José Atento
Robert Spencer, de Jihadwatch, escreveu uma revisão sobre o livro Christmas in the Koran (Natal no Alcorão), escrito por Ibn Warraq. Este livro reacende a discussão sobre as origens do islão, que não surgiu pronto e feito por Maomé, como os islamistas e apologistas tentam nos convencer, mas foi construído durante décadas como uma religião que pudesse ser usada para unir o império árabe em expansão, e que fosse diferente do judaismo e do cristianismo.
“Natal no Alcorão”: mais um desafio para a narrativa comum sobre as origens do islão
Robert Spencer
Ao contrário do que a confiança dos estudiosos que defendem a versão de que o Islã nasceu e cresceu “em plena luz da história” (para emprestar a infeliz e incorreta a frase de Ernest Renan sobre a vida de Maomé), há uma grande parte obscura e duvidosa sobre as origens da mais controversa das religiões. Em uma série de livros inovadores, Ibn Warraq tem realizado um serviço extraordinário, reunindo as investigações históricas anteriores de estudiosos pioneiros sobre os primórdios, estranhos e sangrentos, da religião de paz, e emparelhando-os com pesquisas recentes – iluminando a continuidade e o avanço dos estudos sobre o Alcorão original, o Maomé histórico, e assuntos relacionados. A mais importante dessas coleções pode ser a mais recente: Natal no Alcorão.
Natal no Alcorão, oferece, muitas vezes pela primeira vez em Inglês, pesquisas do estudioso pioneiro Christoph Luxenberg e outros sobre o substrato siríaco subjacente ao texto árabe do Alcorão, e como substrato que pode iluminar não apenas passagens obscuras do texto do Alcorão, mas as origens obscuras do próprio Islã. E não somente passagens obscuras: este método também lança luz nova, e muitas vezes surpreendente, em seções do Alcorão que parecem ser perfeitamente claras em árabe, mas que, quando visto através do prisma siríaco, revelam-se como tendo um significado parcial ou completamente diferente daquele aceito.
A maioria dos ensaios reunidos são pelos estudiosos contemporâneos, mas alguns são bastante antigos (embora até então não tão fáceis de encontrar), como o livro de Adolf von Harnack “Islã”. Foi inteleignete da parted de Ibn Warraq incluir esse material antigo, uma vez que lança luz sobre os antecedentes acadêmicos do trabalho do Alcorão revisionistas de hoje.
O mais extraordinário das muitas hipóteses notáveis apresentadas nesta coleção são as muitas indicações de que o Alcorão era originalmente um texto cristão, provavelmente um lecionário, em que se faz referência ao Natal, a Eucaristia, e outros elementos da tradição cristã – referências que no Alcorão árabe são ambíguas e obscuras, ou cobertas com interpretações islâmicas que obliteram seu caráter cristão.
Em um ensaio, Luxenberg ainda explica que as “cartas misteriosas” que começam muitos capítulos do Alcorão, sobre o qual a tradição islâmica diz que “só Alá sabe o que querem dizer,” são referências a Salmos e de outros textos cristãos para uso litúrgico. Em outro, Philippe Gignoux explica que as origens da shahada não são encontrados na tradição islâmica, muito menos em um profeta que lhes foi dada como um compêndio de sua mensagem para o mundo, mas no cristianismo nestoriano.
Na própria introdução de Ibn Warraq ao trabalho de Luxenberg, ele responde de forma brilhante para muitos dos comentários negativos e depreciativos de estudiosos antes de Luxenberg. A impressão geral inevitável que se tem desses estudiosos tradicionais é que eles se sentem (lembrando de Thomas Kuhn em A Estrutura das Revoluções Científicas) seriamente ameaçada por desafios aos seus paradigmas orientadores, e determinados a preservar esses paradigmas até mesmo ao ponto de irracionalidade. Eles, portanto, geralmente não querem se envolver honestamente com os teóricos que apresentam esses desafios, e simplesmente tentam minimizar a importância do trabalho.
Mas o Natal no Alcorão demonstra que estes desafios não são tão facilmente descartáveis, e que todo o edifício do estudo contemporâneo sobre o Alcorão e Maomé, construído sobre uma aceitação acrítica da história sagrada islâmica, está em perigo iminente de colapso completo. Estes ensaios fornecem reforço para o caso de que o texto do Alcorão não veio de Maomé, mas foi compilado a partir de fontes existentes, em sua maioria cristãs, que foram drasticamente editadas e reinterpretadas a fim de proporcionarem uma escritura e uma teologia para a nova religião do Islã. Essa nova religião, é evidente na leitura do Natal no Alcorão, não brotou com as declarações de um novo profeta, mas foi desenvolvida por um número de pessoas ao longo de um período de décadas, baseada em tradições anteriores.
Os ensaios são muitas vezes bastante técnicos, e alguns podem parecer difícil ao não-especialista; como um todo, no entanto, eles são acessíveis (e, na verdade, fascinantes). Natal no Alorão representa um avanço significativo no estudo de como o Islã veio a ser, e de onde ele veio. Numa época em que até mesmo os motivos e objetivos declarados dos terroristas da jihad estão fora dos limites para discussão no discurso público principal, este livro não é apenas uma contribuição importante para o estudo do Alcorão; é também uma obra de coragem – uma dívida de gratidão que as pessoas livres devem a Ibn Warraq.
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