Duas notícias que creio tiveram pouca visibilidade devido às festas de final de ano, ambas ligadas ao terrorismo internacional no Brasil, e que mereceram menções oriundas do próprio governo dos Estados Unidos.
Al-Qaeda no Brasil
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos identificou uma “rede brasileira de indivíduos afiliados” à Al Qaeda, sendo que os suspeitos foram inseridos em uma lista de sanções. No total, quatro pessoas e duas empresas foram citadas, todas localizadas em São Paulo. Essas pessoas e empresas estariam enviando dinheiro para ajudar a Al-Qaeda a financiar suas atividades, incluindo a impressão de moeda falsa.
As sanções “proíbem todas as transações efetuadas por norte-americanos, dentro ou fora dos EUA, incluindo transações que transitam nos EUA, que envolvam qualquer propriedade ou interesse em propriedade de pessoas designadas ou bloqueadas.” Segundo Andrea Gacki, diretora do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros, “as atividades desta rede sediada no Brasil demonstram que a Al Qaeda continua sendo uma ameaça terrorista global generalizada.”
Dentre os envolvidos, a Mídia News menciona Haytham Ahmad Shukri Ahmad Al-Maghrabi, 35, egípcio naturalizado brasileiro, Mohamed Sherif Mohamed Awadd, 48, de nacionalidade egípcia e síria, e Ahmad Al-Khatib, 52, de nacionalidade egípcia e libanesa, que tiveram seus bens nos EUA congelados. As empresas alvo de sanções são Home Elegance Comércio de Móveis, cujo nome fantasia é Marrocos Móveis e Colchões, e Enterprise Comércio de Móveis e Intermediação de Negócios, localizadas em Guarulhos e pertencentes a Awadd e Al-Khatib.
Ainda segundo a Mídia News,
Os três teriam “auxiliado materialmente, patrocinado ou fornecido apoio financeiro ou tecnológico e bens ou serviços para apoiar a [facção terrorista] Al Qaeda”, de acordo com o governo dos EUA.
Segundo as autoridades americanas, Al-Maghrabi, que chegou ao Brasil em 2015, foi um dos primeiros membros de uma das redes da Al Qaeda no país. Ele teria tido contatos frequentes e mantido negócios para a compra de moeda estrangeira de um outro indivíduo filiado à organização em território brasileiro.
Os EUA também dizem que Al-Maghrabi foi, até 2018, o contato do grupo no Brasil. Ele teria se reportado a Ahmed Mohamed Hamed Ali, egípcio ligado aos atentados da Al Qaeda contra as embaixadas americanas na Tanzânia e no Quênia, em 1998, que causaram mais de 200 mortes. Ele morreu em 2010, no Paquistão.
Awadd chegou ao Brasil em meados de 2018 e recebeu transferências bancárias de outros associados da Al Qaeda no país, segundo o governo americano. “Até o final de 2018, Awadd desempenhou um papel significativo em um grupo afiliado à Al Qaeda e estava envolvido na impressão de moeda falsa.”
Ainda segundo o governo dos EUA, Awadd e Ahmad Al-Khatib teriam auxiliado materialmente, patrocinado ou fornecido apoio financeiro ou tecnológico a Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim, incluído na lista de terrorismodo Tesouro americano em 2019 “por ter agido em favor ou em nome da Al Qaeda”.
Khatib, que é xeque muçulmano, está no Brasil há 32 anos e preside a ONG Associação Livro Aberto (Núcleo islâmico), que recebe refugiados sírios. Ele já havia sido investigado na Operação Hashtag, em 2016, que apurou um suposto esquema terrorista para fazer um atentado nas Olimpíadas no Rio.
O governo americano informou ter agido em colaboração com autoridades brasileiras.
Fonte: UOL e Mídia News.
EUA declara PCC como organização terrorista
O governo dos EUA emitiu um decreto (ordem executiva) tendo alvo indivíduos e organizações de tráfico de drogas (DTO) com sede na China, Colômbia, México e Brasil.
Segundo o decreto, o Primeiro Comando da Capital, conhecido pela sigla PCC,
é o mais poderoso grupo do crime organizado do Brasil e um dos mais poderosos do mundo. O PCC surgiu em São Paulo na década de 1990 e forjou um caminho sangrento para o domínio por meio do tráfico de drogas, bem como lavagem de dinheiro, extorsão, assassinato de aluguel e cobrança de dívidas de drogas. O PCC opera em toda a América do Sul, Paraguai e Bolívia, e suas operações atingem os Estados Unidos, Europa, África e Ásia.
O governo brasileiro foi notificado da decisão pela Casa Branca.
O decreto permite que o Tesouro permite, por exemplo, o bloqueio de propriedade de suspeitos e a proibição de transferências, empréstimos e financiamentos bancários, bem como sancionar estrangeiros que recebam propriedades derivadas da receita do tráfico. Isso também dá aos bancos americanos, e os que atuem nos EUA, a mapear se seus clientes são integrantes ou vinculados ao PCC, dificultando seus negócios. É um primeiro passo para, no futuro, congelar bens, como aeronaves, embarcações, imóveis, dinheiro em contas bancárias e ativos financeiros vinculados ao narcotráfico.
Em 2006, um especialista em segurança comparou o PCC à organização terrorista Al Qaeda. Em relatório de 2017, a Fundação de Defesa da Democracia (FDD), organização não governamental norte-americana que trabalha no combate a grupos terroristas, revelou que o Primeiro Comando da Capital (PCC), maior grupo que opera no crime organizado brasileiro, estendeu suas fronteiras comerciais com o Hezbollah, uma organização paramilitar do Líbano. Conforme consta no documento, tal associação foi firmada com o objetivo de aumentar o poder financeiro do PCC, que compra drogas de países da América do Sul, como Paraguai e Colômbia, e as revende ao grupo atuante no Líbano.
Um artigo de 2019 resume o histórico do PCC, incluindo sua ligação com o Hezbollah nas operações de tráfico de drogas e tráfico de armas, e ligações com milícias bolivarianas ligadas ao governo venezuelano.
Artigo correlato: A aliança entre o narcotráfico e o avanço islâmico no Brasil
Fonte: US Department of Treasury, Brazilian Times, PRISM, Jornal de Brasília, Epoch Times.
\Islamizacao do Brasil – 2022 – Al-Qaeda no Brasil; CCP organização terrorista