Mosheh ben Maimon, conhecido no Ocidente como Moisés Maimônides, foi um filósofo, religioso, codificador rabínico e médico. sua obra influenciou filósofos como Avicenna, Averroes and Al-Farabi. Nasceu em Córdoba (30 de março de 1135 ou 1138) e faleceu no Egito (12 de dezembro de 1204).
Ele nasceu em uma família judaica de Al-Andalus, a Península Ibérica sob domínio muçulmano, em uma era marcada pela transição entre o final do segundo período das Taifas e as invasões do califado almóada (que havia tomado Córdoba em 1148 – essa data pode estar errada). Maimônides teve de fugir aos treze anos, devido à expulsão dos judeus que não haviam se convertido ao islamismo, uma imposição do Califado Almóada. Durante doze anos sua família vagou pelo sul da Península Ibérica até se estabelecer em Fez, Marrocos, curiosamente, também sob domínio almóada. Durante este período, sua família teve que se disfarçar em público aparecendo como muçulmanos. Em 1165, o rabino Judah ibn Shoshan, com quem Maimônides havia estudado, e que, como ele, fingia ser muçulmano, foi preso como judeu praticante, e considerado culpado por apostasia e executado. Com isso, família maimônides se mudou para a Palestina, e depois para o Egito. Lá, as restrições para a prática do judaísmo eram menos severas, embora qualquer judeu que tivesse se submetido ao Islão seria condenado à morte se voltasse ao judaísmo. O próprio Maimônides foi acusado de ser um muçulmano apóstata, mas conseguiu provar que nunca havia realmente adotado a fé do Islã e por isso foi inocentado. No Egito, Maimônides se tornou um médico famoso chegando a ser médico da corte de Saladino e seu filho al-Afḍal.
Maimônides sobre a vida judaica sob o domínio islâmico:
“Deus nos colocou no meio deste povo, a nação de Ismael [se referindo aos muçulmanos], que nos trata de forma tão prejudicial e que legisla sobre nós com dano e ódio…. Nenhuma nação surgiu mais prejudicial do que eles, nem ninguém fez mais para nos humilhar, degradar e consolidar o ódio contra nós.”
“Carregamos o fardo desumano de sua humilhação, mentiras e absurdos, sendo, como disse o profeta, ‘como um homem surdo que não ouve ou um homem mudo que não abre a sua boca’…. Nossos sábios nos disciplinaram para suportar as mentiras e absurdos de Ismael, ouvindo em silêncio, e nós nos treinamos, velhos e jovens, para suportar essa humilhação, como Isaías disse: ‘Eu dei as costas aos espancadores, e minha bochecha para os puxadores de barba.’ Mas apesar de tudo isso, não somos poupados de sua ferocidade, de suas iniqüidades e de seus repentinos ímpetos violentos. Pelo contrário, quanto mais sofremos e tentamos nos conciliar com eles, mais eles optam por nos agredir.”
Maimônides
Curioso é também saber a opinião de Maimônides sobre cristãos e muçulmanos. Apesar de Maimônides considerar o cristanismo como idolatria, ele prefiria conversar sobre religião com eles, e não com os muçulmanos:
“É permitido ensinar os mandamentos aos cristãos e atraí-los para a nossa religião, mas não é permitido fazer o mesmo com os ismaelitas [se referindo aos muçulmanos]”
“Isso ocorre porque os cristãos nunca negaram a autenticidade da nossa Torá, eles apenas acrescentaram seu absurdo a ela, mas eles e nós acreditamos tanto na santidade da Torá quanto no fato de que ela é uma representação precisa da Torá original, entregue aos judeus por Deus através de Moisés”
“Os muçulmanos, por outro lado, embora seu Alcorão descreva a entrega da Torá aos judeus, eles insistem que em todos os pontos onde sua versão difere do que está em nossa Torá, isso ocorre porque cometemos um erro em copiando nossos textos, ou, pior, falsificando nossos textos.”
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