O Papa Francisco muitas vezes se apresenta como seguidor dos passos de São Francisco de Assis. Em 2013, ele explicou por que ele havia adotado o nome de Francisco: “o homem da pobreza, o homem da paz, o homem que ama e protege a criação.”
Um fato histórico pouco mencionado é o de São Francisco ter tomado parte da Quinta Cruzada com a intenção de converter o sultão egípcio al-Malik al-Kāmil.
Isso talvez explique a obsessão do papa no “diálogo inter-religioso” com o islamismo. Porém, ao contrário de São Francisco, o papa defende a mantra “o Islã é a religião da paz” (mesmo com todas as evidências apontando o contrário, inclusive a crescente perseguição dos cristãos por parte de muçulmanos ao redor do mundo). O Papa Francisco não quer converter os muçulmanos.
Este ano, comemora-se os 800 anos do encontro de São Francisco com o sultão egípcio. E o Vaticano está apresentando a viagem do Papa Francisco ao Marrocos como uma celebração dos 800 anos deste “encontro histórico.”
O que exatamente ocorreu neste encontro histórico? E como ele se encaixa nos esforços do Papa Francisco para “promover o diálogo inter-religioso e a compreensão mútua”? Uma compreensão clara destas questões oferece lições úteis sobre as abordagens passadas e presentes para com o Islã.
O texto abaixo foi retirado do artigo de Raymond Ibrahim.
Quanto ao que o papa está caracterizando como um “encontro histórico entre São Francisco de Assis e o sultão al-Malik al-Kāmil”, eis a história: depois de séculos de invasões islâmicas que conquistaram pelo menos dois terços do território cristão – como documentado no livro Espada e Cimitarra: Quatorze Séculos de Guerra entre o Islã e o Ocidente – os europeus finalmente começaram a reagir através das Cruzadas no final do século XI.
Em 1219, durante a Quinta Cruzada, Francisco de Assis (1182-1226), e outro companheiro, procuraram fazer a sua parte viajando para o Oriente Médio, onde procuraram audiência com o sultão al-Kāmil. Eles foram apesar da promessa de al-Kāmil de que “qualquer um que trouxesse a cabeça de um cristão deveria receber uma peça de ouro bizantina”, confirme citado em São Francisco de Assis e a Conversão dos Muçulmanos, um bom livro sobre o assunto, escrito por Frank M. Rega (um franciscano).
Os contemporâneos de São Francisco também o advertiram que os muçulmanos “eram um povo mau que tem sede de sangue cristão e tentam até mesmo as mais atrozes atrocidades”. Os homens determinados continuaram sua jornada, apenas para experimentar o inevitável:
Os primeiros documentos são unânimes em concordar que os dois franciscanos foram submetidos a um tratamento grosseiro ao atravessar o território muçulmano. Os homens de Deus foram tomados de maneira violenta pelas sentinelas, agredidos e presos em correntes. Celano relata que Francisco “foi capturado pelos soldados do sultão, foi insultado e espancado, mas não demonstrou medo, mesmo quando ameaçado de tortura e morte.
O que motivou Francisco a essa perigosa missão? Estaria ele, como o Papa Francisco regularmente sugere, tentando “promover o diálogo inter-religioso e a compreensão mútua”? Sim e não. Ele certamente confiava na palavra, não na espada. Mas a palavra que ele ofereceu era tão afiada quanto qualquer espada. Como escreve Rega, “plenamente consciente dos perigos, Francisco estava decidido a ir em missão aos incrédulos das nações muçulmanas. As fontes primárias estão de acordo que ele agora estava pronto para sacrificar sua vida e morrer por Cristo, então pode haver pouca dúvida de que a intenção de sua jornada era pregar o Evangelho mesmo com risco de martírio.”
Juntamente com as almas salvadoras, Francisco também procurou salvar vidas: “Converter os muçulmanos com a sua pregação era o objetivo final dos esforços de Francisco, e um fim pacífico para a guerra seria uma consequência de sua conversão.” Como explica Christoph Maier, “Francisco, como os cruzados, queria libertar os lugares santos da Palestina do domínio muçulmano. O que foi diferente foi a sua estratégia. … Ele queria a submissão total deles à fé cristã.”
