José Atento
A prefeitura de São Paulo está promovendo o Primeiro Fórum e Semana de Solidariedade ao Povo Palestino. Bem, é de se perguntar porque o poder executivo da cidade de São Paulo estaria promovendo um evento sobre um problema que ocorre a milhares de quilometros de distância da cidade de São Paulo e que não tem ligação alguma com o seu mandato. Mas, se fosse para a prefeitura promover um evento deste tipo, tal evento deveria ter como objetivo promover um entendimento amplo do conflito, bem como servir para trazer os povos envolvidos no conflito próximos uns dos outros, e não que servisse de plataforma para que apenas um lado do conflito possa propagandear a sua visão do mesmo, vilificando a outro, neste caso, vilificando o Estado de Israel.
É compreensível que a visão pessoal do prefeito coincida com a visão do Partido dos Trabalhadores, que, neste caso, é unilateral e tendenciosa, e, no nosso entender, contraproducente para uma solução justa do problema. Mas é inaceitável que o prefeito use a estrutura da prefeitura para impor o seu ponto-de-vista, promovendo um evento que não acrescenta nada de positivo para o conflito, muito pelo contrário, apenas alimenta o ódio de um lado para com o outro.
A prefeitura de São Paulo, juntamente com várias entidades pró-palestinas, está promovendo o Primeiro Fórum e Semana de Solidariedade ao Povo Palestino, começando ontem, 29 de novembro, e com data para encerramento no dia 7 de dezembro. As entidades que colaboram com a prefeitura na realização deste evento são a Frente em Defesa do Povo Palestino e o Comitê pelo Estado da Palestina Já. O Instituto de Cultura Árabe (ICArabe) também está envolvido.
Na lista de palestrantes estão nomes como Maren Mantovani, da organização internacional Stop the Wall; Sara Sy, ativista sírio-palestina, Arlene Clemesha, professora de História e Cultura Árabe no curso de Língua e Literatura Árabe da Universidade de São Paulo (USP), Jamile Abdel Latif, diretora da Federação Palestina (Fepal), e outros ligados à causa palestina no Brasil.
Mas como se sabe que este evento tem o propósito de demonizar o Estado de Israel? Basta ler frases como: “Além dessa ofensiva, as graves violações cotidianas cometidas por Israel, em especial neste momento, em Jerusalém Oriental, exigem o fortalecimento da solidariedade internacional, com campanhas unificadas nesse sentido, entre elas a por BDS (boicotes, desinvestimento e sanções) a Israel”.
Em nenhum momento faz-se mençao ao Hamas e o seu Estatuto genocida, e tão pouco menção a Irmandade Muçulmana, da qual o Hamas é um braço. A ideologia que rege o Hamas é parte integral do problema e deve ser discutida e combatida!
Vivemos um momento no qual o Hamas planeja reavivar um conflito com Israel, conflito cujo único objetivo, a exemplo do anterior, é o de angariar simpatias contra Israel mostrando o sofrimento do povo de Gaza, ou seja, o Hamas não faz cerimônia em usar a população de Gaza como joguete nos seus interesses genocidas. Um novo conflito também desviaria a atenção para a incapacidade de governança do Hamas (Gatestone). (Leia mais em Reflexão sobre o mais recente conflito entre Hamas e Israel)
O vereador Floriano Pesaro, sociólogo e deputado eleito (PSDB-SP), fez um pronunciamento muito ponderado na Câmara do Vereadores da Cidade de São Paulo. Neste pronunciamento, ele ressalva exatamente o que tratamos acima, que este evento não promove a paz nem a compreensão entre povos dentro de um conflido complicado, mas serve tão somente como plataforma de propaganda. As palavras do vereador merecem serem reproduzidas (veja vídeo abaixo).
Todos sabemos que existe uma questão séria no Oriente Médio e que ela deve ser abordada e que as necessidades do povo palestino devem ser acolhidas e encaminhadas. Longe de nós ignorarmos os anseios de um povo.
