José Atento
Será que podemos aprender sobre o presente e antever o futuro se olharmos para o passado? No tocante a Jihad islâmica, a resposta é “sim.”
A crise que as invasões turco-otomanas do século XV geraram foi enorme. O trecho abaixo retrata a apatia dos governantes europeus católicos no momento. Deve-se relembrar que a Reforma Protestante estava em andamento e que a influência política do Papa tinha se reduzido profundamente.
O que restava do Império Romano do Oriente (Bizantino) não era suficiente para resistir sozinho aos invasores turco-otomanos, liderados pelo Sultão Maomé II. O Império Romano do Oriente e a Igreja Ortodoxa Grega estavam agonizantes e gritando pela ajuda dos cristãos europeus. E os jihadistas turco-otomanos voltavam os seus olhos imperialistas para a Europa Central.
O que segue abaixo tem como referência o livro The Glory of Christendom, 1100-1517, A History of Christendom (Volume 3), de Warren H. Carroll, Christendom Press, 2004.
O Cardeal Bessarion, bispo de Nicéia, era aguardado para ajudar na Ásia Menor, onde os demônios haviam arrebatado a grande cidade [Constantinopla], mas ninguém veio. Ele escreveu desesperadamente e apaixonadamente para o Doge Francisco Foscari, de Veneza, que respondeu ao cardeal prometendo “guerra contra os turcos.” A promessa não foi cumprida e os otomanos não tiveram nenhum obstáculo. O Papa Nicolau V persistentemente pediu por uma cruzada, e ele recebeu apoio algum, mas apenas desculpas patéticas e silêncio cruel. A Inglaterra não respondeu, Alfonso V, de Aragón e Nápoles, queixou-se de uma úlcera, Carlos VII, da França, ficou indiferente, e Frederico III, o imperador do Sacro Império Romano, nem sequer participou da Dieta Imperial em Regensburg organizada para apoiar uma cruzada. Naquele momento, o único que se preocupou seriamente foi a Hungria, e por boas razões, uma vez que o Anticristo Maomé II estava visando aquele país como sua próxima vítima. O Papa Nicolau V morreu em 1454, e eleição de um novo pontífice era necessária, alguém que compreendesse a ameaça. O eleito foi o espanhol Alfonso Borja, mais conhecido como Papa Calisto III. Ele era um produto da Reconquista, que compreendia perfeitamente, por conta da experiência, a crueldade e o expansionismo do muçulmano. Por causa de seu fervor religioso e sua compreensão da ameaça islâmica, Calixto III foi o único, neste momento da cristandade ocidental, a clamar por uma cruzada devido a extremidade de situação. Na sua consagração papal ele declarou:
Eu, Papa Calisto III, prometo e juro à Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, a sempre Virgem Mãe de Deus, aos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, e todo o exército celestial, que farei tudo em meu poder, mesmo se for necessário, com o sacrifício da minha vida, auxiliado pelo conselho dos meus irmãos dignos, para reconquistar Constantinopla, que, em punição para o pecado do homem, foi tomada e arruinada por Maomé II [o Sultão turco-otomano], o filho do diabo e inimigo do nossa Crucificado Redentor. Além disso, eu me comprometo a libertar os cristãos definhando na escravidão, a exaltar a verdadeira fé, e a extirpar a seita diabólica deste réprobo sem fé, o Maomé do Oriente. Pois no Oriente, a luz da fé está quase completamente extinta. Eu não irei me esquecer de ti, ó Jerusalém, que a minha mão direita seja esquecida. Que a minha língua fique presa dentro das minhas mandíbulas se eu não me lembrar de ti. Se eu não fizer de Jerusalém o começo da minha alegria, Deus e Seu santo Evangelho me ajudem Amém.
Os pedidos de ajuda do Papa Calisto III não se concertizaram. O máximo que ele pode fazer foi pedir que os sinos das igrejas tocassem durante o ataque dos turcos-otomanos a cidade de Belgrado, sendo defendida pelos húngaros (Cerco de Belgrado, 1456). O cristãos conseguiram defender Belgrado com sucesso derrotando os invasores. Para celebrar esta vitória, o Papa Calisto III ordenou que a celebração da Festa da Transfiguração fosse feita no dia 6 de agosto.
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