Eventualmente perante o Sultão al-Kamil, os monges procuraram “demonstrar aos conselheiros mais sábios do sultão a verdade do cristianismo, ante os quais a lei de Maomé [Sharia] não serve para nada”. Pois “se você morrer enquanto mantendo a vossa lei”, alertou Francis “você estará perdido; Deus não aceitará sua alma. Por essa razão, viemos a você.”
Intrigado pelos frades atrevidos, “o sultão chamou seus conselheiros religiosos, os imãs”. No entanto, e como hoje acontece quando os debatedores muçulmanos não sabem o que dizer, “eles se recusaram a discutir com os cristãos e em vez disso insistiram que eles fossem mortos [por decapitação] de acordo com a lei islâmica.”
O sultão recusou: “Estou indo contra o que meus conselheiros religiosos exigem e não cortarão suas cabeças … vocês arriscaram suas próprias vidas para salvar minha alma.”
Durante sua disputa e em referência à “conquista e ocupação muçulmana secular de terras, povos e nações que haviam sido anteriormente cristãs”, al-Kāmil tentou vencer os monges, de modo ardil, usando da sua própria lógica: se Jesus ensinou os cristãos a “virarem a outra face” e a “pagarem o mal com o bem”, ele perguntou, por que os “cruzados … estavam invadindo as terras dos muçulmanos?”
Francisco retrucou citando Cristo: “Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora. É melhor você perder uma parte do seu corpo do que todo o seu corpo ser jogado no inferno.”
Francisco então explicou: “É por isso que é justo que os cristãos invadam a terra que vocês habitam, porque vocês blasfemam o nome de Cristo e afastam todos os que vocês podem da Sua adoração.” Esta é uma referência às regras do Islã para os dhimmis que, além de debilitar a adoração cristã, tornavam as vidas cristãs tão onerosas e degradantes que milhões de pessoas se converteram ao islamismo ao longo dos séculos para aliviar seus sofrimentos.
Como deveria ser evidente até agora – e ao contrário do que muitos sugerem, incluindo o papa atual, São Francisco não pregou passividade antes da agressão. O principal especialista sobre Francisco e Quinta Cruzada, o professor James Powell, escreve: “Francisco de Assis foi até Damietta [Egito, onde o sultão al-Kāmil estava] em uma missão de paz. Não pode haver dúvidas sobre isso. Não devemos, contudo, tentar torná-lo um pacifista ou rotulá-lo como um crítico da cruzada.”
Outro estudioso das cruzadas, Christoph Maier, ressalta este ponto: “Francisco aceitou assim a cruzada como legítima e ordenada por Deus, e obviamente não se opunha ao uso da violência quando se tratava da luta entre cristãos e muçulmanos.”
De fato, Francisco observou certa vez que os “valentes paladinos e cavaleiros que eram poderosos em batalha perseguiram os infiéis [muçulmanos] até a morte”. Como tais, eles eram “santos mártires [que] morreram lutando pela fé de Cristo.”
Tal é o homem cujos passos o Papa Francisco afirma estar seguindo ao se encontrar com os potentados muçulmanos “para promover o diálogo inter-religioso e a compreensão mútua”. Não é de admirar que aqueles que conhecem a verdadeira biografia de São Francisco deplorem sua transformação moderna em algum tipo de hippie medieval” – ou, nas palavras do Papa Francisco, “o homem da paz, o homem que ama e protege a criação.” Como o Papa Pio XI escreveu em 1926:
“Que maldade eles fazem e quão longe de uma verdadeira apreciação do Homem de Assis [São Francisco] são eles que, a fim de reforçar suas idéias fantásticas e errôneas sobre ele, imaginam uma coisa tão incrível … que ele foi o precursor e profeta daquela falsa liberdade que começou a se manifestar no começo dos tempos modernos e que tem causado tantos distúrbios tanto na Igreja quanto na sociedade civil!”
No contexto do confronto com o Islã, Rega igualmente lamenta que, “para os revisionistas, o Francisco ‘real’ não era um evangelista ousado, mas um homem tímido, cujo objetivo era fazer com que os frades vivessem passivamente entre os sarracenos [muçulmanos] ‘ficando sujeitos a eles.’”
E estas são precisamente as diferenças entre São Francisco e o Papa Francisco: enquanto ambos estão dispostos a dialogar pacificamente com os muçulmanos, o santo medieval não estava disposto a comprometer as verdades cristãs ou a pedir desculpas pela realidade violenta do Islã. Mas o atual papa pós-moderno está.
