Bem, já faz uma semana das eleições na Alemanha e já é possível falar algo com a poeira um pouco assentada.
Como todos sabem, o CDU, o partido da Chanceler Merkel, a Louca, venceu as eleições. Contudo, existe muita coisa interessante a ser evidenciada que vai além de uma simples visão fria de um resultado eleitoral.
O CDU é a União Democrática Cristã (os famosos “democratas-cristãos”, que já faz tempo afogaram o que ainda poderia existir de cristianismo no partido) vem se mantendo no poder por mais de 11 anos, sob o comando da Merkel. O CDU tem se alternado no poder desde a Segunda Guerra Mundial, com o Partido Social Democrata (SPD), exceto os 9 dias em 1974 quando o Partido Democratico Livre (FDP) esteve no poder. O CDU é de uma linha centrista, enquanto que o SPD é centro-esquerda. E, nos últimos 4 anos, o CDU e o SPD tinham uma coligação.
As eleições gerais de domingo passado foram, de certo modo, um plebiscito sobre a decisão unilateral da Merkel de abrir as fronteiras para mais de um milhão de pessoas que diziam serem refugiados fugindo da guerra civil na Síria, mas que, na verdade, eram na sua maioria pessoas que fugiam do Oriente Médio, Ásia e África por motivos dos mais diversos, notadamente buscando usufruir do generoso sistema de bem-estar social da Alemanha.
As reações contra a decisão da Merkel são bastante conhecidas e variaram desde um apoio inicial por parte de uma parcela da população que, influenciados por propaganda propagada pela grande imprensa, desejava ajudar o “mais necessitados”, a uma reação crítica por parte daqueles que compreendiam a real extensão dos problemas sociais e econômicos que este volume de refugiados, entrando na Alemanha em tão curto espaço de tempo, iria causar.
A maioria dos “refugiados” não se integra à cultura alemã, aliás, a odeiam por não ser islâmica.
Em termos políticos, os partidos da coligação de governo, o CDU e o SPD, bem como os partidos mais voltados para a Esquerda do espectro político davam suporte a invasão em curso. Do outro lado, os partidos mais de centro-direita adotaram uma postura mais crítica. Mas, notadamente, um novo grupamento político que havia surgido quando da crise econômica do euro em 2013, tomou uma posição bastante forte contra Merkel, o partido Alternativa para a Alemanha (AfD, sigla do alemão Alternative für Deutschland). Este partido se tornou o centro da oposição contrária à política de fronteiras abertas do governo alemão.
Então vem as eleições de domingo passado e os resultados foram supreendentes. Apesar de ter obtido o maior percentual de votos (33%), o CDU obteve o pior resultado eleitoral da sua história. Do mesmo modo, o SPD obteve apenas 20% de votos, algo também considerado um fracasso. Enquanto isso, o AfD obteve 13% dos votos: 1,1 milhão de votos do CDU migraram para o AFD!
Deve ser dito que 1,3 milhões de eleitores do CDU migraram para o partido Democratas Livres (FDP), que defende a liberdade de mercado, algo que o CDU deixou de incentivar no âmbito das últimas crises da União Européia.
É importante também notar que 970 mil eleitores alinhados com a Esquerda (o partido verde, GRÜNE, e o partido da esquerda, DIE LINKE) mudaram seu voto para a Direita! Ou seja, a migração de eleitores para partidos contrários às políticas da Merkel foi de 3,3 milhões de votos!
Mas a performance do AfD foi mais surpreendente ainda. Considerando-se o resultado na região compreendida pela antiga Alemanha Oriental, o AfD ficou em segundo lugar, apenas 5% de votos atrás do partido da Merkel, o CDU. E, se for considerado apenas o voto masculino, o AfD ficou em primeiro!
As consequências são várias. O SPD, desmoralizado, vai tentar se afastar do CDU da Merkel e irá fazer oposição, já pensando nas próximas eleições. Deste modo, a Merkel para formar um governo terá que se coligar com o FDP e com o Partido Verde, um coligação sendo chamada de “Jamaica” devido às cores destes partidos: preto, verde e amarelo. O problema é que o FDP é liberal (no sentido clássico da palavra) e o Verde é socialista. E os verdes dizem que não irão participar desta coalizão, certamente no desejo de conseguirem puxar o governo mais para a esquerda. A governabilidade vai ficar prejudicada.
Merkel promete recuperar estes votos. Mas como? A rigor, se ela continuar com a mesma política de fronteiras abertas e impondo ao povo alemão políticas que inibem o livre mercado, a tendência será ela, e seu partido, perderem mais terreno.
Mas quatro anos é muito tempo, e o dano que suas políticas vêm causando para o tecido social alemão, que já têm sido tremendas, serão ainda maiores, e ainda mais difíceis de serem reparadas.
This is how eastern and western Germany voted in the #BTW17 #GermanyDecides pic.twitter.com/obdC58qo6T— dwnews (@dwnews) September 27, 2017
Distribuição dos votos entre a ex Alemanha Ocidental (à esquerda) e a ex Alemanha Oriental (à direita)
\Alemanha Eleicoes 2017
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