José Atento
Porque o piloto Jordaniano Muath al-Kasasbeh foi queimado vivo? Isso é islâmico ou selvagelmente cruel? Reposta: os dois. Lembre-se, dentro da dualidade do islamismo, duas coisas contraditórias podem ser permitidas (halal). Como saber quando uma é permitida e quando a outra é permitida? Vendo o que Maomé fez em uma situação semelhante. Lembre-se que o Alcorão diz 93 vezes que Maomé é o exemplo de conduta!
[Artigo relacionado – Qisa: retaliação na lei islâmica (dente-por-dente, olho-por-olho)]
Vejamos o que as tradições de Maomé (Sunna) nos relatam.
Maomé manda queimar duas pessoas, mas aparentemente volta atrás
Hadice sahih (autêntico) de Bukhari, Volume 4, Livro 52, Número 259:
Narrou Abu Huraira: O Apóstolo de Alá nos enviou em uma missão (ou seja, em uma unidade do exército) e disse: “Se você encontrar fulano-de-tal e beltano-de-tal, queime ambos com fogo.” Quando mostramos intenção de nos afastar, O Apóstolo de Alá disse: “Eu mandei que vocês queimem fulano-de-tal e beltano-de-tal, e é senão Alá quem pune com fogo, por isso, se vocês encontrá-los, matem-os. “
Como entender isso? Em primeiro lugar, Maomé manda queimar duas pessoas vivas. Em seguida, ele parece se arrepender de ter dito isso e manda seus seguidores não queimá-los mais, mas apenas matá-los (não manda perdoá-los, mas sim matá-los: esta é a misericórdia de Maomé).
Os companheiros próximos de Maomé queimavam pessoas vivas
O Hadice seguinte, Bukhari, Volume 4, Livro 52, Número 260, também faz menção a queimar pessoas vivas:
Narrou Ikrima: Ali havia queimado algumas pessoas e esta notícia chegou a Ibn ‘Abbas, que disse: “Se eu estivesse no seu lugar eu não teria queimado-os, pois como o Profeta disse: “Não puna (ninguém) com a punição de Alá.” Sem dúvida, eu teria matado-os, pois o Profeta disse: “Se alguém (um muçulmano) descarta sua religião, mate-o.”
Veja então que Ali, um parente próximo e um dos mais importantes companheiros de Maomé (ele se tornaria Califa mais tarde) estava queimando pessoas (neste caso, ex-muçulmanos). Ibn Abbas apenas disse que teria matado os ex-muçulmanos de modo diferente (novamente, nada de perdão).
Maomé torturava com fogo
Veja agora, a narrativa da Sunna (tradição de Maomé), como descrita por Ibn Ishaq na obra fundamental “A Vida de Maomé”:
Kinana b. al- Rabi`, que tinha a custódia do tesouro do B. al- Nadir [tribo judáica], foi trazido para o apóstolo que lhe perguntou sobre o assunto [onde estava o tesouro]. Kinana negou que soubesse onde o tesouro estava. Um judeu veio (T. foi trazido ) ao apóstolo e disse que ele tinha visto Kinana andando em volta de uma certa ruína a cada manhã bem cedo. Quando o apóstolo disse a Kinana, “Você sabe que se eu descobrir que o tesouro está com você eu vou matá-lo?” Ele disse que sim. O apóstolo deu ordens para que a ruína fosse escavada e alguns pedaços do tesouro foram encontrados. Quando ele perguntou a ele sobre o resto ele se recusou a responder, de modo que o apóstolo deu ordens para al- Zubair b . al- `Awwam “torture-o até que você extraia tudo o que ele tem”, então ele acendeu uma fogueira sobre o seu peito, com pedra e aço, até que ele estivesse quase morto . Em seguida, o apóstolo entregou-o para Muhammad b. Maslama e ele cortou-lhe a cabeça, para vingar seu irmão Mahmud. (Ibn Ishaq, Sirat Rasul Allah, traduzido como, The Life of Muhammad, (tr A. Guillaume ), Karachi: Oxford University Press, 1998, p 515.)
E esta outra narrativa, quando Maomé usou ferro quente para cegar pessoas, descrita por Bukhari, Volume 4, Livro 52, Número 261:
Narrou Anas bin Malik: Um grupo de oito homens da tribo de ‘Ukil veio ao Profeta e, em seguida, eles encontraram o clima de Medina inadequados para eles. Então, eles disseram: “Ó Apóstolo de Alá! Deixe-nos com um pouco de leite.” O Apóstolo de Alá disse: “Eu recomendo que vocês devem se juntar a manada de camelos.” Então eles foram e beberam urina e leite dos camelos (como um medicamento), até que se tornaram saudáveis e gordos. Em seguida, eles mataram o pastor e afugentaram os camelos, e eles se tornaram descrentes, já que eles eram muçulmanos. Quando o Profeta foi informado por um pedido de socorro, ele enviou alguns homens em sua busca, e antes que o sol se levantou alto, eles foram trazidos, e eles tiveram suas mãos e pés cortados. Então ele ordenou que pregos fossem aquecidos e fossem passados por cima de seus olhos, e eles foram deixadas na Harra (isto é, na terra rochosa em Medina). Eles pediram por água, e ninguém lhes forneceu água, até que eles morreram (Abu Qilaba, um sub-narrador disse: “Eles cometeram assassinato e roubo e lutaram contra Alá e Seu Apóstolo, e espalharam o mal na terra.”)
Eram todos “bandidos” mas a atitude de Maomé define bem o seu caráter.
