José Atento
Este artigo trata de um assunto que eu acho tão interessante quanto confuso: escatologia. Contudo, é interessante perceber que a escatologia cristã e a escatologia islâmica são opostas e antagônicas, sendo que um personagem que é visto como herói por uma é visto como um vilão pela outra.
Neste artigo eu apresento um vídeo gravado por Walid Shoebat, que trata da escatologia cristã e como o islão se encaixa nela, bem como um vídeo de John MacArthur, que resume bem os papeis trocados que os heróis e vilões possuem, nas duas narrativas. E também link para um livro escrito por Joel Richardson: Anti-Cristo: O Messias esperado pelo Islã.
Este é um assunto que eu julgo interessante mesmo para aqueles que não são cristãos pois é importante compreender a mentalidade do jihadista, já que a escatologia islâmica influencia em muito o seu modo de pensar e agir.
Define-se escatologia* como sendo a teoria acerca das coisas que hão-de suceder depois do fim do mundo; teoria sobre o fim do mundo e da humanidade. Escatologia é algo que se associa a religiões, mas até mesmo ideologias políticas tem a sua escatologia, por exemplo, o comunismo espera que “no final dos tempos” a sociedade será igualitária.
* escatologia, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2013, http://priberam.pt/dlpo/escatologia [consultado em 02-11-2015].
O interessante de escatologias é que, muitas vezes, aderentes de religiões, ou ideologias, trabalham com a certeza de que determinados eventos irão ocorrer, e estas certezas acabam controlando os seus comportamentos e ações. E isso acontece também com o islamismo, com a diferença que o islamismo dedica 67% das suas escrituras para os descrentes (não muçulmanos), com prescrições profundamente negativas, e mesmo mortais, para eles.
Mas como a escatologia cristã se compara com a escatologia islâmica, e por que isso seria algo de interesse? (1) Porque elas são diametralmente opostas! (2) Porque a escatologia islâmica está imbuída na mente do jihadista de tal modo a dirigir e influenciar suas ações.
Walid Sheobat foi um membro do Hamas e pretendente a terrorista palestino. Ele acabou percebendo o caminho errado que ele estava trilhando e se tornou apóstata do islão. Ele se tornou cristão e ao ler a escatologia cristã, que vem fragmentada em alguns livros da Bíblia, tanto no Novo como no Antigo Testamento, ele percebeu que a escatologia cristão é exatamente o oposto da escatologia islâmica. Coisas como o papel do Anti-Cristo na escatologia cristã é o mesmo que o Mahdi na escatologia islâmica, tal como trazer 7 anos de paz, para quebrá-la após 3 anos e meio (interessante, o salvador do islamismo é o anti-Cristo cristão). Uma outra coisa curiosa é que, no islão, o Jesus muçulmano voltará para a Terra para destruir o cristianismo e matar os judeus. Outra coisa é a “marca da besta” que cristãos temem será imposta sobre os habitantes da Terra, mas na escatologia islâmica todos os muçulmanos carregarão a marca da besta alegremente. E, finalmente, o que é sagrado no cristianismo (Jesus é Deus) é uma blasfêmia no islamismo (Jesus é um profeta), e a coisa é tão séria que cristãos são presos ou mortos no mundo islâmico devido a isso (ver o caso de Asia Bibi como exemplo).
O primeiro vídeo é a apresentação de Walid Sheobat, versando sobre o antagonismo entre a escatologia cristã e islâmica, e sobre como a Bíblia se refere ao islamismo.
O segundo vídeo é mais curto. Nele, John MacArthur, um evangelista americano, faz uma sinópse dos papeis conflitantes que os diferente personagens das escatologias cristã e islâmica possuem. Nele, pode-se ver que o Madhi (o redentor) islâmico é o Anti-Cristo bíblico. Diz também que o Jesus islâmico é o Falso Profeta bíblico. E que o anti-Cristo islâmico, o Dajal, é nada mais do que o Jesus Cristo bíblico. (Leia as “Palavras Finais” ao final deste artigo)
Walid Shoebat, Parte 1:
Walid Shoebat, Parte 2:
John MacArthur:
O texto de John MacArthur, por ser mais curto, está transcrito abaixo.
O Mahdi será uma figura messiânica, descendente de Maomé, um líder sem paralelo e sem precedente. Ele virá após uma grande crise para tomar o controle do mundo. Ele irá estabelecer uma nova ordem mundial. Ele irá destruir todos que se opuserem a ele. Ele invadirá muitas nações. Ele irá fazer uma acordo de paz de 7 anos com os judeus. Ele vai conquistar Israel e massacrar os judeus. Ele irá estabelecer o quartel general do islão em Jerusalém. Ele irá governar o mundo por 7 anos, estabelecendo o islão como a única religião. Ele virá montado em um cavalo branco e terá poderes super-naturais. Ele será amado por todas as pessoas no mundo. Esta é exatamente a descrição do Anti-Cristo bíblico. Absolutamente. Passo, a passo, a passo, a passo.
O Anti-Cristo bíblico é o Madhi islâmico. Nós sabemos que quem cavalga um cavalo branco, no Apocalipse 6, é o Anti-Cristo. Eles usam este verso para descrever o seu Mahdi.
Por que eu digo isso? Porque a descrição do Mahdi é exatamente aquela do Anti-Cristo bíblico, a besta do Apocalipse 13. Você estuda e verá que os detalhes se encaixam perfeitamente. O Anti-Cristo bíblico é o salvador do islão, e conquistador do mundo, que estabelece este reino islâmico universal.