Um artigo interessante sobre o verdadeiro São Francisco (em inglês) é Desbancando o mito de São Francisco como um ecumenista moderno.
Eu tive a oportunidade de escrever diversos artigos sobre o erro enorme que o papa comete nesta sua aproximação com o islamismo, defendendo uma imagem irreal do Islã.
Mensagem ao Papa Francisco frente à perseguição dos cristãos ao redor do mundo, e no Oriente Médio, e sobre o “diálogo inter-religioso” com o islamismohttp://infielatento.blogspot.ca/2014/09/mensagem-ao-papa-francisco-perseguicao.html
Papa Francisco e líder muçulmano afirmam: Deus ‘quer’ várias religiões (heresia do papa?)https://infielatento.org/2019/02/papa-francisco-deus-relativista-heresia.html
O Papa Francisco e o Grã-Imame da Al-Azhar
Leia o artigo todo no link.
Para o Papa Francisco, ‘jihad’ é o mesmo que ‘evangelizar’Leia o artigo todo aqui.
Carta aberta para o Papa Francisco, com respeito a sua exortação apostólica Evangelli Gaudiumhttp://infielatento.blogspot.ca/2013/12/carta-aberta-Papa-Francisco-Wilders.html
O Bispo que não reza, e o Papa que só vê o bem em tudohttp://infielatento.blogspot.ca/2013/12/o-papa-que-ve-apenas-o-bem.html
Unknown diz
José meu caro que tal você falar sobre aquele filme do Maomé se você fala e explicar o que tá certo e o que foi omitido ou inventado no filme vai ser muito legal
Juliana Lima diz
Oi, tenho 25 anos , sou protestante da igreja batista, mas estou amando ler o seu blog e aprender mais sobre o catolixisca e os perigos do islamismo. Obrigada por toda a sua dedicação, não entendo muito do assunto mas estou me esforçando muito pra sair da ignorância e seu blog tem sido de grande ajuda . Deus andaben.
Vicente Francimar de Oliveira diz
Fortaleza, 5.11.2020.
A minha resposta (sou um ex-católico e atualmente sigo o Judaismo) é de aplausos à atitude do Papa Francisco.. Ele prega o entendimento entre as religiões, para evitar que a intolerância traga de volta a violência do tempo das Cruzadas. Vamos, cada um de nós, seguir a religião que julga ser a verdadeira e respeitar a religião do outro. Ponto final.
José Atento diz
Isso vale para todas as religiões, menos para o islamismo que é supremacista. Sugestão de leitura: https://infielatento.org/2020/03/nao-existe-regra-de-ouro-no-isla.html. E estou replicando um texto aqui com a certeza que você irá refletir e verificar.
O raciocínio sobre o qual o supremacismo islâmico se baseia é que o islão existe para dominar e não para ser dominado (Alcorão 9:33), e que os muçulmanos são as melhores criaturas (Alcorão 3:111) ao passo que os kufar (os não muçulmanos) são as criaturas mais perversas (Alcorão 98:6, 8:55). E para fazer valer estes versos, os muçulmanos, ao longo dos tempos, tem se valido de subterfúgios ou alterado a história.
O islão se vê como intocável, como a religião que surgiu para substituir todas as outras, com revelações feitas por um profeta que é o selo dos profetas, ou seja, o último e maior de todos, com o propósito de impor a justiça de Alá, através da lei islâmica Sharia, sobre o mundo inteiro. Veja bem que o rigor é religioso, mas o objetivo é político, ou seja, a implementação de uma lei cujas regras são imutáveis, já que foram determinadas pela própria divindade da religião, o Deus único e maior que todos os outros (Allahu Akbar), Alá.
Por se considera como a religião que suplanta todas as demais, o islamismo se acha no direito de criticar todas as demais, mas o islamismo não pode ser criticado. Qualquer crítica ao islamismo, é uma crítica direta a Alá e ao seu único profeta, Maomé, considerado por Alá no Alcorão como o exemplo de conduta, o homem perfeito. Criticar o islamismo é crime capital.
E a lei islâmica define ser obrigação dos muçulmanos de propagar a religião por qualquer meio, seja pela oratória, seja pela escrita, seja por meios jurídicos, seja por meios demográficos, ou mesmo por meios violentos.