O que doutores do islão dizem
Vejamos o que um doutor do Islão, Muhalab ibn Safra (d. 702), diz através de um tafsir, ou exegese, em relação a declaração atribuída a Maomé de que “só Alá atormenta com fogo.” De acordo com o tafsir, a afirmação de Maomé não pretende proibir os jihadistas de usarem o fogo para atormentar as pessoas, sendo apenas um reflexo de “humildade”, pois apenas Alá tem o poder de impor um tormento verdadeiro.
Vejamos, agora, o que um outro doutor do Islão diz, neste caso o eminente jurista Hafiz ibn al-Hajar (d. 1449), que comenta que “as obras dos companheiros [de Maomé] evidenciam a permissibilidade da queima, e o fato do profeta ter colocado para fora os olhos dos homens de Urayna usando ferro quente [além de cortar os pés e as mãos], e Khalid bin al-Walid [conhecido como a “Espada de Alá”] queimou algumas das pessoas que deixaram de ser muçulmanas.”
Fatwa justifica queimar pessoas vivas
Raymond Ibrahim relata uma fatwa emitida pelo Estado Islâmico que permite a imolação de seres humanos. Esta fatwa argumenta que as escolas de jurisprudência islâmicas Hanafi e Shafí (duas das quatro escolas de jurisprudência do Islão sunita) autoriza a queima de pessoas.
A fatwa também faz menção a ao tafsir de Muhalab ibn Safra e ao comentário de Hafiz ibn al-Hajar.
Atualização: Raymond Ibrahim relata uma Fatwa de número 71480, emitida pelo Ministro de Awqaf e Assuntos Islâmicos, em 7 de fevereiro de 2006, intitulada “A Imolação de Ias ibn Abdul Yalil por Abu Bakr.” Ela se refere a um incidente que ocorreu durante a Guerra da Apostasia quando o primeiro califa Abu Bakr imolou um apóstata. A conclusão da Fatwa é que o que foi feito com (al-Fuja’ah) Ias ibn Abdul Yalil foi justificado e merecido. Leia a passagem:
Quanto à história de Abu Bakr (que Alá esteja satisfeito com ele) queimar (al-Fuja’ah) Ias Abdul Yalil com o fogo, isto está documentado nos livros de história. No livro (Alkamel): “Ias Abdul Yalil veio a Abu Bakr e disse a ele: me ajude a combater os apóstatas, dando-me amras. Ele deu-lhe armas e ordenou-lhe a seguir as ordens; ele atacou os muçulmanos e até mesmo desceu para Aljoa, e enviou Nokhba bin Abi Almithae de Bani Sharid e nomeou um Emir aos muçulmanos, em seguida, ele atacou todo muçulmano na tribo de Salim, Amer, e Hawazen. Abu Bakr (que Alá esteja satisfeito com ele) ouviu falar sobre isso, então ele mandou alguém para prendê-lo [Ias] e trazê-lo de volta. Abu Bakr pediu que uma fogueira fosse feita na sala de oração, em seguida, ele atirou [Ias] nela com as mãos amarradas.
(Ao final deste artigo, eu apresento o texto da História de al-Tabari, que descreve o evento que levou a imolação de al-Fuja’ah Ias Abdul Yalil)
Uma outra narrativa nesta mesma Fatwa:
Os estudiosos divergem quanto a saber se essa proibição [não matar com o fogo] é uma interdição ou apenas uma sugestão relativa a humildade; Ibn Hajar disse em [seu livro] Fath Albari: “..Al Muhallab disse: Esta proibição não é para a interdição, mas apenas para a humildade, bem como a prova de que a queima é permitida está nos atos de companheiros do profeta, o profeta – que a paz esteja sobre ele – queimou os olhos do Oranyeen [de Orayna] com ferro aquecida [pregos]. E Abu Bakr queimou os agressores, na presença dos companheiros, Khalid Bin Alwalid [muçulmano comandante do Exército] queimou alguns apóstatas, e a maioria dos estudiosos da Medina [cidade do profeta] permitem que castelos e navios sejam postos em chamas, em cima do seu povo, isto tendo sido afirmado por Althawri e Al-Awzaai. Ibn Mounir e outros disseram: não há uma prova para a permissão, porque a história de Oranyeen foi vingança, e no caso de castelos e navios é permitido com a necessidade, como condição, se esta for uma maneira de alcançar a vitória sobre o inimigo.
Conclusão
Eu acho que está claro que a punição com fogo, apesar de não ter sido estipulada no Alcorão, foi aplicada tanto por Maomé como pelos seus companheiros mais próximos, seja queimando pessoas vivas ou para torturá-las. E Maomé, apesar de ter mudado de idéia uma vez, nunca as proíbiu.
Atualizações e mais exemplos
(1) Boko Haram queima 91 pessoas vivas no Camarões
O que indica que a área de atuação deste grupo que segue ao pé-da-letra os ensinamentos do Maomé está se ampliando (Pamela Geller). Eu descobri alguns dias atrás que o Boko Haram tem um nome em árabe: “Pessoas comprometidas com os ensinamentos do Profeta para a propagação e Jihad.”
(2) Estado Islâmico queima vivos mais 4 pessoas
Quatro iraquianos foram amarrados de cabeça para baixo, mas com visão para ver o fogo se aproximar deles até os envolver. (TLVFaces, agosto/2015)
Abaixo
Trecho de “A História de al-Tabari”, Volume 10: A Conquista da Arábia: As Guerras da Apostasia D.C 632-633/D.H. 11 (“The History of al-Tabari”, Vol. 10: The Conquest of Arabia: The Riddah Wars A.D. 632-633/A.H. 11), que narra a imolação de al-Fuja’ah Ias Abdul Yalil.
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