E existe um segundo sinal, uma segunda pessoa. E ele é Jesus. O Mahdi não é Jesus. O Mahdi é maior que Jesus, e isso é importante pois se existe alguém mais importante que Jesus, então os cristãos estão errados. Então, Jesus irá retornar. Sim, muçulmanos acreditam que Jesus virá novamente. Não o Jesus verdadeiro, mas o Jesus do islão. Não é Deus. Não morreu. Não ressucitou. Não se sacrificou pelos pecados. Mas ele retorna. Ele é um profeta. Ele retorna com um propósito, qual seja, ajudar e assistir ao Mahdi. Ele retorna como um muçulmano radical. Ele volta como um muçulmano radical, aparecendo perto de um minarete em Damasco. Ele volta segurando as asas de dois anjos que o descem para se encontrar com o exército do Mahdi, no leste, o exército das bandeiras negras.
O Jesus islâmico irá rezar para o Mahdi, que é maior do que ele. Ele irá reconhecer o Mahdi com seu Senhor, ele fará uma peregrinação até Meca, ele irá adorar Alá, e irá conduzir todos os cristãos que o seguem a negarem a sua concepção de Jesus e a aceitarem o Jesus verdadeiro (o islâmico), nada mais que um profeta, e um homem. Ele irá estabelecer a Lei Sharia a nível global. Ele será o maior evangelista islâmico. E ele será a testemunha final, no Dia do Julgamento, contra os não muçulmanos. Cristãos, de todas as partes, afirmarão que eles estavam errados, que o Evangelho estava errado, que o Novo Testamento estava errado, ele não morreu, ele não ressucitou, ele não é Deus, ele não é o Filho de Deus. Ele próprio irá dizer como nós estávamos errados. Ele irá corrigir todas as interpretações erradas. Veja o que a literatura deles diz: “ele irá destruir cruzes.” Isso é uma metáfora para a destruição da igreja, símbolo do cristianismo colocado na igreja. Ele irá matar os porcos (os judeus). Ele irá abolir o imposto sobre os não muçulmanos, porque não haverá nenhum não muçulmano vivo. Não se pode cobrar imposto de gente morta. E ele irá fazer mais uma coisa. Ele irá matar o ‘Anti-Cristo islâmico’. Ele irá matar o ‘Anti-Cristo islâmico’. Então, ele irá morrer, e ser enterrado por Maomé, mas não antes que ele destrua o cristianismo ao revelar quem ele realmente é.
Quem é ele? Compare o que ele faz com o Falso Profeta no Apocalipse, capítulo 13, 16, 19, 20, relativo a besta vinda da terra, e ao falso profeta, que ajuda e auxilia o Anti-Cristo. Enquanto que o Mahdi é a réplica perfeita do Anti-Cristo, o Jesus profeta do islão é exatamente o Falso Profeta que ajuda e auxilia o Anti-Cristo. Seus textos dizem que ele “esposa a causa do Mahdi.” Ele é o carrasco do Mahdi. Ele é a tropa-de-choque do Mahdi. Ele é o profeta do Mahdi. E é ele quem mata o anti-Cristo.
Agora aparece uma terceira pessoa. Os muçulmanos o chamam de Dajal. Ele é o grande enganador. Ele vem para a terra sobre uma mula, e ele é cego de um olho. Ele é um infiél, ele é um falso operador de milagres, este anti-Cristo islâmico (Dajal). Vocês sabem quem ele diz ser? Ele diz ser Jesus, o Filho de Deus. Ele diz ser divino. Ele irá tentar parar o Mahdi, e o “Jesus verdadeiro”, mas o “Jesus verdadeiro” (islâmico) irá massacrá-lo. Esta é a visão islâmica do “Jesus verdadeiro.”
O nosso Jesus é o anti-Cristo deles. O nosso anti-Cristo é o redentor deles. É uma falsificação satânica que é exatamente o oposto. “O exército de Satã será liderado por uma pessoa que diz ser Jesus Cristo.” “Vai haver uma grande batalha, o Jesus islâmico irá combater o falso Jesus, matá-lo e estabelecer islão para sempre.”
A verdade é que o Jesus Verdadeiro irá destruir o anti-Cristo e falso profeta para estabelecer o seu reino para sempre.
Isto é uma falsificação de Satã.
Palavras Finais
Minhas palavras finais. Considerando que o islamismo como conhecemos hoje levou 3 séculos para ser estruturado (desde a compilação do Alcorão, cerca de 100 anos após a morte de Maomé, a edição das tradições de Maomé, hadices e biografia, bem como o desenvolvimento das escolas de jurisprudência) é muito possível que a escatologia islâmica tenha sido desenvolvida ao longo deste tempo, exatamente para contrariar a escatologia cristã, de modo a fortalecer o argumento islâmico de que o cristianismo foi corrompido e o islão reposiciona tudo como deveria ser. Deve-se refletir sobre a realidade da época, quando o império islâmico (o califado) reinava sobre um grande território cuja maioria populacional era de cristãos. Daí a necessidade de se contrapor de modo tão veêmente ao cristianismo (é claro, sem esquecer das medidas draconianas que os cristãos, bem como os judeus, eram submetidos como cidadãos de segunda-classe, os dhimmis, que acabou forçando a maioria a trocar o cristianismo pelo islamismo para poder sobreviver).
Bem, eu deixo para o leitor tirar a sua conclusão se isso foi feito sob a inspiração de algum “espírito maligno” ou se é apenas o resultado do trabalho de “homens diabólicos” (no sentido de “homens engenhosos”).