Este artigo trata de algo curioso e comum: o jogo duplo que autoridades e pregadores islâmicos fazem, de esconder o verdadeiro islamismo, de usar dois discursos dependendo da audiência. Para os não muçulmanos, principalmente nos países da Europa, Canadá, EUA, Austrália e América do Sul (inclusive o Brasil), usar chavões, do tipo Alá e Maomé são bondosos, inclusivos, e amam a todos, inclusive os káfirs (não muçulmanos), que o islamismo significa paz, como que numa canção de ninar para por os káfirs a dormir ou deixá-los sem ação. Para os muçulmanos, falar a verdade e reforçar a doutrina como sedimentada nas escolas de jurisprudência islâmica. Esse jogo duplo é inclusive recomendado, por exemplo, o livro Metodologia da Dawah* diz específicamente para os muçulmanos não contarem aos não muçulmanos toda a verdade sobre o Islã. Esse conceito teológico tem um nome: taquia.
* Dawah = tentativa de converter outros ao Islã.
Vamos então ao artigo.
Em entrevista para Church Militant, o historiador Raymond Ibrahim expõe a “dupla face” do parceiro de diálogo muçulmano do Papa Francisco, e o fracasso do Pacto da Fraternidade Humana, promovido pelo pontífice, em deter a crescente perseguição aos cristãos no mundo islâmico.
Nesta entrevista, o Grão-imame do complexo al-Azhar, no Egito, Xeique Ahmed al-Tayyeb, foi criticado por “contradizer repetidamente todos os sentimentos contidos no documento que ele assinou com o papa” no dia 4 de fevereiro de 2019. Esta data foi transformada no Dia Internacional da Fraternidade Humana – um dia agora definido pela Assembleia Geral das Nações Unidas como um evento anual. Este ano, a data foi celebrada virtualmente e conduzida pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e o governante dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed.
Em sua audiência pública na quarta-feira, Francisco disse estar satisfeito com o fato de “as nações de todo o mundo estarem se unindo a esta celebração, que visa promover o diálogo inter-religioso e intercultural”.
Ibrahim denunciou a “linguagem dupla” do Xeique al-Tayyeb, contrastando o que ele diz em árabe, para a mídia árabe, com o seu “diálogo” com líderes ocidentais ingênuos que estão muito ansiosos em acreditar no que eles querem ouvir.
“Por exemplo, o Documento sobre a Fraternidade Humana assinado por al-Tayyeb insiste enfaticamente na liberdade religiosa, afirmando que ‘o fato das pessoas serem forçadas a aderir a uma determinada religião ou cultura deve ser rejeitado’”, observou Ibrahim.
Em artigo de 2016, o Xeique al-Tayyeb cita “aqueles que conhecem a lei islâmica [al-fuqah] e os imames das quatro escolas de jurisprudência” para dizer que apóstatas (os ex-muçulmanos) deveriam ser punidos. Para enfatizar a sua afirmação, ele citou um hadice (dizeres e feitos de Maomé), dizendo: “Quem mudar a sua religião islâmica, mate-o.”
Não existe fraternidade humana alguma nisso.
O Xeique al-Tayyeb também ignora a perseguição e deslocamento dos cristãos coptas – seus próprios compatriotas egípcios. Em vez disso, ele afirma que “os coptas têm vivido em segurança no Egito por mais de 14 séculos, e não há necessidade de toda essa preocupação artificial com eles”, acrescentando que “o verdadeiro terrorismo foi criado pelo Ocidente”.
Al-Tayyeb ignora o fato de que turbas muçulmanas atacam cristãos “a cada dois ou três dias.” Alguns exemplos incluem o incêndio de igrejas e lares cristãos, o assassinato a sangue frio de um homem copta defendendo seu neto dos valentões muçulmanos, e o despojamento, espancamento e desfile nú de uma cristã de 70 anos.
Não existe fraternidade humana alguma nisso.
Segundo Ibrahim, longe de defender as minorias cristãs do Egito, como requer o espírito do document que ele assinou com o Papa Francisco, al-Tayyeb confirmou que eles são infiéis (káfir), termo este que carrega uma carga tremendamente negativa, algo equivalente a um palavrão ofensivo. Al-Tayyeb sabe que rotulá-los como tal valida toda a animosidade que eles experimentam no Egito, já que o inimigo mortal do muçulmano é o infiel.
Ibrahim também citou outros comentaristas muçulmanos no Egito que observaram como al-Tayyeb se recusou a denunciar os jihadistas do Estado Islâmico (ISIS) como “não islâmicos”, apesar da posição dogmática de al-Azhar sobre “infiéis” e “apóstatas”.
A assinatura de Al-Tayyeb no Pacto da Fraternidade Humana “não parece valer muito – certamente não a fanfarra em torno dela”, observou o acadêmico. “Se al-Tayyeb é um lobo em pele de cordeiro, o Papa Francisco é um pastor sonhador conduzindo – propositalmente ou não – seu rebanho para o matadouro.”
“Já passou da hora de ele parar de brincar de ‘pomba inofensiva’ e se tornar ‘sábio como uma serpente’ – pelo menos para o bem de milhões de cristãos perseguidos sob o Islã”, Ibrahim insistiu.
O Egito é o lar da maior comunidade cristã do Oriente Médio. Oficialmente, cerca de 10% da população de 95 milhões são cristãos, embora muitos acreditem que o número seja significativamente maior.
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