Entretanto, especificamente, no que tange aos temas, debates e aulas sugeridas para o fórum da semana em questão, o que se evidencia é a demonização do Estado de Israel, transformando este fórum numa semana de ódio e intolerância.
Nossa prefeitura está apoiando um evento que incita a intransigência, que dissemina inverdades e alardeia o ódio, descaracterizando o conflito da região.
Seria extremamente enriquecedor se nosso prefeito, imbuído de um espírito pacificador, até mesmo misericordioso, resolvesse apoiar um Fórum que abordasse verdadeiramente a questão do povo palestino.
Desde que ele tivesse a consciência de verificar seus parceiros e se certificar sobre a lisura de suas intenções.
Se os organizadores tivessem convidado interlocutores que promovessem o diálogo e a tolerância, agentes interessados em construir pontes de escuta mútua para a viabilização da um caminho de paz, de uma possibilidade de um futuro de dois estados com dois povos vivendo de suas culturas e tradições, aí sim, todos apoiaríamos.
Mas, o que veremos não é isso, e é por este motivo que tenho que expressar minha revolta hoje aqui!!!
Será que já nos tornamos tão levianos que damos a chancela de nossa cidade para qualquer? Será que não nos importa fazer o discurso do ódio? Será que aprendemos com o prefeito e sua claque o discurso da massa intolerante?
A cidade de São Paulo é majestosa e diversa demais para se limitar a ouvir um lado só de uma questão.
Sim, queremos solidariedade ao povo palestino, mas não admitimos que a questão remeta à demonização do Estado de Israel e de seus cidadãos.
Nossa cidade e, com certeza, o povo palestino e o povo israelense merecem mais.
29/11 – Sábado
Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino
Local: Galeria Olido, 19h (Av. São João, 473, Centro)
Lançamento de campanha humanitária a Gaza
Saudação do Embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Al Zebem
Exibição do filme Diários (acervo ICArabe) seguida de debate
1º/12 – Segunda-feira
Debate: direitos humanos e direito internacional sobre a questão palestina
Local: Auditório da Secretaria Municipal de Direitos Humanos (Rua Líbero Badaró, 119, Centro)
Horário: 19h30
2/12 – Terça-feira
Aula pública: breve história da Palestina: dos massacres à resistência
Local: Escadarias do Teatro Municipal de São Paulo, 18h – Praça Ramos de Azevedo
3/12 – Quarta-feira
Debate: mulheres árabes e a luta contra o imperialismo ontem e hoje
Local: Biblioteca Mário de Andrade, das 19h30 às 21h – Rua da Consolação esquina com a Avenida São Luís
4/12 – Quinta-feira
Recital de música e poesia.
Local: Teatro Heleny Guariba – Praça Roosevelt, 184, Centro – SP.
5/12 – Sexta-feira
A questão palestina na mídia
Local: Biblioteca Monteiro Lobato, das 19h30 às 21h30 – Rua General Jardim, 485, Vila Buarque – SP.
6/12 – Sábado
Debate: Caminhos para a libertação da Palestina na visão dos partidos políticos
Local: Biblioteca Monteiro Lobato, das 14h às 17h – Rua General Jardim, 485, Vila Buarque – SP.
7/12 – Domingo
10h – A resistência internacional da juventude
12h – O movimento sindical e a solidariedade internacional
Local: Biblioteca Monteiro Lobato, das 10h às 14h – Rua General Jardim, 485, Vila Buarque – SP.
17h – Encerramento – Apresentação de hip hop (Local: Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, Rua Inácio Monteiro, 6.900)
Anônimo diz
artigo muito bom… espero q os paulistas acordem e boicotem esse evento inclusive descendentes arabes.. seria muito bom se nesse forum desse a demonstracao de convivencia pacifica q existe aqui… e assim passar a sequinte mensagem a mensagem de odio deles… AQUI NÃO JOÃO…