Um dos desfechos do conflito contra o Estado Islâmico foi o surgimento da Federação do Norte da Síria. Essa é a parte da Síria onde muçulmanos curdos e cristãos siríacos, árabes sunitas e iazides, lutaram pela liberdade. Eles se aliaram com os EUA e derrotaram o Estado Islâmico. A Federação tornou-se um imã para os refugiados que procuram liberdade e segurança para suas famílias.
Esta região foi um refúgio para cristãos e iázides que fugiam do genocídio perpetrado pelo Estado Islâmico.
E agora o regime islâmico do presidente turco, Tayyip Erdogan, está invadindo o enclave de Afrin (veja mapa abaixo). O Telegraph relata:
A Turquia anunciou na sexta-feira que prosseguirá com um assalto em grande escala a um enclave curdo no norte da Síria, apesar dos pedidos dos Estados Unidos disso não ser feito.
Ankara vem ameaçando por vários dias enviar suas forças para Afrin, um distrito sírio perto da fronteira turca controlada por forças curdas que estão aliadas com os EUA, mas que são inimigos mortais da Turquia.
As tropas turcas bombardearam a área na sexta-feira e disseram que estavam movendo unidades de comando perto da fronteira, além de mobilizar grupos rebeldes sírios pró-turcos para o ataque.
Os turcos estão usando seu exército regular junto com milícias jihadistas sírias (Al-Qaeda) para o ataque, tendo agrupados mais de 10 mil jihadistas sírios. Ou seja, mesmo que não ocorra invasão, os turcos irão apoiar uma guerra civil. Os turcos estão bombardeando áreas civis, ameaçando mulheres e crianças. Entre os mais aterrorizados com o ataque se encontra a crescente população de curdos que se converteram ao cristianismo e formaram uma igreja. As Igrejas curdas em Efrin e Kobane emitiram um apelo desesperado pedindo ajuda e assistência, temendo uma nova matança generalizada de civis, e a consequente escravização de mulheres e crianças (Stream).
A Associação Iázidi na Alemanha disse em comunicado na segunda-feira que as pessoas em Afrin estão sob ameaça de “grupos jihadistas” operando à sombra da ofensiva turca. Irfan Ortac, presidente do Comitê Central de Iázidis na Alemanha, disse à Associated Press que as aldeias onde Yazidis vivem estão sendo bombardeadas no ar, enquanto outras estão ameaçadas de uma ofensiva terrestre. Ele disse que pelo menos um iázidi foi morto e muitos foram deslocados pela luta (Kansascity)
O que se vê é um membro da OTAN, a Turquia, bombardeando e preparando-se para dar apoio ao ataque dos jihadistas contra minorias religiosas e étnicas indefesas que nunca o atacaram. Já existem relatos mesmo que o país está bombardeando campos de refugiados na Síria. Os EUA e a França expressaram sua oposição, mas talvez seja preciso ir mais longe na defesa da população do norte da Síria (Telegraph). A crise pode forçar os EUA a se envolverem diretamente no conflito (Financial Times).
O irônico é ver que jihadistas do chamado “exército livre da Síria”, que haviam sido treinados pelos EUA sob o governo Obama, estão agora aliados com a Turquia e contra os EUA. Mas isso não é novidade. Ano passado, comandos dos EUA tiveram que fugir quando membros “exército livre da Síria” os ameaçaram gritando (Telegraph):
“Cristãos e americanos não têm lugar entre nós”, grita um homem no vídeo. “Eles querem travar uma guerra cruzada para ocupar a Síria”.
Erdogan sonha em reerguer o Império Otomano. Nada mais natural do que tentar ocupar áreas da Síria, um antiga província deste império.
\Turquia ataca cristãos na Síria. Iremos assistir calados a mais um novo genocídio 2018
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