes grupos tiverem condições, eles vão tentar tomar o poder. E para eles, o que vale é a lei islâmica.